Olhou pra cima e imaginou o quão alto aquilo estava. Isso não foi suficiente para fazê-lo desistir. Com certeza iria apreciar a vista lá de cima e sentiria prazer quando o vento entrasse por suas roupas e bagunçasse seus cabelos. Encantos que as alturas possuíam e o dominavam. No meio do caminho olhou pra baixo. Não devia ter feito isso. Não houve tontura ou arrependimento. Apenas foi tomado pela realidade. Acordou para os efeitos nocivos que a gravidade da situação poderia infringir-lhe. Não houve medo. Foi apenas uma constatação. Dura e seca como são todas as verdades. Seguiu acima. Alcançou o topo e então percebeu que não havia caminho de volta. Talvez tivesse ficado no chão se pensasse no assunto com mais calma, mas no fundo creio que nada mudaria. Ali no alto as opções resumiam-se a prosseguir ou cair. Estacionar fatalmente resultaria em obliteração. Respirou fundo, sorveu a beleza da paisagem e sorriu. A corda bamba estendia-se a frente totalmente indiferente a seus receios e desejos. Mas não era uma corda bamba comum. Composta de arame farpado estava pronta para punir sem clemência qualquer passo errado. Claro essa não era a única opção de perigo. A altura extrema ameaçando uma queda mortal. Um instante de desequilíbrio, em seguida um vôo fugaz e depois o nada ou coisa pior. Quem seria capaz de saber o que havia lá embaixo? Deu o primeiro passo e percebeu que o arame não era tão firme quanto gostaria. Deu o segundo passo e notou que poderia cair a qualquer momento. No terceiro pisou onde não devia. Farpas se enterraram na carne, a dor latejou no pé. Com toda a calma que pode juntar recolheu o pé e depositou-o em outro lugar. Na caminhada oscilante aprendia onde por e onde não por os pés. Os erros passados não ajudavam a evitar os erros futuros. O vento assoviava em seus cabelos contando histórias de coisas e lugares que existiam além de seu minúsculo universo que agora resumia-se a uma linha reta. Uma dimensão e nada mais. Sabia que o vento não estava mentindo, mesmo que nem tudo fosse tão lindo e tão fácil como ele dizia tinha consciência de que havia outros caminhos no mundo. E lá no alto, sobre o arame farpado, os pés sangrando, pôs-se a pensar. Seguir em frente, sempre com medo do passo seguinte ou pular de encontro ao vento em busca de um mundo diferente? Enquanto a resposta não chega equilibra-se.
Espero que decida-se antes que seja tarde demais.
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Que não seja tarde demais pelo excesso de cautela ou a falta da mesma. Difícil o equilíbrio. Um excelente texto!
ResponderExcluirBeijo
Corda bamba... É por onde estou andando agora... Parece que você descreveu minha situação hehehe.
ResponderExcluirBeijosss
PS: Estou de blog novo!
SAM é difícil encontrar o equilibrio, mas começo a me perguntar: será que o desequilíbrio é de todo ruim?
ResponderExcluirUm abraço moça.
Quimera acho que a descrição foi pra sua, minha e pra situação de mais um monte de gente.
ResponderExcluirUm abraço moça e logo te visito na nova casa.
A corda bamba, uma metáfora de nossas escolhas. UM texto muito reflexivo, interessante e que demonstra erros e acertos de nosso cotidiano. Além disso, vejo que o medo destói o sucesso corriqueiro das pessoas, por uma simples dificuldade que aparece. Diferente das atitudes de muitos seres, a pessoas no texto não desistira, pois tinha a certeza que conseguiria ultrapassar essa barreira.
ResponderExcluirDê uma olhada no Post do futuroscheider "A vontade de ser!".
Codiais abraços.
Olá, antes de mais nada, parabéns pelo blog!
ResponderExcluirE por acha-lo de muito bom gosto é que o/a convido a vir conhecer a proposta do meu Blog para você.
Aguado sua visita!
Forte abraço!
Ka s2
"Os erros passados não ajudavam a evitar os erros futuros." Adorei o texto! Excelente!! :)
ResponderExcluirGêh fico feliz que tenhas gostado.
ResponderExcluirUm abraço moça.
A vida é como uma corda bamba, quem não se equilibra, cai. Parabéns pelo texto! Abraço!
ResponderExcluirSiby ai eu me pergunto será que cair é tão ruim asim?
ResponderExcluirUm abraço moça.