segunda-feira, agosto 31, 2009

Um rosto (des)conhecido

Certa vez levei minha irmã mais nova, portadora de síndrome de Down, para a aula de dança. Cumprimentei a professora e os coleguinhas do grupo de dança. A professora dava aula de graça para crianças portadoras de necessidades especiais. Sempre admirei o trabalho voluntário dessa jovem professora. Quando a aula de dança começou, sentei num banco que ficava de frente para a sala com vidros transparentes onde minha irmã dava os seus passinhos. Como a academia oferecia outras atividades físicas, observei as pessoas que faziam exercícios. De vez em quando, olhava para a minha irmã. Num certo momento, o meu olhar se dirigiu para a área de musculação e notei um homem fazendo exercício com os braços em um aparelho de ginástica. Ele sorriu e acenou para mim. E fiz o mesmo para ele. Percebi que ele me conhecia e eu não sabia de onde já o vi. Tinha porte atlético, cerca de 50 anos de idade, cabelos e barbicha branca, e era alto e bronzeado. Por mais que me esforçasse, eu não conseguia me lembrar dele. Fiquei frustrada com a minha fraca memória. Eu tinha certeza que era um rosto conhecido, inclusive que já o havia entrevistado quando era estudante de jornalismo. Após o término da aula de balé, voltei para a minha rotina diária e esqueci o homem. Dias depois, estava lendo o jornal de minha cidade quando meus olhos se fixaram em uma página. Lá estava a foto dele. A do rosto que eu tanto tentei me lembrar no dia do balé da minha irmã. De fato, eu o havia entrevistado para uma reportagem da faculdade. A matéria tratava sobre estabelecimentos tombados da cidade onde eu vivia. O homem era um arquiteto muito conhecido e trabalhou em diversos órgãos públicos. Quando o entrevistei, ele atuava como assessor urbanístico da Câmara de Vereadores. A entrevista foi muito boa, pois ele respondeu a todas as perguntas com muito profissionalismo e conhecimento profundo sobre o urbanismo da cidade. O jornal que eu lia naquele dia estava noticiando que o arquiteto foi encontrado morto no apartamento em que morava sozinho. Ele teve infarto fulminante. “... deixou dois filhos...” E me deixou em estado de choque e depois caí num choro compulsivo. “Como pude esquecer aquele homem...” Não gosto de esquecer de uma pessoa com quem conversei bastante, mesmo que tenha sido por um dia apenas. No dia do balé da minha irmã perdi uma oportunidade de conversar outra vez com ele. O que chamou a minha atenção nesse homem no dia da entrevista foi a sua paixão pela cidade de Joinville. Ele era baiano e conhecia muito bem o lugar que escolheu para morar. Melhor do que eu, que sou natural de Joinville. Ele lutava para deixar a cidade mais bonita e boa de viver. Dava para ver nos seus olhos o orgulho que ele tinha por Joinville. E isso faltava em mim. Ele se foi e me deixou uma lição de amor pela cidade.

sexta-feira, agosto 28, 2009

Citações Nº 34. Ambrose Bierce


"Advogado: indivíduo com jeito para contornar a lei."

(Ambrose Bierce)

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quinta-feira, agosto 27, 2009

Poema erótico

Tua língua gostosa, tão quente, tão louca
Preenche minha boca
Tão cheia de ardor.
Te afago o pescoço bem docemente
E beijo teus seios tão lindos, tão quentes
Como um beija-flor.

As mãos afagam a pele tão tesa
Tuas curvas me deixam com leve fraqueza
Meu corpo estremece em total tentação.
Com tantas fagulhas já te incendeias
O sangue se aquece, borbulha nas veias
Palpita, acelera teu coração.

A carne trepida, enrijece, lateja
Teu sexo implora, suplica deseja
Minha flecha certeira.
Pecar? Não importa. É delícia o pecado
No fogo da cama está sempre encostado
Um anjo atiçando a paixão na fogueira.

Os corpos se tocam, há fome, há suor.
A cada afago a vontade é maior
E o tesão aumentando no abraço, no beijo...
O corpo é que pensa, que dá todo o impulso,
O amor é um fruto de um ato convulso
De forte, de largo e sensível desejo.

Já louco penetro em tuas entranhas,
Me beijas, me lambes, me mordes, me arranhas
De dor e prazer.
Bem louca sussurras palavras insanas
Me engoles, me comes, me apertas, me esganas
Sedenta, faminta a gritar, a gemer.

Deliras, contorces, és toda fogosa
Tua pele arrepia, se aquece, se entrosa,
Acolhe meu corpo, suado e gostoso.
E montas, cavalgas num lindo compasso
E corre tão quente por entre o regaço
Teu químico gozo

......................................................................

... E desfalecemos vibrantes, cansados
Ainda pulsantes, ainda suados
Deixando no corpo um perfume, um sabor.
Queríamos eterna essa hora tão boa
Pois Deus no seu leito de luz abençoa
O pecado do amor.

Hélio Cabral Filho

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quarta-feira, agosto 26, 2009

Pais e filhos Nº 05. Siesta

Pai e mãe deitados depois do almoço pra fazer a siesta. A filha de quatro anos chega no ouvido do pai e fala:

- Pai posso te dizer uma coisa? A minha vida é diferente da de vocês, eu não gosto de dormir depois do almoço.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Meme Os livros da minha vida


A Carla Martins do blog Leitura (mais que) Obrigatória ofereceu este meme para mim. É muito bom conhecer os gostos dos nossos leitores da blogsfera. Ainda mais se tratando de livros, assunto que possuo grande interesse. Bem, agora você vai conhecer um pouco mais de mim. E eu também acabo me conhecendo mais. Carla, obrigada, pois é a primeira vez que participo de um meme!


Livro de Infância: Pollyanna, de Eleanor H. Porter.


Personagem que queria ser: A própria Pollyanna.


Primeiro livro enorme que lembra de ter lido: As Noites das Grandes Fogueiras, de Domingos Meirelles.


Filme que ficou melhor do que o livro: Nenhum. Livro sempre é melhor. O filme apenas mostra um resumo do livro.


Livro que te fez sonhar acordada (o): Abusado, de Caco Barcellos.


Livro que te fez chorar: O Caçador de Pipas, de Khaled Hosseini.


Livro que te fez rir: Comédias da Vida Privada, de Luis Fernando Verissimo.


Livro que mudou a sua vida: Bíblia Sagrada.


Livro que te causou dor: Os livros da trilogia “princesa”: Princesa, As Filhas da Princesa e Princesa Sultana, todas de Jean P. Sasson.


Livro de cabeceira: Bíblia Sagrada.


Livro comercialzão: Os livros de Harry Potter, série criada pela escritora J. K. Rowling.


Querido escritor: Luis Fernando Verissimo.


Sente vergonha por não ter lido: a Bíblia Sagrada inteira.


Não suporta: Livros com excesso de surrealismo.


Para os apaixonados: A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo.


Livro sensual: Lucíola, de José de Alencar.


Para quando quiser ficar feliz: Um livro que não li ainda.


Para quando faltar esperança: De novo a Bíblia Sagrada, principalmente o livro de Salmo.


Livro que ganhou e nunca leu e nem vai ler: um livro do Edir Macedo. Cheguei a ler alguns trechos, mas não consegui terminar.

Para quando for preciso paciência: Os livros da Agatha Christie com os detetives Hercule Poirot e Miss Marple. A curiosidade de ler o último capítulo só para saber quem é o culpado era grande. Então, eu me esforçava para ler com calma e eu mesma tentar descobrir quem é o culpado pelo crime. Gostava de me surpreender que o culpado era alguém que eu não imaginava.


Livro que comprou e nunca leu: Jornalismo Brasileiro, de José Marques de Melo. É um dos livros que estão na fila para ser lido.


Biografia: Olga, de Fernando Morais.


Para garotas: Não sei... Depende da personalidade de cada uma delas.


Difícil: Não me lembro de um...


Para quem gosta de escrever: Todos os livros que puderem ser lidos. Para mim, quem gosta de escrever também gosta de ler tudo o que aparece na sua frente.


Leitura de teatro: Romeu e Julieta, de William Shakespeare.


Conto gostoso de ler: São muitos... Principalmente os da linha infanto-juvenil.


Não conseguiu terminar: De novo cito a Bíblia Sagrada.


Está na fila: São tantos...


Livro que daria de presente: Depende de como é a pessoa.

Pérola encontrada nos sebos: Até agora nenhum.

O que está lendo agora: Laoway, de Sônia Bridi.


Você gostou desse meme? Se possui blog, responda também e me avise para conhecer as suas preferências.


domingo, agosto 23, 2009

Citações Nº 33. Voltaire


"Só fui à falência duas vezes. A primeira, quando perdi uma causa. A segunda, quando a ganhei."

(Voltaire)

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sexta-feira, agosto 21, 2009

Os Dez Mandamentos

Que me perdoem a heresia, mas tenho algumas dúvidas a respeito dos 10 mandamentos da igreja.
Quanto ao primeiro mandamento: “Amar a Deus sobre todas as coisas.” Servirá aqui o uso da lógica dedutiva?: Deus já não está sobre todas as coisas? Se Deus está sobre todas as coisas e amamos a Deus não estamos amando também todas as coisas em igualdade de condição?
“Não tomar Seu Santo nome em vão”. Quanto a esse segundo mandamento, Quando praguejamos, vociferamos e explanamos: “Meu Deus!” (ao vermos uma gostosa atentando contra a nossa divina fidelidade): “Deus do céu” (depois que nosso time perdeu um gol ou de sermos claramente roubados pelo juiz); “Deus!” (após nossa mulher nos contrariar) Sabemos que tudo isso é em vão. Portanto, seria pecado fazer tais comentários?
“Guardar domingos e festas de guarda”. Domingo nos empanturramos de comida e de bebida (gula); Ficamos em frente a TV quase o dia inteiro, vendo Gugu, Faustão e companhia (preguiça); Xingamos o time adversário, a mãe do juiz que roubou o nosso time e toda a sua casta familiar (ira); Vamos ao shopping e não gastamos um tostão, sequer com um sorvete para as crianças (avareza); Ficamos pensando naqueles seres privilegiados em que todos os seus dias são domingos e não precisam trabalhar amanhã, neste caso segunda feira, (inveja); Lavamos o carro e, após ele limpo, ficamos olhando quase uma hora pra ele, achando-o o máximo (soberba); Sonhamos com uma TV de plasma ultra moderna, de trocentas polegadas para continuarmos sentados, vendo Faustão, nos empanturrando e xingando o juiz (Luxúria).
Isso porque nem contei os dias de festa de guarda, apesar de que não sei o que significam festas de guarda. Seria um baile na delegacia?.
“Honrar pai e mãe”. Conta aqui também o pai e mãe do próximo? No caso a genitora daquele juiz que havíamos xingado? (aqui já estou usando a 3ª pessoa e colocando todo mundo na “responsa”).
“Não matar”. Aulas, serviço, tempo, e aquele juiz FDP também conta?
O sexto mandamento “Não pecar contra a castidade”. O que é castidade? Alguém pode me responder?
Quanto ao “Não roubar”. Não somos todos uns ladrões? E os políticos? Vou mais longe ainda, e aquele mesmo juiz, ladrão, safado, sem vergonha, # * ¢ ¬ < ?>.
“Não levantar falso testemunho”. Fazer propaganda da nossa virilidade, da nossa macheza, beleza, potência, força, cultura, inteligência, etc. também conta?
O pior de todos: “Não desejar a mulher do próximo”. Alguém ainda, em sua sã consciência, faz isso? Na verdade o próximo aqui seria o seguinte? Assim nunca chegaríamos ao próximo e sim a mulher do primeiro. Se é que me entenderam.
O ultimo mandamento “Não cobiçar as coisas alheias”. Aqui também entra a mulher do próximo? Principalmente a mulher daquele juiz filho da mãe?
Que Moisés me perdoe toda a minha ignorância. Espero pelo menos que ele me dê um “Sinai” em resposta. Prometo que não construirei nenhum ídolo de ouro. Apesar de que o Romário está na minha lista.

Hélio Cabral Filho

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quarta-feira, agosto 19, 2009

O que é a beleza?

Depois de ler o post "Contemporânea beleza" da Lúcia não pude deixar de comentar e ai abaixo seguem minhas idéias sobre o assunto.


E a beleza? Está nos olhos/sentidos do observador? Está nos padrões estabelecidos da sociedade? Está incutida dentro do nosso DNA?


Creio que todas as alternativas acima estão corretas. Não de forma absoluta e estanque, mas numa mistura de fatores que nos diz o que é belo. Notem que estou retringindo o assunto a beleza física, campo no qual, acredito, não irei me perder, pois se formos partir para beleza ampla ai a peleja vai ficar feia e não creio que haverá muitos sobreviventes.


A beleza física baseada na simetria e "perfeição" das proporções do corpo foi aceita pelos e difundida pelos gregos. Mas o que se esconde por trás desse conceito? Um instinto genético que nos diz que corpos simétricos não apresentam má formação congênita o que indica grandes chances de reproduzir descendentes saudáveis. Dessa forma a genética estabeleceu as primeiras noções de beleza da antiguidade.


Mais recentemente o padrão de beleza ainda não tinha abandonado a simetria quando o padrão de beleza feminina era composto por corpos roliços e robustos. Será que armazenar gordura não é outra mensagem genética? Pode até ser, mas o que se observa é que nesse período a maior ameaça eram doenças como tuberculose, pneumonia, gripe, etc. E o que as pessoas daquela época observaram? Observaram que pessoas gordas tinham mais chances de sobreviver às doenças do que as pessoas magras. Nesse momento o meio ambiente decretou o padrão de beleza. Gordura significava a diferença entre a vida e a morte. E a busca da beleza nunca deixa de ser uma luta para superar a morte.


Nos dias atuais a beleza é o que se quer vender. Não interessa muito a saúde ou genética as leis são ditadas pelo mercado. De modo que se hoje ele quiser inverter o padrão ele conseguira. Apesar de toda herança genética e cultural adquirida através dos tempos hoje estamos diante de um padrão de beleza violento e excludente o qual acredito tem trazido mais problemas do que alegrias à humanidade.


Entretanto a democratização da informação trouxe à baila opções inúmeras que antes permaneceriam isoladas e características de seus locais de surgimento. A troca de informações possibilita o crescimento e a mutação desses conceitos dando surgimento a novas formas. O fato triste desta constatação é que toda essa informação e mistura ocorre em nichos que apesar de se conectarem mundialmente localmente apresentam-se estanques.


De fato agora é esperar pra ver se o futuro próximo nos trará um rompimento com o padrão vigente ou o perpetuará por mais um século.

segunda-feira, agosto 17, 2009

Pedalando na Beira-Mar Norte




Desde pequena conheço Florianópolis, capital de Santa Catarina, por ser a cidade onde vivem alguns parentes meus. Ela sempre exerceu um grande fascínio em mim. É a segunda oportunidade que estou tendo de morar na Ilha da Magia, como é conhecida Florianópolis. Desta vez consegui realizar um dos meus grandes sonhos: pedalar no calçadão da Beira-Mar Norte. Várias vezes olhei de dentro do ônibus e do carro para o calçadão com desejo de estar ali pedalando. Fazer caminhada é muito bom, mas, para mim, pedalar é muito melhor do que caminhar. Ambos são excelentes exercícios físicos e de relaxamento mental. Não lembro exatamente quando surgiu a minha paixão por andar de bicicleta. Posso dizer que andei muito de bicicleta na infância.



A primeira pedalada na Beira-Mar Norte de Florianópolis aconteceu na tarde de um domingo ensolarado. Eu não tinha bicicleta. Meu irmão emprestou a dele e lá fui sozinha realizar esse sonho. Estava muito atenta no trânsito antes de chegar ao destino desejado. Mal pisei no calçadão da Beira-Mar, a alegria encheu o meu peito. E fui pedalando e observando as pessoas. Uns caminhavam, corriam, alguns patinavam e outros também estavam andando de bicicleta. Como é bom ver as pessoas fazendo isso, pois elas estão valorizando o cuidado de sua saúde. Do ponto onde comecei a andar de bicicleta, ainda não dava para ver o mar. Enquanto ele não aparecia, ora olhava para as árvores de um lado e de outro para a cidade e os carros que passavam por ali. Quando o mar surgiu, meus olhos brilharam. Logo lágrimas escorriam no meu rosto e eu sorria o tempo todo. Não sei o que as pessoas pensaram quando me viram. Era muita emoção. Estava muito grata a Deus pela oportunidade e por tantas maravilhas que Ele criou para nós. Enquanto eu observava o que estava em minha volta, pude pensar na minha vida, na minha família, no trabalho, nos amigos, nos outros sonhos... As dificuldades da vida pareciam tão pequenas naquele momento. Eu me sentia tão próxima de Deus e tão grata pela vida que tenho. Por que reclamar tanto? Agradecê-lo e sentir a sua presença é tão bom. Ao mesmo tempo, senti o quanto sou amada pela minha família e amigos. O vento e os raios solares batiam no meu rosto. Quando o vento ficava mais forte, eu precisava dar mais força para as minhas pernas. No trajeto da Beira-Mar Norte daquele dia, passei por uma passarela. Não consegui ter força para subir a rampa. Então, precisei descer da bicicleta e ir caminhando. Hoje consigo subir a rampa da passarela sem descer da “magrela”. Aproximei de duas das três pontes de Florianópolis, que ligam a ilha ao continente. Foi fascinante olhar as pontes de baixo e ouvir o barulho dos veículos que trafegavam nelas. A partir dessas pontes, fiz o trajeto de retorno para a casa do meu irmão. Em um trecho, resolvi sentar num banco do calçadão. E pude apreciar em minha frente a beleza e o movimento do mar, apesar das águas não serem próprias para banho. Fechei os meus olhos para sentir mais o toque do vento e dos raios solares. E depois continuei a andar de bicicleta até chegar à casa do meu irmão.



O sonho foi realizado. Até hoje pedalo na Beira-Mar Norte, principalmente aos domingos, quando tem sol. Meu irmão foi embora de Florianópolis e deixou a bicicleta dele para mim.



Postado por Lu Vieira.



domingo, agosto 16, 2009

Reação

Quem vive debruçado em amarguras,

Culpando a vida pelas suas tristezas,

Procurando razões pras desventuras,

Tentando desculpar as suas fraquezas...




Quem vive a projetar visões impuras

Na tela impressionista da pobreza,

Representando dramas e aventuras,

De coração fechado e de alma presa...




Quem vive a contemplar a própria morte

Das suas modestas realizações,

Passou despercebido pela sorte



E tropeçou nas próprias ilusões...

Pois a felicidade é o dom dos fortes,

Restando aos fracos só lamentações.





Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.

sexta-feira, agosto 14, 2009

Contestação

Não sou nenhum exemplo pra eleger.
Não sou nenhum herói, nenhum colosso;
Sou mesmo um “osso duro de roer”;
Indegustável “carne de pescoço”.

Não pretendo agradar ou apetecer...
Não sou destemperado nem insosso.
Eu quero incomodar e aborrecer;
Causar sempre transtorno ou alvoroço.

Não quero ser o cidadão certinho,
Que apaga o fogo e sim o que incendeia;
Não quero ser a flor e sim o espinho...

Prefiro o gosto amargo, a cor mais feia...
Não quero ser um anjo ou um santinho,
Eu quero infernizar a vida alheia...!

Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.


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quinta-feira, agosto 13, 2009

Coisas de casal. Nº 04


Ele – Você só faz faculdade, agora está de férias. Eu trabalho duro 12 horas por dia. Você poderia lavar minhas roupas e passar uma vassoura na casa.

Ela – Amor eu sou uma mulher moderna, não nasci pra ser doméstica.

Pessoal ganhei desenhos exclusivos da Juju cartoon para a série Coisas de casal e a partir de agora vou atualizá-los e repuplicá-los com essas ilustrações. Apreciem, comentem e visitem o blog da artista.

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quarta-feira, agosto 12, 2009

Eu Robô

Fagundes chega ao serviço, estaciona seu carro, trava-o e segue caminhando até sua sala. Nesse trajeto dezenas de pessoas passam por ele, mas, como elas estão abaixo do seu queixo, não as vê.
Entra em sua sala, senta em sua ilha (assim mesmo no possessivo) e isola-se.
Esses espaços foram chamados de ilhas propositadamente. As pessoas nadam até elas, como náufragos. Completamente ilhados, cercados de indiferença por todos os lados, assim, sobrevivem as suas oito horas diárias.
Belas mensagens nos murais, notícias importantes, um cartaz interessante, tudo é ignorado, imagine um ser humano, esse ser insignificante, egoísta e mesquinho. “Quero mais é cumprir minha obrigação e ir para minha casa!”, acusa aquela voz sintética e programada.
E assim vai a massa ignara, tangida e submissa para os abatedouros da vida.
Onde está aquele aperto de mão sincero? Onde está aquele abraço amigo? Aquele sorriso justo? Aquele bom dia altaneiro? Onde foi parar o cavalheirismo, a diplomacia, a educação?
Seres autômatos, formais, empedernidos, céticos, cruéis!
A frieza, a indiferença, o desamor, o apego às coisas materiais, a servidão humana, a devassidão do tempo, sei lá o que mais. Tudo isso contribuiu e contribui para afastar e isolar as pessoas, tornando-as escravas de si mesmas.
Relacionamento. Que bela palavra. Significa manter laços afetivos, conectar-se, estabelecer ligações e correspondência. Mas não passa disso, apenas uma palavra, principalmente dentro de uma repartição pública.
Morto-vivos, zumbis é o que são. Gente sem alma e sem coração (perdoem-me a rima pobre, não foi minha intenção, putz, de novo!).
Nenhum ser humano pode passar dias, meses, anos nessa sofreguidão, nesse isolamento, apenas uma máquina fria, oleosa, sistemática e calculista pode sobreviver dessa forma.
Não se trata aqui de desrespeitar o individualismo (e nesse caso essa palavra ganha ênfase), trata-se de saber que vivemos em bando, em sociedade, em grupos. Nem mesmo o eremita na mais inóspita região desértica está só (esotericamente falando).
Chega à hora religiosa do final do dia. “Programadamente”, Fagundes assina seu ponto, ergue-se de sua cadeira e caminha em direção ao seu túmulo para descansar suas engrenagens, e na manhã seguinte, voltar ao seu obscuro oceano, ao seu planejado arquipélago e a sua inestimável, desolada e gélida ilha.

Postado por Hélio Cabral

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terça-feira, agosto 11, 2009

Dia do garçom

Quem nunca precisou dele que se manifeste agora e saia do recinto. Hoje é o dia de homenagear esse profissional por tantas vezes desprezado, o nosso amigo das horas tristes e felizes, o garçom. Ele sabe o prato do dia, acende o seu cigarro, entrega aquele bilhete pra gatinha da mesa ao lado, chama o táxi, põe cinzeiro na sua mesa e traz a sua cerveja gelada na hora certa. Desde os primórdios da civilização ele está presente servindo reis, generais, deuses e até mesmo você e eu. O que faz com que sua profissão seja uma das mais antigas do mundo. Apesar de muito antiga não é uma carreira muito badalada, quantos pais dizem que o filho vai ser garçom quando crescer? O que pode ser bom até, pois esse não é emprego pra qualquer um. Há de ter todo um jogo de cintura, simpatia, boa memória, gostar da vida noturna e de gente também.


Escrever esse post fez-me lembrar que nem sempre eu fui um cliente legal e que a partir de hoje pensarei duas vezes antes de pedir uma porção de fritas as 05:00 da madrugada ou pedir mais uma saideira mesmo vendo que as cadeiras já foram postas sobre as mesas e já começam a varrer o chão do boteco. É eu confesso, já fui um cliente sem noção. E que muitas vezes me neguei a pagar os 10% adicionais que são cobrados como gorjeta. Ainda mais depois que descobri que certos donos de estabelecimentos não repassam a equipe de garçons o dinheiro que a principio lhes pertence.É sério! Há bares que os 10% só são distribuídos se o estabelecimento faturar uma quantia X por mês. Quando isso não acontece o dinheiro arrecadado é recolhido ao caixa do bar, sendo engalobado pelos donos do boteco. Por isso que hoje em dia quando sou bem atendido prefiro entregar a gorjeta em mãos. Pois ela é um reconhecimento por um serviço prestado muito além das expectativas e não deve servir para engordar ainda mais o bolso de patrões inescrupulosos.


Então da próxima vez que suas batatas fritas demorarem ou sua cerveja estiver quente tenha paciência, lembre-se, errar é humano e garçons são gente também.

domingo, agosto 09, 2009

Perseverança

Podem até destruir tudo o que eu faço,

Com toda a ignorância desmedida,

Jamais impedirão meu outro passo,

E jamais destruirão a minha vida.



Podem também poluir meu próprio espaço

E detoná-lo com a inveja incontida,

Pois meu capricho nunca será escasso

E jamais será escassa a minha lida.




Maior ignorância com certeza,

É a pobreza junto à ignorância,

Pois ela é mãe de todas as pobrezas!



Destruam o que fiz.... bem mais farei!

Cairei mil vezes - e talvez não vença! -

Mas por mil vezes me levantarei!...




Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.

sábado, agosto 08, 2009

Dia dos Pais

DIA DOS PAIS?

No próximo domingo, dia 09/08, é comemorado o dia dos Pais. Data importantíssima, principalmente para o comércio. Tudo bem! Não se preocupem, não vou fazer aqui toda aquela já desgastada crítica ao consumismo desregrado ou ao materialismo exacerbado. Também não vou exibir nenhuma mensagem poética e melódica a figura paterna.

Até já havia pensado em alguma mensagem exaltando e glorificando o genitor, mas hoje pela manhã me deparei com uma notícia e uma reportagem que me deixou chocado, indignado, revoltado e nauseado, necessariamente nessa ordem.

Primeiro foi a sessão pastelão no senado, pautada de xingamentos, apelações e agressões. Mais um espetáculo pobre desse circo dos horrores, onde os palhaços não estão no picadeiro, e sim, na platéia, assistindo tudo de camarote, de braços cruzados, indiferentes e indolentes. Somos, todos nós, meros e estáticos espectadores. Como se tudo aquilo fossem apenas atos de uma tragédia anunciada, com reapresentações tão passadas quanto inoportunas. Pra que se incomodar com isso, não é mesmo? Basta apenas mudar de canal e fingir que nada viu.

Você ainda deve estar se perguntando: O que tem isso a ver com o Dia dos Pais? Uma data meramente comemorativa, onde prepondera o churrasco, a comilança, os presentes, a família reunida e todas as homenagens merecidas?

Casualmente estava olhando no dicionário a palavra pai e me deparei com uma das definições: “Pai da pátria: Deputado ou Senador.” Só isso já poderia respondes sua interrogação, caro leitor, mas vou dar um pouco mais de corda. O que está havendo com nossas patrióticas figuras paternas? Nossos representantes políticos? Aqueles que têm o dever de nos dar os bons exemplos, nos orientarem para os bons caminhos, prover nossa casa (leia-se nossa pátria) de educação, alimentação e, acima de tudo, de dignidade? Esses são os nossos “Pais”? Que ao invés de estarem trabalhando para - honestamente - prover as necessidades dos filhos dessa mãe gentil, estão de digladiando e lutando apenas por seus interesses.

Já pegando o gancho do quesito dignidade, outra reportagem que me indignou (perdoem-me o trocadilho) foi a seguinte: “Um menino de 12 anos morreu no lixão da capital alagoana, depois de passar a noite trabalhando. Ele dormia em uma montanha de lixo e acabou atropelado por um trator. Segundo a Procuradoria Regional do Trabalho, a criança estava enrolada em um papelão quando foi atingida, na madrugada de quinta-feira passada (30/07).

Com um bolo na garganta, lágrimas nos olhos, punhos fechado, cabisbaixo e envergonhado vou seguindo minha vida. Já não posso dizer mais nada meus caros filhos dessa Pátria (que significa terra dos pais), de natureza exuberante e de um povo maravilhoso, honesto e trabalhador.

Nós não merecemos isso! Crianças morrendo no lixo e eles (os pais da nossa pátria) estão se lixando pra isso!

Tudo bem. Domingo vamos preparar nossos churrascos e aguardar os merecidos abraços e presentinhos. A vida segue, não é mesmo?

Hélio Cabral Filho


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sexta-feira, agosto 07, 2009

Dia dos Pais

O Dia dos Pais está se aproximando. Assim como o Dia das Mães, o Natal e o Dia dos Namorados, o Dia dos Pais é uma data de extrema importância no calendário comercial. É notável o comércio usar a figura paterna de forma apelativa para o filho comprar alguma coisa para presentear o seu pai. O filho que não dá presente para o pai parece ser uma pessoa que não dá importância ao homem que proporcionou a vida e o criou, ou está educando. Não é uma idéia agradável que comprar presente é sinônimo de demonstrar amor ao pai, pois dá a noção que ser pai é ganhar presentes do filho.

Deixando de lado o caráter comercial, a data é uma oportunidade de agradecer ao seu pai pela presença em sua vida e fortalecer o laço familiar. Assim como ser mãe, ser pai não é tarefa simples, pois possui uma série de responsabilidades e exige dedicação junto ao filho.

Começo aqui a fazer uma pequena e sincera homenagem ao meu querido pai. Ele me deu tantas coisas boas na minha vida: alimentação, moradia, brinquedos e jogos, roupas, calçados, passeios, viagens, amor, atenção, carinho, segurança, companheirismo, respeito, amizade, gargalhadas, estímulo à leitura e aos estudos, inúmeros conselhos, socorro nos momentos difíceis, apoio nas minhas decisões... Ufa, vou parando por aqui, pois a lista está ficando enorme.

Para mim, mais importante que todas essas coisas que foram citadas é o seu caráter. Foi observando a sua atitude diante de diversas situações da vida que moldou o meu ser. Mais que suas palavras e seus hábitos, é o seu caráter que marca a minha vida até hoje.

Enfim, agradeço a Deus pelo pai que tenho em minha vida. Agradeço ao meu pai pela vida que tenho.

Aos que são pais, estejam sempre atentos no seu caráter para que seus filhos tragam muitas alegrias.

Aos que desejam ser pai, pensem com seriedade na dedicação que vão ter com os seus filhos.

Aos filhos, não dêem apenas presentes, dêem muitos abraços, carinhos e palavras amigas para o seu pai. Se não tem presente, não há problema. Seu pai vai ficar muito contente por se lembrar dele e ganhar muitos abraços, carinhos e palavras amigas.

Aos filhos que não têm mais os pais no nosso planeta, aproveitem a data para relembrar os momentos que viveram juntos e pensar na importância do pai em sua vida.

Parabéns a todos que aceitaram o desafio de serem pais!

Postado por Lu Vieira

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domingo, agosto 02, 2009

Inércia

Se fazes do tempo teu mero escravismo,

Vivendo algemado nas coisas banais,

Se a tua existência é só mais conformismo

E as tuas idéias sempre são triviais...




Se vives sonhando cair de um abismo,

Por tuas fobias, assim passionais;

Se teus pesadelos são só fatalismos

Dos medos e angústias sofridas, letais...




Se a tudo observas e nada criticas;

E nada condenas e nada contestas;

E sempre projetas e nunca praticas...




As horas pra ti passarão tão modestas.

Não sabes que as coisas mais belas, mais ricas,

São sempre as mais duras e as mais indigestas...



Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.