Este é um roteiro que escrevi pra participar da primeira edição do Desafio Escrito. Este projeto prevê a criação de um texto por quinzena por todos os que desejarem participar. Quem já acompanha o Máquina de letras a mais tempo verá que a ideia não é original. De fato esse projeto já existia com outro nome e outras pessoas. Espero que este seja tão ou mais exitoso que o anterior e já agradeço ao pessoal do IFC de Luzerna e ao professor Antônio João Fidélis pela iniciativa.
Espero que gostem.
Título: Rebelde
CENA APARTAMENTO INT/DIA
Apartamento bagunçado e com poucas coisas. Algumas roupas jogadas, uma garrafa de bebida, dois copos sujos e sapatos num canto. No meio do quarto um colchão no qual estão deitadas a Cláudia e a NAMORADA trocando carícias.
(Som de campainha)
CLÁUDIA
Que saco! Atende lá a porta.
NAMORADA
Visita a essa hora! É foda.
A namorada abre uma fresta na porta e espia.
NAMORADA
Você?
MãE
Esse não é o apartamento da Cláudia?
NAMORADA
Cláudia é pra você.
Cláudia se levanta dá uma arrumada na roupa e passa a mão no cabelo. Caminha até a porta. Espia.
CLÁUDIA
Entra.
MÃE
Bom dia pra você também.
CLÁUDIA
O que tu quer?
MÃE
Nada. Só vim ver como você está. Fiquei curiosa sobre a sua nova casa.
CLÁUDIA
Ok. Fica a vontade. Aqui é o quarto/sala/cozinha e ali é banheiro. Obrigado pela visita.
MÃE
Então você deixou a nossa casa pra vim morar, nisso?
A namorada termina de se arrumar vai até a Cláudia dá-lhe um beijo, se despede da outra mulher e sai.
CLÁUDIA
Não precisava falar assim na frente dela.
MÃE
Desde quando eu tenho obrigações com a sua... "amiga".
CLÁUDIA
Desde que você está na minha casa. Minha casa, minhas regras. Por isso que eu saí de lá. Você me sufoca.
MÃE
Agora te educar como uma pessoa normal é sufocar.
CLÁUDIA
Normal! Normal o que mãe? Tu vive chapada de calmante pra não ter que encarar essa tua vida de bosta.
MÃE
São ordens médicas e agora vejo que o doutor tem razão só com remédios mesmo pra aguentar assistir minha filha se transformar numa perdida. Perdida e degenerada também.
CLÁUDIA
Ó que saber, vai a merda o que tu veio fazer aqui na minha casa fora ser grossa com a minha namorada e ficar me xingando?
MÃE
Filha... Eu vim te dar a chance de voltar. Engoli meu orgulho. Eu vim para te levar pra casa.
CLÁUDIA
O que?
MÃE
Isso. Volta comigo teu quarto está do mesmo jeito que você deixou. É só largar essa....largar a....
CLÁUDIA
O que mãe? Largar a minha namorada? Largar a minha liberdade? Aqui eu faço o que quero e não dependo de ninguém. Não tenho mais que seguir o que você acha que é certo pra mim. Chega.
MÃE
Filha pensa bem. Isso não é lugar pra você.
CLÁUDIA
Se é ou não é quem decide isso sou eu e agora pode ir pra casa. Se era isso o que você tinha pra tratar comigo eu acho que já foi mais do que o suficiente. Já me ofendeu, ofendeu minha namorada, esculachou minha casa deu né.
Ela põe a mãe pra fora, fecha a porta e vai até a bolsa pegar um cigarro.
(Som de campainha)
Ela volta e abre a porta.
VIDAL
Já falei que não quero baixaria no prédio. Quer fazer barraco vai fazer na rua. Aqui tem gente que trabalha a noite e precisa dormir.
CLÁUDIA
Seu Vidal foi só hoje . Isso não vai acontecer de novo. Pode ter certeza.
VIDAL
Não quero mais me incomodar contigo.
CLÁUDIA
Não vai seu Vidal.
Ela começa a voltar pro apartamento. Antes de fechar a porta.
VIDAL
E o aluguel? Vai pagar quando?
CLÁUDIA
O seu Vidal! To correndo atrás. To batalhando. Eu vou pagar tudinho pro senhor.
VIDAL
Você tem até sexta! Ou senão ponho você e suas tralhas na rua. Até sexta! Senão rua.
CENA ESCRITóRIO INT/DIA
(campainha de telefone)
PAI
JP empreendimentos Carlos bom dia!
CLÁUDIA
(Não ouvimos sua voz)
PAI
Oi filha tudo bem?
CLÁUDIA
(Não ouvimos sua voz)
PAI
Fica tranquila hoje mesmo eu deposito um dinheiro na sua conta.
fade out
(FIM)