sexta-feira, setembro 04, 2015

Desafio Escrito - Vale a pena tentar



Este é um roteiro que escrevi pra participar da primeira edição do Desafio Escrito. Este projeto prevê a criação de um texto por quinzena por todos os que desejarem participar. Quem já acompanha o Máquina de letras a mais tempo verá que a ideia não é original. De fato esse projeto já existia com outro nome e outras pessoas. Espero que este seja tão ou mais exitoso que o anterior e já agradeço ao pessoal do IFC de Luzerna e ao professor Antônio João Fidélis pela iniciativa.
Espero que gostem.


Título: Rebelde



CENA APARTAMENTO INT/DIA

Apartamento bagunçado e com poucas coisas. Algumas roupas jogadas, uma garrafa de bebida, dois copos sujos e sapatos num canto. No meio do quarto um colchão no qual estão deitadas a Cláudia e a NAMORADA trocando carícias.

(Som de campainha)

CLÁUDIA

Que saco! Atende lá a porta.

NAMORADA

Visita a essa hora! É foda.

A namorada abre uma fresta na porta e espia.

NAMORADA

Você?

MãE

Esse não é o apartamento da Cláudia?

NAMORADA

Cláudia é pra você.

Cláudia se levanta dá uma arrumada na roupa e passa a mão no cabelo. Caminha até a porta. Espia.

CLÁUDIA

Entra.

MÃE

Bom dia pra você também.

CLÁUDIA

O que tu quer?

MÃE

Nada. Só vim ver como você está. Fiquei curiosa sobre a sua nova casa.

CLÁUDIA

Ok. Fica a vontade. Aqui é o quarto/sala/cozinha e ali é banheiro. Obrigado pela visita.

MÃE

Então você deixou a nossa casa pra vim morar, nisso?

A namorada termina de se arrumar vai até a Cláudia dá-lhe um beijo, se despede da outra mulher e sai.

CLÁUDIA

Não precisava falar assim na frente dela.

MÃE

Desde quando eu tenho obrigações com a sua... "amiga".

CLÁUDIA

Desde que você está na minha casa. Minha casa, minhas regras. Por isso que eu saí de lá. Você me sufoca.

MÃE

Agora te educar como uma pessoa normal é sufocar.

CLÁUDIA

Normal! Normal o que mãe? Tu vive chapada de calmante pra não ter que encarar essa tua vida de bosta.

MÃE

São ordens médicas e agora vejo que o doutor tem razão só com remédios mesmo pra aguentar assistir minha filha se transformar numa perdida. Perdida e degenerada também.

CLÁUDIA

Ó que saber, vai a merda o que tu veio fazer aqui na minha casa fora ser grossa com a minha namorada e ficar me xingando?

MÃE

Filha... Eu vim te dar a chance de voltar. Engoli meu orgulho. Eu vim para te levar pra casa. 

CLÁUDIA

O que?

MÃE

Isso. Volta comigo teu quarto está do mesmo jeito que você deixou. É só largar essa....largar a....

CLÁUDIA

O que mãe? Largar a minha namorada? Largar a minha liberdade? Aqui eu faço o que quero e não dependo de ninguém. Não tenho mais que seguir o que você acha que é certo pra mim. Chega.

MÃE

Filha pensa bem. Isso não é lugar pra você.

CLÁUDIA

Se é ou não é quem decide isso sou eu e agora pode ir pra casa. Se era isso o que você tinha pra tratar comigo eu acho que já foi mais do que o suficiente. Já me ofendeu, ofendeu minha namorada, esculachou minha casa deu né.

Ela põe a mãe pra fora, fecha a porta e vai até a bolsa pegar um cigarro.

(Som de campainha)

Ela volta e abre a porta.

VIDAL

Já falei que não quero baixaria no prédio. Quer fazer barraco vai fazer na rua. Aqui tem gente que trabalha a noite e precisa dormir.

CLÁUDIA

Seu Vidal foi só hoje . Isso não vai acontecer de novo. Pode ter certeza.

VIDAL

Não quero mais me incomodar contigo.

CLÁUDIA

Não vai seu Vidal.

Ela começa a voltar pro apartamento. Antes de fechar a porta.

VIDAL

E o aluguel? Vai pagar quando?

CLÁUDIA

O seu Vidal! To correndo atrás. To batalhando. Eu vou pagar tudinho pro senhor. 

VIDAL

Você tem até sexta! Ou senão ponho você e suas tralhas na rua. Até sexta! Senão rua.


CENA ESCRITóRIO INT/DIA

(campainha de telefone)

PAI

JP empreendimentos Carlos bom dia!

CLÁUDIA

(Não ouvimos sua voz)

PAI

Oi filha tudo bem?

CLÁUDIA

(Não ouvimos sua voz)

PAI

Fica tranquila hoje mesmo eu deposito um dinheiro na sua conta.

fade out

(FIM)


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