No alto do morro, à beira do mar. Torre alta, branca, redonda e velha. No alto um farol. A luz gira sobre o mar e sobre a terra. Mesmo assim não há ninguém a ser guiado. Tudo deserto. Mesa, xícara, telegrama, foto. O velho segura a foto. Nela há um jovem ao seu lado. Toma um gole de café. Guarda a foto no bolso do casaco. Pega o telegrama. Passa-lhe os olhos. Comprime os lábios. Amassa o papel e joga-o longe. O farol apaga. A mala é colocada no chão. A chave gira na fechadura. O martelo sobe e desce três vezes. O prego prende uma folha de papel na porta. O velho desce a ladeira carregando sua mala. O mundo fica mais claro e mais nítido, mas não há brilho. O sol ainda se esconde atrás das nuvens.
…
A torre branca brilha ao sol da manhã. O carro para ao pé do morro. A estrada termina ali. Um homem sai do carro. Passa a mão no rosto pra tirar o suor. Bate à porta. Uma, duas, três vezes. Nada. Afasta-se. Olha pra o alto da torre enquanto a circula. Ninguém. Entre o farol e o mar para em frente a um velho banco de madeira. Senta. Pega uma pedra. Olha pro mar. Respira fundo. Levanta-se, joga a pedra em direção ao oceano. Aperta a buzina. Várias vezes. Longa, curta, contínua. Nada. Desiste. Da carteira puxa uma foto. Ele e um velho. Guarda a foto. Olha uma última vez pra torre e vai embora.
…
- Sim eu posso levá-lo até ele.
Embarcaram no carro e seguiram pela rua de paralelepípedos. Passou o campo de futebol, a escola, o restaurante, a praça, prefeitura, farmácia, igreja matriz. Seguiu em frente. Menos casas, mais espaços. Lá a frente, no alto o cemitério.
- É aqui que ele está.
Saiu do carro. Com passos trôpegos percorreu os corredores olhando para as lápides. Andou por um tempo parando aqui e ali. Uma lágrima correu. Num casebre escrito zelador bateu à porta. Um velho atendeu.
Então a busca terminou.
Conto escrito para o blogue "Duelo de escritores"
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