sexta-feira, agosto 27, 2010

Casa mente

Nossa união foi um ato desunido,
Firmado com promessas de papel;
Testemunhado, nunca consentido;
E mascarado por um branco véu.

Confusos sentimentos, desprovidos
De verdades. O mais falso e infiel
Dos juramentos. Um coração fingido,
Querendo entrar num coração incréu.

Um teatro de dramas religiosos.
Comédia de um só ato descabido,
Representado por dois mentirosos...

... E desfilamos na desfaçatez:
Eu, tão soberbo, de ilusão vestido
E tu vestidas pela insensatez.

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quinta-feira, agosto 26, 2010

Barracão da penha II

Fica às margens da BR-101 logo depois de passar a ponte sobre o rio Itajaí no sentido Sul/Norte. Quem vê de fora não dá nada pelo local. Basicamente é mais uma lanchonte de beira de estrada, daquelas que vendem um monte de bagulho pra turista. Artesanto, doces, cachaças, cuias de chimarrão, bancos, apitos e por ai vai. Até mesmo eu que não sou muito ligado nessas coisas acabo adquirindo uma colher de pau ou um doce ou uma cachaça. Mas o que eles tem de realmente importante é o que está na cozinha. E é de lá que vem pão caseiro, queijo colonial e salame. Juntos eles formam um dos melhores sanduíches que eu conheço. Tostado na chapa e acompanhado de um café é a melhor coisa que você pode conseguir na beira de uma estrada.
Faço questão de parar ali sempre que posso para saborear o lanche e esticar as pernas. Fora o sanduiche o local oferece caldo de cana, pastéis fritos na hora e outros tipos de salgados. Os preços não são exorbitantes como outros lugares a beira da estrada que eu conheço e o atendimento é bem bacana o pessoal é atencioso e o lanche não demora pra ser servido.

Recomendo tranquilamente o lugar, pelo menos para as pessoas que gostam de comer sem muita frescura.

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domingo, agosto 22, 2010

Apagando o passado

- Você tem certeza de que é isso mesmo que quer - Disse o médico olhando dentro dos olhos dela.
- Doutor não é o que eu quero, mas sim o que eu preciso. Não é por vaidade. Eu preciso me livrar disso o quanto antes.
- A senhora sabe, as nossas cicatrizes têm o poder de nos recordar que o passado foi real e mesmo assim pretende ir adiante?
- Sim. Não tenho mais dúvidas e espero que o senhor respeite a minha vontade.
- A senhora está a par dos riscos e custos. Se até agora não consegui demovê-la dessa idéia tudo o que posso fazer é executar o procedimento da melhor forma possível.
A consulta seguiu sem maiores novidades e a cirurgia foi marcada para dali a uma semana.
...
Na mesa do centro cirúrgico ficou deitada como se não estivesse ali. Equipamentos por todos os lados e pessoas passando como se ela não existisse ou fosse um pedaço de carne a espera de ser cortado e temperado. Espetaram sua veia ligando-a ao soro. De todos os presentes o que lhe deu atenção foi o anestesista.
- Bom dia. Eu vou cuidar da sua anestesia você vai ficar sonolenta e depois vai dormir. Fique tranquila. Você está em boas mãos.
Fechou os olhos. Imersa na escuridão não teve sonhos nem revelações. Nada de místico ou esotérico. Teve a impressão de que seu corpo foi sacudido algumas vezes. Aos poucos foi acordando tonta, desorientada e ansiosa. Precisava saber o resultado. Mas ninguém aparecia. Se pudesse pularia da cama e iria em busca de um espelho. Tentou levantar-se. O quarto rodou e ela deixou-se cair. A enfermeira passou rápida avisando que em breve o médico viria visitá-la.
- Então, como está se sentindo?
- Estou bem, mas e aí doutor a cicatriz sumiu?
- Sim ela sumiu. O procedimento foi um sucesso. Agora é só esperar mais algumas horas e você já pode ir pra casa. Só espero que você não venha a se arrepender.
- Doutor tudo o que eu preciso é esquecer.
- Só que às vezes o que desejamos não é aquilo que verdadeiramente precisamos. Mesmo assim vou torcer por você.

Em casa, muito tempo depois desfilava na frente do espelho observava a barriga livre de qualquer marca ou sinal. Aos olhos seu corpo não revelava que um dia ela tinha sido mãe. Pena que durante a cirurgia esqueceram de apagar as cicatrizes do seu coração.

Texto escrito a partir do blogue Once upon time e seu desafio:
A frase de filme desta semana é: "As nossas cicatrizes têm o poder de nos recordar que o passado foi real", Dragão Vermelho.
Faça um conto, uma crônica, um poema, uma carta, uma fabúla ou qualquer coisa fantástica e fantasiosa que sua mente inventar que contenha a frase a cima.Para receber sua nota por e-mail mande-o junto com o link do seu texto até às 19 horas do dia 23/08. A próxima edição sai no dia 24/08, junto com o resultado desta edição. Boa sorte! 

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sexta-feira, agosto 20, 2010

Rosa

A rosa que tu me deste
Humildemente murchou;
E eram rubras suas vestes,
Tão seca a rosa ficou.

E à rosa que tu me deste
Meu coração perguntou:
"_ Ó rosa porque te despes?"
E a rosa se desfolhou!

Quebrou-lhe a haste o destino
E o vento, num desatino,
As folhas secas levou.

Oh! Meu amor! Nossa vida
Foi como a rosa pendida,
Humildemente murchou.

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terça-feira, agosto 17, 2010

Metaleiro

Sim eu também me vendi. Sei que não fui o único, mas isso não importa, o que os outros fazem é problema deles. A vida é assim mesmo. Não tem como fugir. Pra ganhar alguma coisa sempre temos que sacrificar uma outra. Às vezes é o tempo, o sono, o amor ou como no meu caso a integridade. Sim eu defenestrei a coitada em troca do sucesso, dinheiro e conforto.
Minha história é igual a de muitos outros guitarristas. Uma música no rádio, um vídeo-clipe na TV e então o primeiro disco. Depois disso o heavy-metal tomou conta de mim. Camiseta preta, cabelo comprido, muitos discos e a primeira guitarra. Horas e horas trancado no quarto percorrendo o braço do instrumento pra cima e pra baixo. Veio a habilidade e a vontade de se expressar. Mostrar ao mundo meus sentimentos através das cordas e de toda a distorção possível. A primeira banda, ensaios, brigas, risadas e músicas. Os shows. A batalha diária pelo sucesso. Portas que não se abriam. Contas se acumulando. E logo ali a vida adulta cobrando atenção e responsabilidades. O sonho começa a desmoronar, a banda também. Foi quando ele surgiu.
Bem vestido, gastando muito dinheiro, acompanhado de uma gostosa ele destoava completamente daquele boteco onde nos apresentávamos. Lá do canto onde a banda tocava sua presença também chamou a atenção. Quando o show acabou chamou-me à sua mesa. Foi ali que me perdi. Entre uma cerveja e outra expôs sua proposta. Havia uma banda de axé e uma vaga de guitarrista. Salário garantido, muitos shows e pra começar bem um disco seria gravado em breve. A oferta era boa. Na hora nem me importei com as exigências do trabalho. Agarrei-me com tudo àquela oportunidade.
Em pouco tempo estava com a vida aprumada. Contas em dia, carro na garagem, viagens, fama, bebidas, comidas e mulheres. Tudo do bom e do melhor. Mas o tempo passou e algo faltava. Um aperto no peito, um desanimo com o mundo e o mau humor dominando o dia a dia. A liberdade sumira. No palco ou no estúdio seus dedos eram guiados por outros. Não tinha mais domínio sobre a música. Para as entrevistas somente assuntos autorizados. Roupas somente as que o produtor escolhesse. Estava cercado. O dinheiro cantava alto demais para ser ignorado. O que fazer então?
Foi assim que eu me prostituí. Hoje para saciar meus desejos de sentimentos e sinceridade escondo o rosto atrás de maquiagem pesada. Engano meus senhores usando uma peruca espalhafatosa. E nas noites de folga fujo pelos bares para tocar o verdadeiro rock'n roll.

O texto acima foi escrito para o desafio do Duelo de escritores.

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sexta-feira, agosto 13, 2010

Migalhas

Meu pobre coração esmigalhaste
E jogaste as migalhas pela estrada.
A vida que te dei abandonaste
E no meu peito não deixaste nada.

A minha alma tu despedaçaste,
Também pelo caminho foi jogada.
Só a saudade e a solidão deixaste
Nesta que foi nossa feliz morada.

OH! Meu amor! Quando tu foste embora,
Tão insensível, nessa mesma hora,
Deixaste-me jogado pelo chão...

... Quando quiseres me encontrar, querida,
Segue os rastos mortais da minha vida,
Segue as migalhas do meu coração...

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domingo, agosto 08, 2010

Dia dos pais

Dia dos pais está chegando e não sei bem o que dizer sobre isso. O fato de eu ser pai não ajuda na questão. E tudo o que me vem a cabeça é como as coisas estão mudando e como espero que continuem mudando ao longo do tempo. Quem me conhece sabe que não acredito em certezas absolutas. É fato que essa convicção não nasceu do dia pra noite. Foi lendo e vivendo que aprendi que certo e errado são apenas pontos de vistas e que a realidade pode nos surpreender muito mais que a fantasia. Talvez seja esse o ponto de atrito entre eu e meu pai. A certeza absoluta. Meu pai cresceu no antigo sistema patriarcal onde o provedor tinha sempre a razão e toda autoridade sobre a prole. De modo que a ninguém era concedido o direito de desobedecer ou questionar. Foi assim com seu avô, seu pai e até mesmo com ele, pelo menos por algum tempo. E é nesse ponto que vejo todas as nossas disputas e discuções.

Eu não sei tudo. Nem tenho o direito de escolher o que é melhor pra você. Essas são frases que jamais serão ditas pelo meu pai. Ainda hoje, tenho 33 anos, ele ainda acredita que sou incapaz de escolher o que é melhor pra mim e que não tenho maturidade para fazer as escolhas da minha vida. Se fosse só comigo talvez ele até tivesse razão, mas esse é o posicionamento dele em relação aos cinco filhos, alguns sobrinhos e também com os netos. Essa mania de controlar, esse complexo de deus são coisas que não consigo engolir e daí vem as desavenças.

Recentemente a "família" genética do meu irmão descobriu-o por meio do orkut graças ao processo de troca de sobrenome que meu pai estava movendo junto com meu irmão. No dia do aniversário dele ele foi com a esposa conhecer os seus 12 ou 13 irmãos e o pai. E esse episódio banal causou uma crise de ciúmes que fez meu pai chegar ao ponto de calcular quanto que ele já havia gasto com meu irmão desde a sua adoção.

É esse tipo de coisa que me quebra as pernas. Que desfaz a ilusão de que meu pai é um cara super bacana e cheio de bons sentimentos. Nesses momentos que vejo que ele é apenas um ser humano comum e falho como todos os outros. E não era isso o que eu queria pra mim. Eu gostava da ilusão de que meu sabia tudo e que era a melhor pessoa do mundo. Mas vem o tempo a gente cresce e descobre que as coisas não são bem assim. Aconteceu comigo, aconteceu com um monte de pessoas só falta acontecer com o meu pai.

Com toda a sinceridade espero crescer de uma forma diferente. Não gostaria de chegar num futuro próximo e descobrir que eu também nego a capacidade intelectual da minha filha e que baseado num sistema falho e retrogrado desejo fazê-la obdecer-me a qualquer custo. Quero continuar acreditando que o fato de ser genitor de uma criatura não me dá poderes sobre a vida dela e nem muito menos é garantia de eu seja um ser humano superior e mais desenvolvido que os outros. Afinal qualquer idiota com um pinto e esperma sadios pode ser pai.
De qualquer forma desejo um feliz dia dos pais pra vocês.

sexta-feira, agosto 06, 2010

Meu amor calado

Dizes que não te digo que te quero.
Que não declaro todo o meu amor
E que meu coração não é sincero
Pois fica mudo, como muda flor.

Reclamas que o silêncio é tão austero,
Que só denota muito desamor;
E que, calando, com o silêncio quero
Mostrar o quanto não lhe dou valor.

Pois lhe respondo que na natureza
Tudo tem vida, nada tem queixume,
E tudo vibra com total grandeza...

A luz é a voz que emite o vaga-lume...
... Precisa a lua declarar beleza?
Precisa a flor falar que tem perfume...?

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quarta-feira, agosto 04, 2010

Entrevista nº 02: Mr. Gomelli

Depois da querida Laura Vieira, agora é a vez de Pedro Giumelli Gonçalves ser entrevistado aqui. Na blogosfera ele é conhecido como Mr. Gomelli, o mesmo nome de seu blogue. Com apenas 23 anos de idade, o moço é jornalista do Jornal das Missões e participa eventualmente de algumas transmissões esportivas da Rádio Santo Ângelo, que é do mesmo grupo do jornal.

Gaúcho de Rosário do Sul, onde viveu por quase 18 anos, Mr. Gomelli tem o Grêmio como o seu time predileto de futebol. Saiu de sua cidade natal para fazer um curso técnico em Alegrete, onde morou por seis meses. De lá, foi para Cruz Alta cursar Jornalismo na Unicruz. Concluído o curso, está trabalhando e morando hoje em Santo Ângelo.

Descobri o Mr. Gomelli por meio de seus comentários no blogue O que se pode dizer, da Marina Brito. As suas opiniões interessantes foram um convite para conhecer o seu blogue. E fui visitando e gostando dos textos que ele escreve. Tenho certeza de que vocês também vão gostar do moço. Para começar, vamos conhecê-lo um pouco nesta entrevista? Depois não deixem de ir ao blogue dele.

Máquina de Letras: Quem é Mr. Gomelli?
Mr. Gomelli: Igual a todo mundo sendo diferente dos outros. É muito difícil definir a si próprio. Acho que Mr. Gomelli é só um aprendiz da vida, um sonhador.

MDL: Como surgiu a vontade de ter um blogue?
Mr. Gomelli: Olha, eu sempre gostei de escrever e também sempre tive formas diferentes de pensar sobre certos temas. Algumas opiniões são meio polêmicas. Mas inversamente proporcional ao meu gosto pela escrita, é meu gosto pela fala. Sempre fui bem quieto. Então, os textos são uma forma de eu expor minha opinião sobre as coisas da vida. A vontade foi aumentando com os anos de faculdade e no último ano (2009) eu finalmente tomei coragem e criei o blogue.

MDL: Dois temas se destacam no seu blogue: o jornalismo e o futebol. Dá para perceber que são suas paixões. Como surgiu o seu interesse por essas áreas?
Mr. Gomelli: O futebol é algo que eu sou apaixonado desde que me entendo por gente. Não só o futebol, mas qualquer esporte. Por isso escrevo sobre isso, embora eu tente fugir do tema, pois a intenção do blogue é falar sobre tudo. Até criei outro blogue* há pouco tempo para falar só sobre futebol, mas meio que abandonei a ideia. O Jornalismo foi algo que eu fui me interessando aos poucos por gostar de escrever. Aí quando chegou aquele momento de escolher uma profissão, eu escolhi jornalismo, embora tenha ficado em dúvida com outros cursos, como Letras, por exemplo. Mas a opção pelo Jornalismo foi mais em função de poder ficar próximo também do esporte.
* Blogue A letra do gol

MDL: Quis ser jogador de futebol?
Mr. Gomelli: Acho que 90% dos garotos têm essa vontade na infância. Aí os gostos vão se aperfeiçoando e as habilidades naturais aparecendo. Aí vamos por outros rumos. Eu, obviamente, também sonhei com isso. Mas nunca tive muitas oportunidades e quando ia ter, acontecia algo para atrapalhar.

MDL: Joga futebol nas horas livres ou pratica outra modalidade esportiva?
Mr. Gomelli: Sempre que posso eu jogo futebol. No colégio jogava basquete também e depois participei de um time lá da minha cidade, mas hoje em dia só o futebol mesmo. É difícil pra eu ficar sem um joguinho de vez em quando. É uma paixão, não tem jeito. E temos que procurar fazer as coisas que nos dão prazer. O futebol é isso pra mim.

MDL: Por que o Grêmio é o seu time de futebol predileto?
Mr. Gomelli: Esse é o tipo de coisa que não tem como explicar. Acho que as pessoas que não gostam tanto de futebol podem não entender, mas o sentimento por um clube, quando é forte como o que eu tenho pelo Grêmio, é algo que não se pode explicar, apenas sentir.

MDL: Qual jornalista você possui admiração e considera um bom exemplo de profissional. E por quê?
Mr. Gomelli: Considero David Coimbra um mito. Ele é do grupo RBS, trabalha no jornal Zero Hora. Lendo as crônicas e os contos dele que eu criei mais motivação para escrever. De infância assim, aprendi a admirar o Galvão Bueno. Vejam vocês, alguém tão odiado hoje em dia. Mas é que tinha o sonho de ser narrador de futebol, hehe, aí me tornei fã dele.

MDL: Qual reportagem que mais gostou de fazer?
Mr. Gomelli: Poxa, são tantas. Fica difícil até lembrar. Quando eu trabalhava em uma revista em Cruz Alta ainda, eu fiz uma sobre bocha (um esporte pra quem não sabe). Gostei muito de fazer porque foi algo diferente, pouco difundido. Das mais recentes, fiz três matérias especiais sobre a rivalidade Gre-Nal*, com torcedores dos dois times, que também gostei muito. É difícil fugir do âmbito esportivo. Mas este ano também fiz uma série de reportagens com colecionadores. Foi muito legal. Tinha coleção de troféus, réplicas de carros, facas, rádios antigos, entre outras coisas. Eu gostei muito de conhecer essas paixões de algumas pessoas.
* Times de futebol gaúcho: Grêmio e Internacional

MDL: Como foi a experiência de morar longe da família para estudar jornalismo?
Mr. Gomelli: Foi difícil no começo. Até escrevi um texto no blogue no dia que mudei de Cruz Alta pra Santo Ângelo, lembrando como foi a chegada a Cruz Alta. O dia que me vi sozinho, sem ninguém da família por perto. É tudo diferente, tudo novo, mas aos poucos a gente vai se acostumando e aprendendo a se virar sozinho. Não me arrependo. Acho que me fez crescer muito, amadurecer e isso foi muito bom.

MDL: O que Rosário do Sul, Cruz Alta e Santo Ângelo têm em comum? E o que não possuem?
Mr. Gomelli: Em comum acho que a coisa de cidade gaúcha mesmo. Muita ênfase no tradicionalismo, na nossa cultura e também no interesse pelo meio rural (agricultura e pecuária). De diferente? Bom, são três lugares bem diferentes. Rosário é uma cidade calma. Têm poucas oportunidades, pois não há universidade lá e poucas empresas. A gente sempre diz que é uma cidade para aposentados e crianças... hehe. Cruz Alta eu nunca gostei muito. Poucas oportunidades de entretenimento e apesar de ter a Universidade, também têm poucas oportunidades de emprego. Santo Ângelo, mesmo sendo do mesmo tamanho de Cruz Alta, parece ser muito maior. O clima da cidade é de cidade grande. Tem comércio forte, bastantes empresas, muitas opções de entretenimento e um foco no turismo, que é bem legal. Já escrevi que me apaixonei pela cidade. Acho que se não aspirasse a coisas maiores profissionalmente, não mudaria mais daqui.

MDL: Que sonhos você quer realizar?
Mr. Gomelli: Bah, são tantos! Eles se multiplicam e vão sendo substituídos ao longo do tempo. Acho que dos que eu tenho, os que persistem e devem durar por um bom tempo é crescer profissionalmente e ter minha família (esposa, filhos, cachorros, etc.). Um dia eu chego lá. Ah, outra coisa que sempre tive vontade é de morar na Espanha. É um país que sempre me interessou e pretendo um dia conseguir viver e trabalhar como jornalista lá.

MDL: Se a blogosfera não existisse, o que você imagina que estaria fazendo?
Mr. Gomelli: Não sei. Acho que escrevendo em algum outro lugar. Ou pensando em algo do tipo para colocar os textos.

MDL: Você vive mais no mundo virtual ou no real?
Mr. Gomelli: O mundo virtual tem tomado muito meu tempo. Além da blogosfera, tem o twitter e MSN que ocupam um bom espaço de tempo no meu dia. Mas tento não me desligar da realidade. Afinal, vivemos efetivamente nela né.

MDL: Teve problemas com outros blogueiros ou leitores? Por exemplo, receber comentários que ofenderam você?
Mr. Gomelli: Até hoje não. Até esperava algo do tipo em alguns textos, mas nunca aconteceu. Mas sei que uma hora vai acontecer. Faz parte.

MDL: O que você não escreveria no seu blogue?
Mr. Gomelli: Bah, já escrevi tanta coisa. Pergunta difícil essa hein. Pensando bem, um texto exaltando o Inter (rival do Grêmio) é quase impossível de aparecer por lá. Também acho que não deve aparecer nada ofensivo contra outras pessoas por lá. Coisas desse tipo. Hehe...

MDL: Qual o melhor conselho que recebeu e deseja dizer para nós?
Mr. Gomelli: Acho que o melhor conselho foi o de estudar e ir atrás do que se quer. Minha mãe sempre dizia que eu tinha que estudar e me dedicar aos estudos, que através disso eu estaria apto a ir atrás dos meus sonhos. Não dá pra ficar esperando as coisas caírem do céu. Acho que é isso.

Obs.: Entrevista realizada por email.

Lu Vieira

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segunda-feira, agosto 02, 2010

Arborismo em Blumenau

Domingo, 25/07/10, foi o dia do arborismo. Acordar cedo, colocar a família dentro do carro e meter o pé na estrada. Pra variar atraso na saída, mas nada que uma pisada mais forte no acelerador não fosse capaz de contornar. No município de Gaspar (Blumenau fundos) a poucos minutos de chegar ao SESI, descubro que o meu caminho está obstruído por causa de uma corrida de rua. Sendo que aquele era o único caminho que eu conhecia o desespero foi tomando conta de mim enquanto corria pela SC-470 trilhando um caminho totalmente novo e desconhecido pra mim. Atravessei a cidade de Blumenau até que consegui chegar ao complexo desportivo do SESI. Por sorte eles tiveram o mesmo transtorno que eu.

Depois disso foi vestir o equipamento de segurança, cadeirinha, capacete, luvas e partir para o início da trilha onde os monitores do SESI passaram toas as orientações pertinentes, sempre focando e ressaltando os princípios da segurança. A mata bonita, cortada por um córrego e um dia de sol criavam a paisagem perfeita para o esporte. Logo estávamos um a um subindo nas árvores e desafiando o medo de altura e a falta de equilíbrio. Percorremos três circuitos que nos proporcionaram medo, beleza, desafio, quedas e boas risadas. Em cada circuito havia três monitores. O primeiro era responsável por ligar a solteira ao cabo de segurança. O segundo fazia nossa transição do cabo de segurança para a tirolesa. E o terceiro ficava lá em baixo para nos receber no final da tirolesa.

Depois de atravessar o a pista de arborismo veio o almoço e em seguida um rapel na torre de iluminação do campo de futebol. Pelo que me passaram a altura era de 30 metros, tenho quase certeza de que deve ter sido um pouco mais. De novo foram passadas orientações sobre segurança e fomos em busca de uma nova experiência. Um monitor ficou junto à escada orientando como deveríamos subir, conectar-se ao trava-quedas depois desconectá-los e desce-lo até o próximo colega que efetuaria a subida. Lá em cima outro monitor ensinava como usar o freio e o que deveríamos fazer para descer. O último ficava lá em baixo fazendo a segurança de quem descia o rapel.

Apesar da altura e de nunca ter feito uma descida daquelas não senti o tão famigerado frio no estômago. Tirando o problema de passar o meu corpo pelo vão da plataforma pra iniciar a descida o resto foi tranqüilo. Deu pra olhar pra baixo, ao redor, efetuar alguns pulos e também pude aprender que não dá pra bobear na corda. Num pulo me empolguei na descida e senti a luva esquentar do atrito e num aceno que fui dar a corda puxou os pelos do meu braço. Nada que doesse ou que me pusesse em perigo, mas com certeza importante pra me lembrar onde eu estava e quanta concentração eu deveria dedicar ao assunto.

E mesmo depois de todas as novas experiências e aventuras o melhor de tudo foi saber que durante o meu percurso na mata, minha filha teve o seguinte diálogo com sua mãe:

Filha - Mãe, o meu pai entrou no mato Mãe! Vamos lá. Vamos achar o pai. Eu tinha um pai tão bom. Vamos lá salvar o pai. Eu amava tanto esse pai.

Depois disso as duas se meteram no mato, pegaram uma trilha e subiram um morro altíssimo. Lá de cima podiam ver todo o ginásio do SESI e a torre que eu subira ficou pequena de tão alto que era o local. Não satisfeitas em terem subido a trilha e descido pela ribanceira antes do almoço, fizeram questão que eu as acompanhasse num repeteco logo depois que fiz o rapel. Resultado, quando cheguei ao topo minha língua parecia uma gravata e a minha filha ainda estava toda serelepe pulando feito um cabrito.

Resumindo tudo: foi um dia maravilhoso que ficou com um gostinho de quero mais.

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