DIA DOS PAIS?
No próximo domingo, dia 09/08, é comemorado o dia dos Pais. Data importantíssima, principalmente para o comércio. Tudo bem! Não se preocupem, não vou fazer aqui toda aquela já desgastada crítica ao consumismo desregrado ou ao materialismo exacerbado. Também não vou exibir nenhuma mensagem poética e melódica a figura paterna.
Até já havia pensado em alguma mensagem exaltando e glorificando o genitor, mas hoje pela manhã me deparei com uma notícia e uma reportagem que me deixou chocado, indignado, revoltado e nauseado, necessariamente nessa ordem.
Primeiro foi a sessão pastelão no senado, pautada de xingamentos, apelações e agressões. Mais um espetáculo pobre desse circo dos horrores, onde os palhaços não estão no picadeiro, e sim, na platéia, assistindo tudo de camarote, de braços cruzados, indiferentes e indolentes. Somos, todos nós, meros e estáticos espectadores. Como se tudo aquilo fossem apenas atos de uma tragédia anunciada, com reapresentações tão passadas quanto inoportunas. Pra que se incomodar com isso, não é mesmo? Basta apenas mudar de canal e fingir que nada viu.
Você ainda deve estar se perguntando: O que tem isso a ver com o Dia dos Pais? Uma data meramente comemorativa, onde prepondera o churrasco, a comilança, os presentes, a família reunida e todas as homenagens merecidas?
Casualmente estava olhando no dicionário a palavra pai e me deparei com uma das definições: “Pai da pátria: Deputado ou Senador.” Só isso já poderia respondes sua interrogação, caro leitor, mas vou dar um pouco mais de corda. O que está havendo com nossas patrióticas figuras paternas? Nossos representantes políticos? Aqueles que têm o dever de nos dar os bons exemplos, nos orientarem para os bons caminhos, prover nossa casa (leia-se nossa pátria) de educação, alimentação e, acima de tudo, de dignidade? Esses são os nossos “Pais”? Que ao invés de estarem trabalhando para - honestamente - prover as necessidades dos filhos dessa mãe gentil, estão de digladiando e lutando apenas por seus interesses.
Já pegando o gancho do quesito dignidade, outra reportagem que me indignou (perdoem-me o trocadilho) foi a seguinte: “Um menino de 12 anos morreu no lixão da capital alagoana, depois de passar a noite trabalhando. Ele dormia em uma montanha de lixo e acabou atropelado por um trator. Segundo a Procuradoria Regional do Trabalho, a criança estava enrolada em um papelão quando foi atingida, na madrugada de quinta-feira passada (30/07).
Com um bolo na garganta, lágrimas nos olhos, punhos fechado, cabisbaixo e envergonhado vou seguindo minha vida. Já não posso dizer mais nada meus caros filhos dessa Pátria (que significa terra dos pais), de natureza exuberante e de um povo maravilhoso, honesto e trabalhador.
Nós não merecemos isso! Crianças morrendo no lixo e eles (os pais da nossa pátria) estão se lixando pra isso!
Tudo bem. Domingo vamos preparar nossos churrascos e aguardar os merecidos abraços e presentinhos. A vida segue, não é mesmo?
Hélio Cabral Filho
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Excelente abordagem! Nossos representantes políticos são também nossos pais... Quem diria... Não quero ficar criticando os políticos, pois entendo que eles são o nosso próprio retrato. É o povo que tem que mudar. Além disso, se todos tivessem acesso à educação, os políticos seriam diferentes. O povo tem que querer a educação e exigir isso para os nossos representantes políticos. Se a educação fosse valorizada em nosso país, quem sabe o menino de 12 anos estaria vivo hoje.
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