sexta-feira, janeiro 07, 2011

A vida é um baile

Há muito tempo no reino de Saiedi o rei decidiu promover um baile para anunciar a todos as boas coisas que ele tinha feito pelo reino e seu habitantes. Todas as pessoas ricas do país foram convidadas para aquela que seria a mais bela e luxuosa de todas as festas.

O salão de bailes do palácio estava ricamente decorado e milhares de velas iluminavam o lugar. As damas passavam de um lado para outro exibindo seus vestidos com rendas e pedrarias. Cada um que chegava fazia questão de aparecer mais que os outros.

Quando o rei adentrou o salão trazia consigo uma jovem alta, muito bonita e simpática. Com sua roupa elegante e um jeito doce de falar ela conquistava os convivas. No meio do baile ela já era a moça mais desejada de toda a festa. Angariando sorrisos e gentilezas por onde passasse.

Mas o padre que não gostava muito das atitudes do rei e detestava a vaidade do monarca resolveu comparecer e trouxe consigo uma velha baixinha, mau vestida e com cara de poucos amigos. Quando a velha avistou a companheira do rei soltou um grito bárbaro sacou um machado de guerra e avançou contra ela. Assustada a jovem partiu em disparada, sem olhar bem pra onde ia esbarrava nas pessoas, tropeçava nas cadeiras. E a velha chegava mais perto sacudido o seu machado. Tentou esconder-se atrás do rei, mas na última hora ele saiu da reta dizendo que a responsabilidade pela defesa dela era do primeiro ministro. Sozinha e desamparada ficou à mercê da anciã assassina. Sem piedade ela levantou o machado com as duas mãos e de um só golpe rachou a cabeça da garota diante dos olhares atônitos de todos os convidados. Não contente com o primeiro golpe continuou atacando o corpo caído e já sem vida. Golpeou até não poder mais. Só parou quando sua respiração ficou difícil e o suor pingava de seu rosto. Um sorriso aflorou. Estava contente com o trabalho realizado. Olhou para o padre e percebeu um ar orgulhoso de superioridade que ele fazia questão de mostrar ao rei. Incomodado com a morte de sua companheira e o ar zombeteiro do sacerdote o monarca abandonou o salão.

A velhinha já se preparava para partir quando um filosofo fez uma entrada triunfal acompanhado de um ser andrógino que logo afastou-se dele. A criatura percorreu o salão sussurrando de ouvido em ouvido e depois correu para a velha do machado. Abraçou e sacudiu-a tão violentamente que a idosa ficou tonta e com dificuldades para ficar em pé. Enquanto ela tentava se recuperar o andrógino passeava pelo baile sussurrando no ouvido das pessoas.

E toda vez que a Verdade recuperava o equilíbrio a Dúvida corria a sacudi-la. Enquanto isso o baile seguia e a Mentira apodrecia caída no meio do salão.
 
Conto escrito para o blogue "Duelo de escritores"


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2 comentários:

  1. O problema é que nem sempre a verdade é bem vinda.
    Um abraço moça.

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  2. Cris e como tem gente assim no mundo!

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