terça-feira, abril 26, 2011

A busca

No alto do morro, à beira do mar. Torre alta, branca, redonda e velha. No alto um farol. A luz gira sobre o mar e sobre a terra. Mesmo assim não há ninguém a ser guiado. Tudo deserto. Mesa, xícara, telegrama, foto. O velho segura a foto. Nela há um jovem ao seu lado. Toma um gole de café. Guarda a foto no bolso do casaco. Pega o telegrama. Passa-lhe os olhos. Comprime os lábios. Amassa o papel e joga-o longe. O farol apaga. A mala é colocada no chão. A chave gira na fechadura. O martelo sobe e desce três vezes. O prego prende uma folha de papel na porta. O velho desce a ladeira carregando sua mala. O mundo fica mais claro e mais nítido, mas não há brilho. O sol ainda se esconde atrás das nuvens.
A torre branca brilha ao sol da manhã. O carro para ao pé do morro. A estrada termina ali. Um homem sai do carro. Passa a mão no rosto pra tirar o suor. Bate à porta. Uma, duas, três vezes. Nada. Afasta-se. Olha pra o alto da torre enquanto a circula. Ninguém. Entre o farol e o mar para em frente a um velho banco de madeira. Senta. Pega uma pedra. Olha pro mar. Respira fundo. Levanta-se, joga a pedra em direção ao oceano. Aperta a buzina. Várias vezes. Longa, curta, contínua. Nada. Desiste. Da carteira puxa uma foto. Ele e um velho. Guarda a foto. Olha uma última vez pra torre e vai embora.
- Sim eu posso levá-lo até ele.
Embarcaram no carro e seguiram pela rua de paralelepípedos. Passou o campo de futebol, a escola, o restaurante, a praça, prefeitura, farmácia, igreja matriz. Seguiu em frente. Menos casas, mais espaços. Lá a frente, no alto o cemitério.
- É aqui que ele está.
Saiu do carro. Com passos trôpegos percorreu os corredores olhando para as lápides. Andou por um tempo parando aqui e ali. Uma lágrima correu. Num casebre escrito zelador bateu à porta. Um velho atendeu.
Então a busca terminou.

Conto escrito para o blogue "Duelo de escritores"

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quarta-feira, abril 13, 2011

Voando de avião




Voar de avião é descobrir uma visão diferente e magnífica da terra, do mar e do céu. Olhando do alto do céu, a terra e o mar ficam semelhantes a uma pintura de quadro. O mar, os rios e os lagos parecem não se mover. As cidades são rabiscos e figuras geométricas. As cores da terra são fascinantes. Predominam o verde e o marrom. As águas estão entre o azul e o verde. As nuvens parecem de algodão. Ou colchão branco e confortável convidando para deitar nele. E o nosso planeta não é mesmo quadrado.

Difícil descrever tudo o que já vi e senti voando de avião. Duas coisas eu digo: voar de avião é uma experiência que todos deveriam ter e impossível não agradecer a Deus pelas maravilhas dadas a nós. Uma grande pintura que Deus nos presenteou para cuidá-la e viver dentro dela.

Não viajo constantemente de avião. Gostaria muito que fosse assim. Tenho certeza de que jamais me cansaria de admirar a vista de cima. Não me lembro de exatamente quando foi a minha primeira vez. Mas me recordo bem de uma parte da minha história nas alturas. Tinha cerca de seis anos de idade. Havia gostado muito de ganhar potes de margarina e de geleia em miniatura quando fomos servidos pelas comissárias de voo. Achei-os tão fofos e pareciam ser para as minhas bonecas. E depois me lembro de eu falar várias vezes e de forma teatral e pausada: “O avião vai cair. O avião vai cair...” Devo ter dito isso para amedrontar a minha mãe que tem pavor de altura. Gostava de assustá-la só para ver a cara e a reação de medo dela. Ainda gosto.

Anos atrás perguntei ao meu pai o motivo de eu dizer aquilo. Ele respondeu que o tráfego aéreo estava muito intenso e o nosso avião deu voltas na região do aeroporto de São Paulo antes de pousar. A mãe não ficou com medo? “Não. Ela estava tranquila com os seus irmãos. Você estava assustando mesmo os outros passageiros.”

Essas são as únicas lembranças da minha infância com o pássaro gigante. Somente aos 30 anos de idade voltei a estar dentro do avião numa viagem para São Paulo e noutra ocasião para Brasília. As imagens deste post foram registradas durante a minha viagem de Florianópolis para Aracaju em janeiro deste ano.

Lu Vieira

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quarta-feira, abril 06, 2011

Concurso - Prêmio: livro "Uma história de Grande Porte"

Os leitores deste blogue conheceram um pouco do que se trata o livro “Uma história de Grande Porte”, de Roberta Fraga, por meio da resenha do L.S. Alves e da entrevista feita com a autora. Que tal ganhar o livro em questão? Julgamos ser importante que a leitura seja compartilhada por todos. Por isso estamos oferecendo o nosso primeiro concurso tendo como prêmio o livro da Roberta Fraga.

Se tem filhos, sobrinhos, crianças em sua volta ou você, adulto, gosta de ler literatura infantil, participe do concurso. Ganhando o livro, leia junto com os pequenos. É um ótimo momento para ouvir o que eles vão falar e dar as orientações necessárias. Como participar? Escrevendo uma frase sobre criança no espaço destinado ao comentário deste post. Informe também o seu email no comentário para que possamos solicitar o seu endereço a fim de enviar o livro.

O prazo para concorrer é até o dia 4 de maio e anunciaremos o ganhador no dia 9 de maio. Participe!

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terça-feira, abril 05, 2011

Rapsódia em Agosto

E o meu primeiro dia de aula foi mais interessante do que eu esperava. Logo na entrada duas opções de filme pra analisar. Infelizmente o Mazzaropi, Casinha pequenina, que a professora trouxe não pode ser usado por causa do sistema de som da sala que não permitia ouvir claramente os diálogos. Ficamos então com a segunda opção e fomos de Akira Kurosawa.
Rapsódia em Agosto foi lançado em 1991 e conta a história de quatro crianças que passam as férias de verão com a avó enquanto seus pais vão ao Havaí visitar um possível parente rico. A vovó, uma sobrevivente da bomba de Nagasaki, vive isolada no campo e não acredita que o homem do Havaí seja realmente um de seus numerosos irmãos. As crianças não parecem muito adaptadas à vida que a idosa leva e sonham juntar-se aos seus pais na viagem. Reacionários a princípios os jovens vão pouco a pouco sucumbindo ante a paciência, boa vontade e narrativas da anciã. Como pano de fundo temos a história de Nagasaki e a bomba atômica, evento que mudou a vida da vovó ao fazer-lhe viúva ainda jovem e que ao longo do filme é mostrado de diversas formas.
O que eu mais percebi no filme foi a forma como a idosa aproximou-se dos netos e através deles conseguiu atingir os filhos. Os pais das crianças foram criados num Japão dominado pelos americanos e onde estavam proibidas as manifestações culturais que valorizassem as tradições japonesas. Tornaram-se uma geração que apesar de ter recentemente sofrido um duro golpe desferido pelos americanos, ainda assim desejava tornar-se igual aos seus opressores. Prensados entre a mãe e os filhos eles começam a rever algumas atitudes e pensamentos que estavam em desacordo com o que a matriarca da família esperava deles.
Também observei como a cidade de Nagasaki é sempre mostrada como uma paisagem queimada e sem vida, mesmo sendo uma grande cidade o diretor faz questão de tirar-lhe a humanidade. Enquanto na casa da vovó há árvores, arroz, água, enfim, vida.
A professora ressaltou-nos a fragmentação das imagens, tudo no filme é fragmentado, não há paisagens inteiras, não há grandes visões. Cortes secos e câmera fixa são mais características desse filme.
Um filme bonito, com uma história rica em interpretações e simbologias. Vai agradar as pessoas que tem mais paciência para assistir um filme. Mas é um bom programa pra quem não tem medo de refletir depois que as luzes se acendem.



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segunda-feira, abril 04, 2011

Eu e o cinema na UFSC

Para quem convive comigo não é novidade alguma a minha paixão pelo cinema. Então a notícia de que hoje será a minha primeira aula na UFSC não causará surpresa. Consegui me matricular nas matérias "Estética do Cinema" e "Narrativa Cinematográfica".
Não sou calouro, mas poderei arrecadar algum conhecimento sobre um assunto que me agrada muito. Em breve espero ter mais boas notícias pra compartilhar com vocês.

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