terça-feira, janeiro 15, 2008
A carta morreu
A carta morreu.
Apesar de trabalhar nos correios e ver que todos os anos o volume de correspondências aumenta mais e mais. Observo que todos lá fora têm a idéia de que carteiro entrega cartas e é triste constatar que as cartas estão morrendo a cada dia. Se procurarmos dentro daquela bolsa de carteiro, dos 15 quilos de correspondências que o funcionário do correio leva nas costas pelas ruas da cidade o que mais encontraremos serão contas, propagandas, multas, encomendas e ali no meio, bem escondida uma ou outra carta tímida e amedrontada.
As pessoas não querem mais escrever? Não deve ser verdade. Tanto é que a internet vive abarrotada de pessoas em chats, msn, orkut, blogs, fóruns e tantos outros. Mas se as pessoas ainda querem escrever então por que não mandam mais cartas? Será pelo trabalho de ir a uma agência para postá-las? Será por que ela não é tão rápida quanto o e-mail? Ou será por que ela exige um pouco mais de nós?
Uma epístola exige atenção. Ela é como uma criança caprichosa. Precisa de mimos e de contato pra crescer e se desenvolver. Temos que tomar cuidado com o que dizemos a ela. O papel aceita qualquer coisa e também guarda qualquer coisa. Desde uma declaração de amor que foi escondida por muito tempo quanto uma injúria escrita num momento de ódio e rancor. As missivas levam um pedaço de nós. Talvez seja esse o verdadeiro motivo para estarem a desaparecer tão rapidamente. Elas levam um pouco da nossa energia e transferem isso para o destinatário. As pessoas não querem se doar. Muito menos investir o seu tempo em um gesto de carinho e atenção para alguém que está distante. Estamos ocupados demais com nós mesmos. Dedicar alguns minutos de nossas vidas pra pensar e escrever uma mensagem para alguém é pedir demais.
A carta morreu porque as pessoas têm tão pouco dentro de si que já não tem mais nada pra doar.
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Belo texto, impressionante imagem!
ResponderExcluirConcordo literalmente com voce...alias tenho uma caixa em madeira com cartas que guardo na profundeza da minha alma! E tenho saudades desse tempo, em que aguardavamos a chegada do carteiro com aquela ansiedade infantil;)
Beijo
Naela também tenho uma caixa onde guardo as poucas e preciosas cartas que recebo.
ResponderExcluirBeijo.
Ehhh é verdade, já lá vai o tempo em que escrevias folhas e folhas de cartas, mas já vivo cá e com a internet foi-se tudo ao ar, já nem s enamora por carta, só se for mesmo gente apaixonada e que não tenha net..eu escrevia longas cartas aos meus avós e tios...e claro e melhor para os carteiros ehhhh menos carregam...agora so recebemos contas de luz agua tel cartas do banco ehhh e mais nada e recebi um certo postal lindo que nem mandei outro d evolta, do meu amigo luciano do Brasil e tadinho dele, mas eu compenso-o um dia destes...cartas, bah, é preguiça de ir aos ctt esperar e mandar com porte pago...jinhos.
ResponderExcluirMas tenho ainda cartas e postais dos meus 13 15 anos e por ai fora, cartas do meu pai para mim e d eum amigo do meu pai que me chamava o anjo da casa ele já faleceu e a carta está guardada escrita nos anos 74, e tenho cartas d eparabéns do meu pai de há imensos anos..guado muita coisa os convites de anos dos meus filhos e fotos então...mas que colecionadora e guardo o que gosto, mais tarde deito metade fora, depois guardo de novo e assim ando...
Lembrei do livro do Bukowski, Cartas na Rua. Você leu?
ResponderExcluirNossa! Eu escrevia muitas cartas antes, muitas. Agora é tudo aqui no teclado.
Beijo :)
Jonice esse eu ainda não li. Talvez 2008 seja o ano que o darei de presente pra mim.
ResponderExcluirUm abraço.
Laura eu também cá comigo uma carta sua. Está guardada com muito carinho. Acho que são poucas pessoas que tem coragem de lançar fora suas cartas recebidas. Eu não consigo me desfazer delas.
ResponderExcluirBeijos.
até os dezoito anos eu me correspondia com duas amigas: uma que morava em brasília, e outra que morava em minas... as duas eu conheci numa viagem pro litoral da bahia qdo tinhamos treze anos... até que nos correspondemos por um tempo razoável, afinal, foram cinco anos... mas aí foi cada uma pra um lado e... o assunto morreu!
ResponderExcluirhoje não mando cartas pra ninguém. nem bilhetinhos. acho que a causa disso é mesmo a facilidade da internet.
Acho que as moças tem mais propensão às cartas. Quando crescem um pouco mais as deixam de lado como você fez.
ResponderExcluirBem pelo menos ainda temos a rede pa não perdermos contato de vez.
Um abraço moça.
Eu não acho que a carta tenha morrido! Apenas que tomou outras formas!
ResponderExcluirEu nunca mandei uma cartinha sequer na vida, mas não é porque não tenho nada pra doar, é porque eu prefiro dizer pessoalmente mesmo.
ResponderExcluir#)
Seu Alves,
ResponderExcluirA resposta está já implicita no decorrer do texto.
Pois é, a net veio acabar com a cartinha, que às vezes ia perfumada e se escrevia resmas de papel, quando se desejava pedir namoro a alguém.
O que eu achava interessante eram os bilhetes pequenos com desenhos alusivos por altura do Natal. Alguns autenticas obras de arte.
Podemos culpar a globalização ou as pessoas, isso é relativo, mas uma coisa é certa, há quem se esconda por trás de um nick para não mostrar nada do que é, a própria blogosfera está cheia disso.
ResponderExcluirPost interessante!
Abraços
Pode até ser Ancréia, mas uma coisa é receber uma carta, tocá-la, senti-la e cheirá-la até.Outra coisa é receber um e-mail, sms ou seja lá o que for.
ResponderExcluirUm abraço moça.
Alucinógena acho que a maioria prefere ao vivo. Apesar de que tem coisas que só a distância se consegue confessar.
ResponderExcluirUm abraço moça.
Carlos será que somente nós do século passado sentimos saudades daqueles envelopes?
ResponderExcluirUm abraço.
Interessante é essa questão das pessoas serem mais dissimuladas que o normal quando estão na rede. Isso sim é bizarro.
ResponderExcluirUm abraço.
ahhh a tua cata de Natal está guardada também, ehhh, mas já deitei milhares de cartas fora, ma soutras não consigo..
ResponderExcluirBeijinho a ti que me chamaste gatinha nos meus tempos lindos...
Laurinha eu apenas falei a verdade.
ResponderExcluirBeijos pra você.
Já não me lembro de receber uma,cartita...só mesmo mail + mail...o que é pena a carta ter morrido...
ResponderExcluirDoce beijo
Olá!
ResponderExcluirSerá mesmo que as pessoas já não tem mais nada pra doar...? É uma triste hipótese... Acredito que o que esteja acontecendo seja uma facilidade tão grande de comunicação (infelizmente volátil demais, rápida demais) entre as pessoas através da internet que a maioria provavelmente pensa que não há mais necessidade de enviar cartas concretas, paupáveis. E preferem a cômoda cadeira em frente ao cômodo computador ou notebook, no conforto de suas casas ou de cafés e lan houses.
Ontem mesmo, escrevendo e-mails a amigos e fazendo alguns enormes comentários nos blogs de outros, pensei na volatilidade de tudo aquilo... novos e-mails chegam e se sobrepõem aos que escrevemos, e ficam perdidos lá atrás nas páginas antigas, e provavelmente nunca mais serão lidos.
Comentários nas páginas dos amigos desaparecem a cada novo post, por mais elaborados e significativos que possam nos parecer, e também estes dificilmente serão lidos outra vez.
A tecnologia nos traz tantas facilidades, tantas possibilidades de enriquecer profusamente nosso mundo e nossas relações _ mas ao mesmo tempo as leva depressa demais e traz outras, e mais outras, e outras ainda, e somos praticamente atropelados por elas como por uma avalanche.
O assunto rende muito, muito o que discutir... e já me rendeu uma idéia de post também, vou deixar aqui o link quando enfim conseguir escrevê-lo. Mas o fato é que, pelo menos pra mim, o charme das cartas escritas à mão ainda existe. Acho-as muito mais pessoais, acho que dizem ao outro com muito mais força e expressão: lembrei-me de você, ocupei-me desta carta e tive o prazeroso trabalho de ir postá-la, e quero saber da sua alegria ao recebê-la e ter consigo um pedacinho meu, algo de concreto nesse nosso mundo tão volátil e refém de tudo o que é virtual.
Semana passada mesmo escrevi uma carta a um amigo que mora no exterior, fui lá postá-la com grande carinho e aqui estou esperando, ansiosamente, que ele a receba e sinta o quão importante ele é para mim. E adoro escrever... na verdade estou devendo cartas manuscritas a tantos amigos já, que estou quase perdendo a conta _ e não quero perder não: promessas para mim são dívidas, e neste caso, dívidas que eu terei imenso prazer em pagar!
Cartas manuscritas ainda valem a pena, sim.
Bem, a pena não, porque os tempos são outros: valem a caneta!
Beijos!
Collybry é mail em cima de mail. E apagamos nossas caixas de mensagens. E são powerpoints que vem com carinho, mas na maioria das vezes são apenas repassados. Pouco trazem daquele que os enviou.
ResponderExcluirUm abraço.
P.S: pelo menos no natal e aniversários ainda recebemos os nossos cartoezinhos de congratulações.
Lucia nem precisa pensar em escrever um post. Pega esse comentário e publica. Ele por si já explica muito bem o que está acontecendo.
ResponderExcluirDe fato eu escrevi esse post porque devo ter uma veia melancólica mesmo. Eu gosto de cartas. Escrever, receber, ler, arquivar, ler de novo e relembrar. Uma carta precisa de tempo, concentração e cuidado. Não é como uma mensagem eletrônica que você sabe de antemão que vai ser deletada antes ou depois de ser lida. A carta é algo que fica. E por isso mesmo não deve ser banal. Os meios eletrônicos estão tão faceis que banalizaram as mensagens. Manda-se e-mail por qualquer bobagem e no fim nada de importante se diz. Gosto das cartas e da arte envolvida em confeccioná-las.
Devo ser saudosista.
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Vou colar seu comentário no word. Se ele for maior que o meu post eu vou me flagelar. rsrs.
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Um abraço moça que dança.
e você, não está transmitindo sentimento pelo seu post? blog é internet... e você ainda assim tocou as pessoas. vide os inúmeros comentários...!
ResponderExcluirindependente se carta, msn, ou blog, se o sentimento de querer transmitir algo positivo para alguém é legítimo, é válido.
cartas, assim como a máquina de escrever, são mero romantismo! ;)
Amei esta foto, concordo contigo, parece que escrever de "próprio punho" e´coisa do passado e confesso que quando escrevo minha letra esta "fora de forma", mas acho que faz parte da modernidade. Ainda guardo algumas cartas com muito carinho,pois que fazem parte da minha história.
ResponderExcluirAbraço
Magda pelo a sua letra "ESTÁ" fora de forma. A minha nunca esteve e pelo visto nunca estará. Herdei a péssima caligrafia do meu pai.
ResponderExcluirUm abraço.
Tenho duas amigas, uma do ES e outra do MA, que decidimos nos corresponder por cartas, mesmo que nos falemos todos os dias pelo MSN, orkut, etc...
ResponderExcluirNada substitui a "intimidade" que a carta escrita a mão nos passa!!!
Beijosss
Mie obrigado pela sua visita. Realmente é possível transmitir sentimentos pela rede. Mas acho que sou muito apegado ao toque/posse/lembrança que as cartad trazem.
ResponderExcluirDaqui a pouco descubro que tenho uma personalidade romântica.
Um abraço e volte sempre.
Dany concordo contigo. Intimidade! Quer maior invasão do que ter suas cartas lidas por outra pessoa?
ResponderExcluir.
Beijos.
si, si. mandar cartas é bonito. a gente sente mesmo que há alguém importante pra gente. Aliás, estou devendo duas cartas. Estou só esperando eu voltar de férias para enviá-las, porque feitas já estão!
ResponderExcluirUm beijo! :*
Também acho que as cartas são mais carinhosas, que carregam nossa energia, mas infelizmente estão virando peça de museu. Eu já nem lembro quando recebi minha última carta, apesar de gostar de enviá-las. O e-mail pode até ser prático e rápido, mas sempre há o botão de delete ao lado, dependendo da paciência do destinatário, aquelas linhas escritas com tanto carinho podem nem ser lidas.
ResponderExcluirMorgana acho que penso parecido contigo nesse ponto. Seja bem vinda e volte sempre.
ResponderExcluirUm abraço.
Mariana refletindo sobre o seu comentário eu cheguei a seguinte conclusão:
ResponderExcluirCarta quem recebe lê.
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Já o e-mail muitas vezes é deletado antes mesmo de ser aberto.
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Um abraço e volte sempre.
Gostei deste teu post. Concordo em algumas coisas ctgo e noutras nem por isso. Acho que as pessoas têm muito para dar. Só que tlvz já não saibam como ou não tenham a quem se dar.
ResponderExcluirA carta..tenho saudades do tempo em que pegava num folha em branco, numa caneta e sentava-me a escrever uma carta. Sempre fui de escrever cartas. Há anos que não o faço. O mail veio substituir esse gesto. E não apenas esse. Raramente escrevo à mão. E qdo o faço, percebo que a minha letra está feia, logo eu que sempre tive uma caligrafia bonita:))
Acho que temos de nos despedir das cartas escritas à mão. Temos de aceitar a tecnologia. Pergunto-me como serão as coisas na prx geração.
Beijo
Clara quem sabe um dia não rola um revival da carta. Assim como aconteceu com o vinil. Ai você mata as saudades.
ResponderExcluirUm abraço.
É mesmo uma pena que o hábito de nos correspondermos com amigos e parentes esteja acabando. Claro que o e-mail cumpre o papelo de manter contato, mas nem se compara com a emoção de receber uma carta convencional.
ResponderExcluirHoje em dia não mando muitas cartas, mas de vez em quando mando cartões postais do lugares por onde passo.
ResponderExcluirPelo menos é um lembrança que as pessoas podem guardar. Um sinal de que nos importamos com elas.
Um abraço moça.
E só agora li sua resposta:
ResponderExcluir"Vou colar seu comentário no word. Se ele for maior que o meu post eu vou me flagelar." Hahahahah!!!!! Não, não se flagele!, eu é que tenho essa mania de escrever e escrever e escrever e escrever e... opa, já acabou a folha???! Aqui, pelo menos no blogger, existe espaço pra esses comentários intermináveis! Só espero que você não tenha dormido na metade!!
E o comentário vai fazer parte do post sim, está salvo lá no rascunho do texto...!
Beijos moço!
É sempre bom receber uma carta... e eu gosto de escrever com caneta... de tinta permanente de preferência... mas a verdade é que é muito mais fácil, rápido e imediato mandar um e-mail...
ResponderExcluir:o)))***
O problema do e-mail é que ele não dá a mesma sensação quando é impresso e guardado na gaveta. Não há intimidade entre ele e o autor.
ResponderExcluirUm abraço Pérola.