terça-feira, agosto 17, 2010

Metaleiro

Sim eu também me vendi. Sei que não fui o único, mas isso não importa, o que os outros fazem é problema deles. A vida é assim mesmo. Não tem como fugir. Pra ganhar alguma coisa sempre temos que sacrificar uma outra. Às vezes é o tempo, o sono, o amor ou como no meu caso a integridade. Sim eu defenestrei a coitada em troca do sucesso, dinheiro e conforto.
Minha história é igual a de muitos outros guitarristas. Uma música no rádio, um vídeo-clipe na TV e então o primeiro disco. Depois disso o heavy-metal tomou conta de mim. Camiseta preta, cabelo comprido, muitos discos e a primeira guitarra. Horas e horas trancado no quarto percorrendo o braço do instrumento pra cima e pra baixo. Veio a habilidade e a vontade de se expressar. Mostrar ao mundo meus sentimentos através das cordas e de toda a distorção possível. A primeira banda, ensaios, brigas, risadas e músicas. Os shows. A batalha diária pelo sucesso. Portas que não se abriam. Contas se acumulando. E logo ali a vida adulta cobrando atenção e responsabilidades. O sonho começa a desmoronar, a banda também. Foi quando ele surgiu.
Bem vestido, gastando muito dinheiro, acompanhado de uma gostosa ele destoava completamente daquele boteco onde nos apresentávamos. Lá do canto onde a banda tocava sua presença também chamou a atenção. Quando o show acabou chamou-me à sua mesa. Foi ali que me perdi. Entre uma cerveja e outra expôs sua proposta. Havia uma banda de axé e uma vaga de guitarrista. Salário garantido, muitos shows e pra começar bem um disco seria gravado em breve. A oferta era boa. Na hora nem me importei com as exigências do trabalho. Agarrei-me com tudo àquela oportunidade.
Em pouco tempo estava com a vida aprumada. Contas em dia, carro na garagem, viagens, fama, bebidas, comidas e mulheres. Tudo do bom e do melhor. Mas o tempo passou e algo faltava. Um aperto no peito, um desanimo com o mundo e o mau humor dominando o dia a dia. A liberdade sumira. No palco ou no estúdio seus dedos eram guiados por outros. Não tinha mais domínio sobre a música. Para as entrevistas somente assuntos autorizados. Roupas somente as que o produtor escolhesse. Estava cercado. O dinheiro cantava alto demais para ser ignorado. O que fazer então?
Foi assim que eu me prostituí. Hoje para saciar meus desejos de sentimentos e sinceridade escondo o rosto atrás de maquiagem pesada. Engano meus senhores usando uma peruca espalhafatosa. E nas noites de folga fujo pelos bares para tocar o verdadeiro rock'n roll.

O texto acima foi escrito para o desafio do Duelo de escritores.

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8 comentários:

  1. alvez, gostei do texto.
    porém, se me permite, achei alguns erros (de gramática apenas) que deveriam ser corrigidos, como aqui: "Na hora nem se importei" e "presença também chamou a atenção. Quando o show acabou chamou-me a sua presença." e o uso do "pra" ao invés de "para".
    sei que é muito mais fácil ver seus defeitos do que os meus, mas é sempre bom dar toques para que outros blogueiros aprimorem a escrita.

    abraço.

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  2. Letícia obrigado pela atenção e pelo seu tempo. Conforme podes observar já corrigi as falhas que me apontaste.
    Um abraço moça.

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  3. Ai era de sua autoria ó Luciano? pois, a histórinha até que está bonita, coitado do cara se sofreu assim..é a vida.. Beijinho da laura.

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  4. ah... a história é triste, mas é bem real, não é mesmo?

    mas que é lamentável, é... hehe...

    poxa L.S. Alves, gosto dos teus textos, mas acho que estamos todos sentindo falta da Lu por aqui... se puderes, mande um abraço pra ela e muita, muita energia positiva...

    abração do Mr.!

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  5. como já disse lá no duelo, teu texto ficou bem legal. olha q já to vendo uma evoluçãozinha nos teus escritos. será q o duelo tem algo a ver aí nessa história?

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  6. Laura não creio que ele sofrido tanto assim. Afinal ele ainda conseguiu encontrar uma saída.
    Beijos.

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  7. Gomelli obrigado pelos elogios. A Lu no momento está com algumas dificuldades, mas fique certo que repassarei o abraço.

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  8. Jefferson talvez seja o fato de estar escrevendo com mais regularidade. Tentantdo participar do OAUT e Duelo de Escritores. Os dois blogues tem formatos diferentes, mas fazem com que eu me exercite semanalmente. Creio que vem daí a melhora.
    Um abraço.

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