Ambas são magras, sendo que uma é magricela. Possuem a mesma altura. Ou quase. São morenas e têm cabelos longos. Usam biquínis. Uma de cor laranja e a outra, lilás. Irmãs? Não sei. Idade? Talvez 8 ou 9 anos. Estão na praia da Daniela, de águas tranqüilas, em Floripa. Eu também.
Quando meu olhar se dirige pela primeira vez para as duas meninas, elas estão saindo do mar. Uma mulher diz alguma coisa a elas. Pode ser a mãe delas ou de uma delas. Ou a tia. Ou uma amiga mais velha. As garotas vão para a areia e sentam na toalha estendida no chão. O sol está indo embora. Elas sentem frio e se protegem com roupas ou toalhas que não consegui identificar. Não gostam de ficar paradas.
Estou sentada numa cadeira na areia e conversando com os meus amigos. Muita gente foi embora. Às vezes, olho para as meninas, pois a mulher sumiu. Não consigo ver outro responsável por elas. Olho para aqueles que tomam banho de mar e tento descobrir se um deles é o responsável. Provavelmente a mulher havia dito que eram para elas esperarem ali, enquanto ia dar uma saída. Coitadas. Esperar, esperar e esperar.
De repente, as meninas se levantam e começam a desenhar na areia usando as mãos, os pés ou um pedaço de madeira ou uma conchinha. Fazem círculos, retas e linhas de diversos traçados. Param. Andam em cima dos traçados que desenharam. Uma distração interessante. Criaram caminhos. Apesar do sol se pondo, ainda uso óculos escuros. Assim, posso observá-las melhor sem elas se sentirem incomodadas.
Depois de andar por todos os caminhos que existiam, elas desenham de novo. Mais caminhos. E repetem várias vezes: desenham e depois andam. Em um determinado momento, elas estão perto de mim. Quando me veem, dou um largo sorriso. Elas fazem o mesmo. Não falo nada, pois estou sem os meus aparelhos auditivos. Havia tomado banho de mar e não podia colocá-los logo. Somente quando as minhas orelhas ficassem bem sequinhas. Elas continuam absortas na brincadeira.
Hora de ir embora. Arrumamos as coisas. Não esquecemos de nada na praia. Vamos indo em direção onde se encontrava estacionado o carro. Olho pela última vez para as duas meninas. “Adeus. Que Deus abençoe vocês. Que sejam boas e felizes. Que tenham pais maravilhosos. Curtam bem a infância”.
Lu Vieira
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Quando meu olhar se dirige pela primeira vez para as duas meninas, elas estão saindo do mar. Uma mulher diz alguma coisa a elas. Pode ser a mãe delas ou de uma delas. Ou a tia. Ou uma amiga mais velha. As garotas vão para a areia e sentam na toalha estendida no chão. O sol está indo embora. Elas sentem frio e se protegem com roupas ou toalhas que não consegui identificar. Não gostam de ficar paradas.
Estou sentada numa cadeira na areia e conversando com os meus amigos. Muita gente foi embora. Às vezes, olho para as meninas, pois a mulher sumiu. Não consigo ver outro responsável por elas. Olho para aqueles que tomam banho de mar e tento descobrir se um deles é o responsável. Provavelmente a mulher havia dito que eram para elas esperarem ali, enquanto ia dar uma saída. Coitadas. Esperar, esperar e esperar.
De repente, as meninas se levantam e começam a desenhar na areia usando as mãos, os pés ou um pedaço de madeira ou uma conchinha. Fazem círculos, retas e linhas de diversos traçados. Param. Andam em cima dos traçados que desenharam. Uma distração interessante. Criaram caminhos. Apesar do sol se pondo, ainda uso óculos escuros. Assim, posso observá-las melhor sem elas se sentirem incomodadas.
Depois de andar por todos os caminhos que existiam, elas desenham de novo. Mais caminhos. E repetem várias vezes: desenham e depois andam. Em um determinado momento, elas estão perto de mim. Quando me veem, dou um largo sorriso. Elas fazem o mesmo. Não falo nada, pois estou sem os meus aparelhos auditivos. Havia tomado banho de mar e não podia colocá-los logo. Somente quando as minhas orelhas ficassem bem sequinhas. Elas continuam absortas na brincadeira.
Hora de ir embora. Arrumamos as coisas. Não esquecemos de nada na praia. Vamos indo em direção onde se encontrava estacionado o carro. Olho pela última vez para as duas meninas. “Adeus. Que Deus abençoe vocês. Que sejam boas e felizes. Que tenham pais maravilhosos. Curtam bem a infância”.
Lu Vieira
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Nossa, Lu! Muito legal esse texto descritivo! Agora olha que interessante: fez lembrar da minha infância, mas não pelo conteúdo e sim pela deliciosa descrição. Por alguns instantes, parecia eu há alguns anos, sentada, olhando a imagem de um livro da escola e escrevendo, descrevendo. Não sei se foi o caso ou se você realmente esteve lá. Mas se não esteve, foi tão convicente que ninguém diria o contrário. :)
ResponderExcluirGostei bastante! Muito envolvente a leitura. Bjs.
Lu ficou lindo o texto. Lembrou-me dos jardins que são desenhados na areia usando círculos e ondas. Construídos, destruídos e depois construídos e des... sempre. Sempre com desenhos diferentes. Uma analogia para os nossos dias? Quem sabe?
ResponderExcluirUm abraço moça.
Lindo Lú , deu vontade de juntar a familia e correr pra praia, tbm me fez lembrar do tempo de infancia ;)
ResponderExcluirBoa Semana ! ;*
Flávia, fico feliz que tenha gostado do texto. Eu realmente estava lá. Enquanto observava as meninas, eu relembrava a minha infância. Relembrar o passado e viver o hoje ao mesmo tempo naquele dia foram momentos mágicos que me inspiraram a escrever este post. Beijos!
ResponderExcluirObrigada, amigo Alves, pelo elogio. Não deixa de ser uma analogia para os nossos dias... Afinal, muitas vezes construímos algo e depois o destruímos. Ainda bem que temos a capacidade de começar de novo... Um abraço moço!
ResponderExcluirThaisy, obrigada pelo seu elogio. Espero que a oportunidade de ir para a praia junto com a sua família não demore muito. É tão bom! Boa semana para você também!
ResponderExcluirLindo, que barato, uma gostosura como se diz por aí, as meninas sorriram, desenharam e se portaram bem, ainda bem que não foram para a água pois a mãe não estava por perto, ou quem as levou...e ainda bem que nada aconteceu estando sozinhas...
ResponderExcluirBelissima prosa e belos eus entir, querida Lu...
Um abraço apertadinho da laura
Laura, nunca vou esquecer o momento especial que eu tive com essas duas meninas. Um abraço apertadinho para você também.
ResponderExcluirEsses momentos fazem a gente refletir e lembrar de várias coisas. Eu faço muito isso, fico observando as pessoas, as crianças na rua... Fico prestando atenção nessas coisas. E o que eu achei curioso é que eu faço a mesma oração. Encontro pessoas pela rua com as quais eu não troco uma palavra, às vezes um sorriso, e peço que Deus as abençoe e que sejam felizes...
ResponderExcluirBeijos, Lu!
Raíssa, fico feliz em saber que você costuma refletir e lembrar de várias coisas ao observar as pessoas. Mais feliz ainda é saber que você faz a mesma oração. Eu me sinto bem quando peço a Deus que bençãos sejam derramadas na vida dos outros. Não vale a pena ser feliz sozinha. Desejo a mesma coisa para todo mundo. Beijos!
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