Quem me conhece sabe que tenho pavor a fazer compras do mês, pra quem não me conhece é só ler aqui. Fico mau humorado só de pensar em tal situação. Não bastassem os problemas com estacionamento, filas nos caixas e crianças chorando ainda tenho que conviver com criaturas primitivas. Pra ilustrar o que eu digo segue o infeliz diálogo que presenciamos agora nas compras de janeiro.
Ela - Amor é pra levar o óleo de soja?
Ele - Só se for pra passar no teu cú!
Quando a mulher viu que estávamos escutando baixou a cabeça envergonhada e foi para outra direção empurrando suas compras e levando seus filhos.
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segunda-feira, janeiro 31, 2011
sábado, janeiro 29, 2011
Tristeza em Porto Alegre
Muitos bairros de Porto Alegre possuem nomes iguais de outras cidades. Floresta, Glória, Petrópolis, Boa Vista e Vila Nova, por exemplo, são nomes adotados por Joinville e Porto Alegre. Um nome de bairro da capital do Rio Grande do Sul chamou muito a minha atenção e me deixou espantada.
Enquanto passeávamos no ônibus da linha turismo da cidade, passamos na parte sul por um bairro chamado... Tristeza. Tristeza? Minha amiga Léo logo me disse que era o apelido de um homem que vivia na região. Depois o apelido virou o sobrenome dele. Como pode uma cidade ter a palavra “alegre” no seu nome e possuir um lugar chamado Tristeza? Por que não Alegria? Se eu morasse nessa região, eu não ia gostar de dizer que minha casa fica na Tristeza. Muitos estabelecimentos adotaram Tristeza no nome. Já imaginou serem atendidos desta forma: “Clínica Médica Tristeza, Ana Paula, bom dia”?
A região é linda, mas isso não me impediu de deixar um pouco triste e curiosa de saber mais sobre o homem que adotou Tristeza como apelido e sobrenome. Consultei a internet e encontrei somente aqui.
Preferia mudar o nome do bairro, mas percebi que ele está bem consolidado na cidade, ou seja, já tem uma identidade forte. Talvez os porto-alegrenses estejam habituados com esse nome e nem dão importância ao seu significado.
Este é o último post que escrevo sobre a minha viagem para Porto Alegre em novembro de 2010. Nada de tristeza. Só alegria. Para fechar com chave de ouro o relato dos meus dias na capital dos gaúchos, dou esta linda imagem do Parque Moinhos de Vento, conhecido como parcão, a todos os leitores deste blogue.
Enquanto passeávamos no ônibus da linha turismo da cidade, passamos na parte sul por um bairro chamado... Tristeza. Tristeza? Minha amiga Léo logo me disse que era o apelido de um homem que vivia na região. Depois o apelido virou o sobrenome dele. Como pode uma cidade ter a palavra “alegre” no seu nome e possuir um lugar chamado Tristeza? Por que não Alegria? Se eu morasse nessa região, eu não ia gostar de dizer que minha casa fica na Tristeza. Muitos estabelecimentos adotaram Tristeza no nome. Já imaginou serem atendidos desta forma: “Clínica Médica Tristeza, Ana Paula, bom dia”?
A região é linda, mas isso não me impediu de deixar um pouco triste e curiosa de saber mais sobre o homem que adotou Tristeza como apelido e sobrenome. Consultei a internet e encontrei somente aqui.
Preferia mudar o nome do bairro, mas percebi que ele está bem consolidado na cidade, ou seja, já tem uma identidade forte. Talvez os porto-alegrenses estejam habituados com esse nome e nem dão importância ao seu significado.
Este é o último post que escrevo sobre a minha viagem para Porto Alegre em novembro de 2010. Nada de tristeza. Só alegria. Para fechar com chave de ouro o relato dos meus dias na capital dos gaúchos, dou esta linda imagem do Parque Moinhos de Vento, conhecido como parcão, a todos os leitores deste blogue.
Lu Vieira
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quinta-feira, janeiro 27, 2011
Outra volta do parafuso
Uma novela de terror, ou de loucura, escrita por Henry James. Possivelmente o mais famoso trabalho do autor o que me parece muito estranho, pois a qualidade da história recomenda a leitura de outras obras do autor. Com certeza essa novela deve figurar no panteão dos livros de duplo sentido, ao lado do grande conto de Guy de Maupassant "O Horla".
Tudo começa numa reunião de amigos onde surge uma história de fantasmas envolvendo uma criança. Então um dos presentes sugere uma outra historia só que agora com duas crianças que é pra dar outra volta no parafuso ou seja tornar o caso ainda mais terrível que a história anteriormente narrada. Dessa forma surge o manuscrito de uma jovem preceptora que aceita a tarefa de educar um casal de crianças numa remota propriedade rural. A única exigência do patrão, um playboy sedutor, era jamais ser incomodado com assuntos referentes aos sobrinhos que ele deixava aos cuidados dela.
Jovem, humilde e sem experiência de vida ela deixou-se iludir pelos encantos do seu empregador e aceitou uma árdua tarefa sem refletir sobre as possíveis consequencias de sua escolha.
Logo ela se vê frente à frente ao mais encantador e perfeito par de crianças de todo o mundo. Tão perfeitos que possivelmente despertaram o desejo de obscuras criaturas do mundo dos mortos. Pouco tempo depois de sua chegada sons, pressentimentos e aparições começam a por em xeque a sanidade e os nervos da preceptora. Podendo contar apenas com o apoio de uma fiel governanta os dias se passam em busca do equilíbrio mental, da proteção das crianças e da solução do mistério que envolve as aparições.
O que eles querem?
Eles realmente existem?
As crianças sabem sobre eles?
O que fazer para salvar as crianças?
E o que elas tem de tão especial?
Henry James não vai dar as respostas. Creio que nem mesmo ele as tinha. E aí está aquilo que eu considero a genialidade da obra. Apesar de todas as aparições, sustos e coisas estranhas a única que podemos ter certeza de que vê alguma coisa é a jovem tutora. E como ela mesma põe em dúvida a própria sanidade ficamos o tempo todo entre acreditar ou não acreditar nela. O que nos leva ao final do livro que termina sem bater o martelo sobre os fantasmas serem de verdade ou não. O autor conduz a história com segurança levando-a a momentos de angústia, incerteza e desespero. A novela não é demasiado curta ou excessivamente longa. Começa num ritmo lento e vai aumentando conforme se aproxima do fim. E o clímax só é atingido na última frase do livro.
Com um final seco e sem mais explicações ele arremata uma ótima obra.
Segundo pequena biografia no final do livro o autor "atravessou uma profícua fase fantástica, cuja obra-modelo foi, sem dúvida, Outra volta do parafuso, culminando com os antológicos romances Os Embaixadores e A Taça Dourada."
Pelo que li nessa obra não terei receio em adquirir um outro trabalho de Henri James. Um escritor que recomendo sem medo. (Para aqueles que gostam de sentir medo)
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sexta-feira, janeiro 21, 2011
Muitos parques em Porto Alegre
Durante os dois passeios do ônibus linha turismo oferecido pela cidade, um na região sul e outro na parte norte, vi encantada os inúmeros parques e muita gente usando esses locais. Caminhada, corrida, pedalada, sentada no banco observando a movimentação do lugar e na grama com ou sem toalha conversando com amigos ou lendo, crianças se divertindo nos brinquedos eram as atividades que as pessoas estavam fazendo. Tive vontade de descer do veículo e entrar em um dos parques. Mas eu sabia que logo teria essa oportunidade.
Já escrevi aqui e no blogue Panaceia: doses regulares de como adoro ir a parques.
Ainda nos passeios do ônibus, percebi que Porto Alegre possui muitas árvores espalhadas em quase todas as suas ruas. Nos outros dias, andei com a minha amiga Léo e notei que elas são bem cuidadas, assim como os parques visitados.
Visitei dois parques enormes e fascinantes: o Parque Moinhos de Vento, mais conhecido como parcão, e o Parque Farroupilha (Redenção). No parcão, caminhamos e sentamos no banco para papear e observar as pessoas. Em frente ao Parque da Redenção, fizemos um gostoso lanche na Confeitaria Maomé, instalada numa edificação antiga. Enquanto degustávamos o lanche, notei várias pessoas sentadas nos bancos do parque. Fiquei impressionada e minha amiga disse que isso é muito comum. Lamentamos que em algumas cidades as praças sejam abandonadas e frequentadas por mendigos e viciados em drogas. Até vi casais namorando! Em plena segunda-feira! Isso não significa que a cidade é livre de assaltos e violência. Há de ter cuidado e minha amiga citou os lugares perigosos da capital, principalmente no período noturno.
O Parque da Redenção oferece o brique aos domingos, um evento com barracas de artesanato, artes plásticas, alimentação e antiguidades. Um show ver as inúmeras variedades de produtos no local.
Dos posts escritos sobre a cidade, dá para perceber que estou apaixonada por Porto Alegre. E por bons motivos, concordam? Não, ainda não terminei de escrever sobre a capital gaúcha. Vou contar mais.
Lu Vieira
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Já escrevi aqui e no blogue Panaceia: doses regulares de como adoro ir a parques.
Ainda nos passeios do ônibus, percebi que Porto Alegre possui muitas árvores espalhadas em quase todas as suas ruas. Nos outros dias, andei com a minha amiga Léo e notei que elas são bem cuidadas, assim como os parques visitados.
Visitei dois parques enormes e fascinantes: o Parque Moinhos de Vento, mais conhecido como parcão, e o Parque Farroupilha (Redenção). No parcão, caminhamos e sentamos no banco para papear e observar as pessoas. Em frente ao Parque da Redenção, fizemos um gostoso lanche na Confeitaria Maomé, instalada numa edificação antiga. Enquanto degustávamos o lanche, notei várias pessoas sentadas nos bancos do parque. Fiquei impressionada e minha amiga disse que isso é muito comum. Lamentamos que em algumas cidades as praças sejam abandonadas e frequentadas por mendigos e viciados em drogas. Até vi casais namorando! Em plena segunda-feira! Isso não significa que a cidade é livre de assaltos e violência. Há de ter cuidado e minha amiga citou os lugares perigosos da capital, principalmente no período noturno.
O Parque da Redenção oferece o brique aos domingos, um evento com barracas de artesanato, artes plásticas, alimentação e antiguidades. Um show ver as inúmeras variedades de produtos no local.
Dos posts escritos sobre a cidade, dá para perceber que estou apaixonada por Porto Alegre. E por bons motivos, concordam? Não, ainda não terminei de escrever sobre a capital gaúcha. Vou contar mais.
Lu Vieira
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I hit my dog
Sunday was not so easy as it should be. After let the visits to their homes, I ran over the dog when get in the garage. Shock was light, but at the same instant I knew what had happened. I needed no cries or barks, it was clear to me that the tire passed over the Lan. My daughter cried and the tears flowed. My wife faster take the animal to help him. I went to Internet search for a veterinary clinic. Soon after the incident, the pet was quiet. There were no signs of bleeding or injury. We waited a little. I even thought about not going to the vet, but as the Lan showed no signs of improvement or worsening decided the best thing to do was take the question at once or no one would sleep that night.
Sunday is a day of empty, roads and clinics. At least what we found that day. We were the only customers on site and were met quickly. At first sight all right. The X-ray also showed no fractures. The doctor concluded that Lan is a very lucky dog and recommended remedy for pain, antiseptic and relaxing. In next weekend we will return to check how her recovery.
Time to pay the bill:
Analgesic
+
Antiseptic
+
Canned dog feed
+
X-Ray
+
Consultation
Total U$ 130.00
When the girl returned my credit card, I asked:
- It was good to you?
Now that Lan is out of danger and recovering well it's easy to speak, but until Tuesday there was still a certain fear in the air.
quinta-feira, janeiro 20, 2011
Atropelei meu cachorro
O domingo não foi tão fácil quanto deveria ser. Depois de levar as visitas às suas casas, atropelei o cachorro na hora de guardar o carro. Foi sobressalto leve, mas no mesmo instante eu soube o que havia acontecido. Não precisava de gritos ou latidos, era claro pra mim que o pneu passara por cima da Lan. Minha filha gritava e as lágrimas corriam. Minha esposa foi acudir o animal. Eu fui pra internet procurar uma clínica veterinária. Logo após o ocorrido, o bichinho ficou quieto. Não havia sinais de sangramento ou lesão. Esperamos um pouco. Até pensei em não ir ao veterinário, mas como a Lan não apresentava sinais de melhora ou piora decidimos que o melhor a fazer era tirar a dúvida de uma vez ou ninguém iria dormir naquela noite.
Domingo é dia de estradas vazias e clínicas também. Pelo menos foi o que encontramos naquele dia. Éramos os únicos clientes no local e fomos atendidos rapidamente. A primeira vista tudo bem. O raio -X também não apresentou fraturas. A doutora concluiu que a Lan é uma cadela de muita sorte e recomendou remédio pra dor, anti-séptico e repouso. Agora no final de semana devemos retornar para conferir como vai a recuperação dela.
Na hora de pagar a conta:
Quando a moça me devolveu o cartão de crédito, perguntei:
- Foi bom pra você?
Agora que a Lan está fora de perigo e se recuperando bem ficou fácil de falar, mas até terça-feira ainda havia um certo medo no ar.
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Domingo é dia de estradas vazias e clínicas também. Pelo menos foi o que encontramos naquele dia. Éramos os únicos clientes no local e fomos atendidos rapidamente. A primeira vista tudo bem. O raio -X também não apresentou fraturas. A doutora concluiu que a Lan é uma cadela de muita sorte e recomendou remédio pra dor, anti-séptico e repouso. Agora no final de semana devemos retornar para conferir como vai a recuperação dela.
Na hora de pagar a conta:
Analgésico
+
Anti-séptico
+
Lata de ração
+
Raio-X
+
Consulta
Total R$ 220,00
Quando a moça me devolveu o cartão de crédito, perguntei:
- Foi bom pra você?
Agora que a Lan está fora de perigo e se recuperando bem ficou fácil de falar, mas até terça-feira ainda havia um certo medo no ar.
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quarta-feira, janeiro 19, 2011
O preço da igualdade
Mariana nasceu no meio de todos, cresceu longe de todos, mas não longe de tudo.
Era uma menina sonhadora. Como qualquer criança queria ser princesa, morar em um castelo e dar muitas e muitas festas. Mas a menina não tinha amigos, pois ela tinha nascido um pouco diferente das outras crianças. Suas pernas tortas faziam com que seus pés fossem virados para os lados de fora. Seus braços eram muito mais longos que o normal. E sua face era a parte do corpo que mais chamava atenção, visto que ela tinha um olho enorme bem no meio da testa. Por causa de todas essas peculiaridades os pais da garota decidiram criá-la numa fazenda distante e isolada. Onde ela poderia passear livremente sem sofrer a discriminação das outras crianças. Para lá seu pai levou muitos livros para que eles fizessem parte da educação e do dia a dia de Mariana.
Os anos se passaram e como era sozinha logo teve que aprender a brincar com borboletas, grilos, lagartos e qualquer bicho que cruzasse o seu caminho. Certo dia acordou e ao calçar os chinelos sentiu um arrepio gelado correr sobre o seu pé. No susto jogou a sandália longe e sentou na cama. Lá de cima vasculhou o chão e viu uma pequena lagartixa fugindo e perto de onde estavam seus calçados repousava o pequenino rabo que a criaturinha soltara na hora do susto. Mariana surpreendeu-se ao ver o bichinho mutilado e sentiu um aperto no peito. Afinal os animais eram os seus únicos amigos e jamais gostaria de trazer sofrimento a qualquer que fosse o bichinho. Saiu da cama, catou o membro amputado e foi em busca da lagartixa que tinha corrido para um canto do quarto. Com calma, foi se aproximando. Tomando muito cuidado para não assustar o réptil e nem perdê-lo de vista. Não sabia muito bem o que fazer, mas achou que o mais certo era devolver o rabo perdido. O animal não se mexeu e então Mariana depositou a cauda aos pés do bichinho com um pedido de desculpas e alguns suspiros muito sentidos.
- Não precisa ficar assim. Isso é normal, hoje cai, amanhã volta e assim em diante.
O susto foi grande, mas passou logo e quando menos se esperava lá estavam as duas tagarelando pra cima e pra baixo. Mariana agora tinha uma nova melhor amiga. Muito melhor que as antigas amigas imaginárias. A dona lagartixa sabia muitas coisas e conversavam sobre tudo e sobre nada também.
Quando a menina chegou perto dos quinze anos ela passou a ficar mais tempo trancada dentro do seu quarto e não era difícil encontrá-la triste e chorando nestes dias. Preocupada com a crescente tristeza da amiga a lagartixa resolveu ser direta e perguntar-lhe o que tinha acontecido.
- Sabe o que é dona lagartixa, desde pequenininha eu sonhava com um baile lindo, uma festa com muita gente, comida, bebida, danças, vestidos e tudo aquilo que eu sempre li nos livros lá de casa. Mas que graça teria uma festa em que eu convidasse todos os meus amigos? Seria o verdadeiro baile da floresta! Eu, os insetos e as feras. E que eu saiba os bichos não sabem dançar. Eu seria capaz de qualquer coisa pra ter uma festa de verdade.
- Entendo - respondeu a lagartixa que ficou ali assistindo a menina chorar em meio a soluços e lágrimas. Por fim a ela disse – Não fique assim Mariana. Vou ver o que posso fazer por ti. Espere por mim devo voltar com uma resposta daqui a um mês, quando a lua estiver cheia de novo. Enquanto isso, não chore e nem fique triste.
…
Um mês depois, quando a lua cheia brilhava num céu sem estrelas três batidas na porta anunciavam uma visita.
- Quem é você? – perguntou desconfiado o pai da menina. A sua frente uma linda jovem que deveria ter a mesma idade de sua filha.
- Sou Morgana, uma antiga amiga de Mariana. Eu poderia vê-la agora?
- Como assim amiga de Mariana? Minha filha nunca disse nada sobre conhecer outra menina. – foi o comentário da mãe que se juntava à dupla na porta.
- Ela pode não ter falado de mim, mas com certeza ela me conhece. Diga que tem uma amiga dela na porta. Aquela que um dia disse para ela não se preocupar com o rabo das lagartixas. Isso é o suficiente pra ela me reconhecer.
A mãe subiu e logo voltou com Mariana que não acreditava no que via. Na sua frente a dona lagartixa transformada em menina. Mas quando ela repetiu a história daquela longínqua manhã em que fizeram o primeiro contato, todas as dúvidas de Mariana se desvaneceram e as meninas se abraçaram com a força que a saudade fez crescer durante a separação. As duas pediram licença e foram conversar a sós no quarto.
- Morgana, conte-me tudo. Onde esteve? O que fez? E principalmente como você fez pra ficar assim?
- Mariana, eu estive em lugares distantes e muito perigosos. Enfrentei dificuldades e fiz tudo o que foi preciso pra realizar o seu sonho. Eu sabia que isso era muito importante pra você.
- Adorei. Você ficou tão linda. E esse segundo olho… eu queria tanto ter um assim também.
- Ótimo, então a boa notícia é que você também pode ficar assim.
- Óh, Morgana! O que seria de mim sem a sua amizade?
- Deixe disso, sei que você faria o mesmo por mim e não me agradeça até que tudo esteja terminado. Mas antes de tudo eu tenho uma pergunta pra te fazer. Você está mesmo disposta a trocar o que você é pra se tornar igual a todos os outros?
- É claro.
- Não importa o que aconteça?
- Eu seria capaz de qualquer coisa.
- Ótimo! Então vamos em frente porque o nosso tempo é curto
…
No outro dia Mariana também já era uma linda menina com pés virados pra frente, braços normais e dois olhos no rosto. Levou alguns dias a mais para se adaptar a enxergar o mundo daquele jeito esquisito, mas se papai e mamãe conseguiam, ela também conseguiria. Porém, a dificuldade maior foi aprender a equilibrar-se com os pés virados de uma maneira tão estranha. Enquanto isso, Morgana corria a cidade convidando as pessoas para o baile de debutante que o pai de Mariana ofereceria dali a quinze dias. Uma festa na qual ele estava disposto a gastar metade de todo o dinheiro que ganhara em toda a sua vida. Morgana encantava todos os que a conheciam. As meninas a invejavam e os meninos a desejavam. E a antiga lagartixa sorriu sabendo que o baile seria um sucesso completo e inesquecível.
Conforme o dia se aproximava as lições de dança com o pai se intensificavam. Morgana fazia questão de cuidar pessoalmente do preparo dos pratos e das bebidas que seriam servidas na festa. A mãe de Mariana corria de um lado para outro acertando os preparativos da decoração e dos músicos. Todos os detalhes deveriam ser impecáveis e dignos da comemoração da cura da filha e sua apresentação à sociedade.
Na noite do baile, Morgana cobriu Mariana com o mais belo vestido que puderam comprar, sapatos prateados faziam parte do conjunto. Os longos cabelos negros foram penteados e presos com uma linda tiara reluzente. De frente para o espelho, o que mais chamava a atenção da moça não era a riqueza dos bordados do vestido ou o brilho da pedraria da tiara. A atenção estava toda depositada nos braços delicados, nos pés apontando pra frente e pro olho adicional que havia ganho. Sorriu porque agora era igual a todo mundo que se dizia normal.
Mariana virou para o lado e viu sua amiga sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.
- Não chore hoje é dia de alegria.
- Não é tristeza, é emoção. Lembra que tudo tem um preço? Hoje é a nossa última noite juntas. Porque depois que tudo estiver terminado não poderei ficar aqui.
- Pra onde você vai?
- Pra onde eu vou, você não pode ir. Mas saiba que eu te amo muito e que tudo o que fiz foi pela nossa amizade – enxugou as lágrimas e continuou – Agora vamos porque fica feio a debutante se atrasar pra festa.
A entrada seria triunfal. Lançou um olhar para o salão lotado de brilho e beleza. Maravilhada com a existência de tantas meninas em sua cidade ela lembrou-se do tempo que só tinha os bichos como amigos. Lado a lado Morgana e Mariana desceram as escadarias cobertas com um tapete vermelho e chegaram até o centro do salão. Logo iniciaram os acordes da primeira valsa. Com o pai, ela rodopiou pelo salão como a personificação da graça e beleza juvenil. A felicidade resplandecia em seu rosto. Por ela o mundo poderia acabar ali mesmo, naquele instante e ela já seria feliz porque sua vida teria valido a pena. Mas depois da valsa com o pai veio outra com o “príncipe”, na verdade ele era apenas o rapaz mais belo da aldeia.
Uma hora de festa já havia passado e no meio de todas as danças, brilhos, vestidos, flores e sonhos, Morgana correu o salão distribuindo bebidas para um brinde especial.
Mariana ergueu a taça, no que foi imitada por todos e propôs o brinde.
- Que todos bebamos à felicidade e que a minha seja a mesma para vocês.
Logo após o brinde todas as pessoas presentes estavam transformadas em aberrações.
Desde então Mariana nunca mais se sentiu sozinha, pois todos eram muito parecidos com ela.
Conto escrito para o blogue "Duelo de escritores"
Pra quem não sabe o argumento do conto foi dado pela minha esposa, que depois de me assistir rodando pela casa e resmungando pelos cantos sem chegar a lugar nenhum, tomou a iniciativa de me ajudar. Ela escreveu um conto do jeito dela e passou para mim. Aí eu amarrei os fios soltos, arrumei aqui, ajeitei ali e saiu esse trabalho.
Então já aproveito pra regisrar o meu agradecimento a ela.
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Era uma menina sonhadora. Como qualquer criança queria ser princesa, morar em um castelo e dar muitas e muitas festas. Mas a menina não tinha amigos, pois ela tinha nascido um pouco diferente das outras crianças. Suas pernas tortas faziam com que seus pés fossem virados para os lados de fora. Seus braços eram muito mais longos que o normal. E sua face era a parte do corpo que mais chamava atenção, visto que ela tinha um olho enorme bem no meio da testa. Por causa de todas essas peculiaridades os pais da garota decidiram criá-la numa fazenda distante e isolada. Onde ela poderia passear livremente sem sofrer a discriminação das outras crianças. Para lá seu pai levou muitos livros para que eles fizessem parte da educação e do dia a dia de Mariana.
Os anos se passaram e como era sozinha logo teve que aprender a brincar com borboletas, grilos, lagartos e qualquer bicho que cruzasse o seu caminho. Certo dia acordou e ao calçar os chinelos sentiu um arrepio gelado correr sobre o seu pé. No susto jogou a sandália longe e sentou na cama. Lá de cima vasculhou o chão e viu uma pequena lagartixa fugindo e perto de onde estavam seus calçados repousava o pequenino rabo que a criaturinha soltara na hora do susto. Mariana surpreendeu-se ao ver o bichinho mutilado e sentiu um aperto no peito. Afinal os animais eram os seus únicos amigos e jamais gostaria de trazer sofrimento a qualquer que fosse o bichinho. Saiu da cama, catou o membro amputado e foi em busca da lagartixa que tinha corrido para um canto do quarto. Com calma, foi se aproximando. Tomando muito cuidado para não assustar o réptil e nem perdê-lo de vista. Não sabia muito bem o que fazer, mas achou que o mais certo era devolver o rabo perdido. O animal não se mexeu e então Mariana depositou a cauda aos pés do bichinho com um pedido de desculpas e alguns suspiros muito sentidos.
- Não precisa ficar assim. Isso é normal, hoje cai, amanhã volta e assim em diante.
O susto foi grande, mas passou logo e quando menos se esperava lá estavam as duas tagarelando pra cima e pra baixo. Mariana agora tinha uma nova melhor amiga. Muito melhor que as antigas amigas imaginárias. A dona lagartixa sabia muitas coisas e conversavam sobre tudo e sobre nada também.
Quando a menina chegou perto dos quinze anos ela passou a ficar mais tempo trancada dentro do seu quarto e não era difícil encontrá-la triste e chorando nestes dias. Preocupada com a crescente tristeza da amiga a lagartixa resolveu ser direta e perguntar-lhe o que tinha acontecido.
- Sabe o que é dona lagartixa, desde pequenininha eu sonhava com um baile lindo, uma festa com muita gente, comida, bebida, danças, vestidos e tudo aquilo que eu sempre li nos livros lá de casa. Mas que graça teria uma festa em que eu convidasse todos os meus amigos? Seria o verdadeiro baile da floresta! Eu, os insetos e as feras. E que eu saiba os bichos não sabem dançar. Eu seria capaz de qualquer coisa pra ter uma festa de verdade.
- Entendo - respondeu a lagartixa que ficou ali assistindo a menina chorar em meio a soluços e lágrimas. Por fim a ela disse – Não fique assim Mariana. Vou ver o que posso fazer por ti. Espere por mim devo voltar com uma resposta daqui a um mês, quando a lua estiver cheia de novo. Enquanto isso, não chore e nem fique triste.
…
Um mês depois, quando a lua cheia brilhava num céu sem estrelas três batidas na porta anunciavam uma visita.
- Quem é você? – perguntou desconfiado o pai da menina. A sua frente uma linda jovem que deveria ter a mesma idade de sua filha.
- Sou Morgana, uma antiga amiga de Mariana. Eu poderia vê-la agora?
- Como assim amiga de Mariana? Minha filha nunca disse nada sobre conhecer outra menina. – foi o comentário da mãe que se juntava à dupla na porta.
- Ela pode não ter falado de mim, mas com certeza ela me conhece. Diga que tem uma amiga dela na porta. Aquela que um dia disse para ela não se preocupar com o rabo das lagartixas. Isso é o suficiente pra ela me reconhecer.
A mãe subiu e logo voltou com Mariana que não acreditava no que via. Na sua frente a dona lagartixa transformada em menina. Mas quando ela repetiu a história daquela longínqua manhã em que fizeram o primeiro contato, todas as dúvidas de Mariana se desvaneceram e as meninas se abraçaram com a força que a saudade fez crescer durante a separação. As duas pediram licença e foram conversar a sós no quarto.
- Morgana, conte-me tudo. Onde esteve? O que fez? E principalmente como você fez pra ficar assim?
- Mariana, eu estive em lugares distantes e muito perigosos. Enfrentei dificuldades e fiz tudo o que foi preciso pra realizar o seu sonho. Eu sabia que isso era muito importante pra você.
- Adorei. Você ficou tão linda. E esse segundo olho… eu queria tanto ter um assim também.
- Ótimo, então a boa notícia é que você também pode ficar assim.
- Óh, Morgana! O que seria de mim sem a sua amizade?
- Deixe disso, sei que você faria o mesmo por mim e não me agradeça até que tudo esteja terminado. Mas antes de tudo eu tenho uma pergunta pra te fazer. Você está mesmo disposta a trocar o que você é pra se tornar igual a todos os outros?
- É claro.
- Não importa o que aconteça?
- Eu seria capaz de qualquer coisa.
- Ótimo! Então vamos em frente porque o nosso tempo é curto
…
No outro dia Mariana também já era uma linda menina com pés virados pra frente, braços normais e dois olhos no rosto. Levou alguns dias a mais para se adaptar a enxergar o mundo daquele jeito esquisito, mas se papai e mamãe conseguiam, ela também conseguiria. Porém, a dificuldade maior foi aprender a equilibrar-se com os pés virados de uma maneira tão estranha. Enquanto isso, Morgana corria a cidade convidando as pessoas para o baile de debutante que o pai de Mariana ofereceria dali a quinze dias. Uma festa na qual ele estava disposto a gastar metade de todo o dinheiro que ganhara em toda a sua vida. Morgana encantava todos os que a conheciam. As meninas a invejavam e os meninos a desejavam. E a antiga lagartixa sorriu sabendo que o baile seria um sucesso completo e inesquecível.
Conforme o dia se aproximava as lições de dança com o pai se intensificavam. Morgana fazia questão de cuidar pessoalmente do preparo dos pratos e das bebidas que seriam servidas na festa. A mãe de Mariana corria de um lado para outro acertando os preparativos da decoração e dos músicos. Todos os detalhes deveriam ser impecáveis e dignos da comemoração da cura da filha e sua apresentação à sociedade.
Na noite do baile, Morgana cobriu Mariana com o mais belo vestido que puderam comprar, sapatos prateados faziam parte do conjunto. Os longos cabelos negros foram penteados e presos com uma linda tiara reluzente. De frente para o espelho, o que mais chamava a atenção da moça não era a riqueza dos bordados do vestido ou o brilho da pedraria da tiara. A atenção estava toda depositada nos braços delicados, nos pés apontando pra frente e pro olho adicional que havia ganho. Sorriu porque agora era igual a todo mundo que se dizia normal.
Mariana virou para o lado e viu sua amiga sorrindo com os olhos cheios de lágrimas.
- Não chore hoje é dia de alegria.
- Não é tristeza, é emoção. Lembra que tudo tem um preço? Hoje é a nossa última noite juntas. Porque depois que tudo estiver terminado não poderei ficar aqui.
- Pra onde você vai?
- Pra onde eu vou, você não pode ir. Mas saiba que eu te amo muito e que tudo o que fiz foi pela nossa amizade – enxugou as lágrimas e continuou – Agora vamos porque fica feio a debutante se atrasar pra festa.
A entrada seria triunfal. Lançou um olhar para o salão lotado de brilho e beleza. Maravilhada com a existência de tantas meninas em sua cidade ela lembrou-se do tempo que só tinha os bichos como amigos. Lado a lado Morgana e Mariana desceram as escadarias cobertas com um tapete vermelho e chegaram até o centro do salão. Logo iniciaram os acordes da primeira valsa. Com o pai, ela rodopiou pelo salão como a personificação da graça e beleza juvenil. A felicidade resplandecia em seu rosto. Por ela o mundo poderia acabar ali mesmo, naquele instante e ela já seria feliz porque sua vida teria valido a pena. Mas depois da valsa com o pai veio outra com o “príncipe”, na verdade ele era apenas o rapaz mais belo da aldeia.
Uma hora de festa já havia passado e no meio de todas as danças, brilhos, vestidos, flores e sonhos, Morgana correu o salão distribuindo bebidas para um brinde especial.
Mariana ergueu a taça, no que foi imitada por todos e propôs o brinde.
- Que todos bebamos à felicidade e que a minha seja a mesma para vocês.
Logo após o brinde todas as pessoas presentes estavam transformadas em aberrações.
Desde então Mariana nunca mais se sentiu sozinha, pois todos eram muito parecidos com ela.
Conto escrito para o blogue "Duelo de escritores"
Pra quem não sabe o argumento do conto foi dado pela minha esposa, que depois de me assistir rodando pela casa e resmungando pelos cantos sem chegar a lugar nenhum, tomou a iniciativa de me ajudar. Ela escreveu um conto do jeito dela e passou para mim. Aí eu amarrei os fios soltos, arrumei aqui, ajeitei ali e saiu esse trabalho.
Então já aproveito pra regisrar o meu agradecimento a ela.
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terça-feira, janeiro 18, 2011
Mais um selo pra nossa história
Pessoal a Gerlane do blogue A EmOCiDaDe De GÊ! nos contemplou como selo acima. Então aqui vai o nosso agradecimento e o necessário para continuar a brincadeira. Como não sou bom em seguir regras vou quebrar a primeira e deixar livre pra quem quiser participar é só copiar o texto e levar a brincadeira para o seu blogue.
Regras:
1. Repassar o selo a 15 blogs e avisar.
2. Responder as perguntas:
Nome: L.S. Alves
Uma música: Sociedade alternativa - Raul Seixas.
Humor: É um sinal de inteligência
Uma cor: Verde
Uma estação: Inverno
Como prefere viajar: De carro.
Um seriado: Louco por você
Frase e/ou palavra mais dita por você: P*rra
O que achou do selo: É bom ser lembrado.
E agora as respostas da Lu.
Nome: Lu Vieira
Uma música: É preciso saber viver - Titãs
Humor: Uma necessidade para descontrair o corpo e a mente
Uma cor: Amarela
Uma estação: Verão
Como prefere viajar: De avião
Um seriado: Law & Order: Special Victims Unit
Frase e/ou palavra mais dita por você: Tudo certo
O que achou do selo: Foi bom pensar nas minhas preferências e no meu comportamento
Participe também da brincadeira e avise para a gente conhecer as suas respostas no seu blogue.
sábado, janeiro 15, 2011
Muitas construções antigas de Porto Alegre
O ano novo já está aí e continuo contando aqui sobre a minha viagem para Porto Alegre em novembro de 2010. Agora trato sobre as muitas edificações antigas que encontrei na capital gaúcha.
Gosto muito de observar as construções históricas. Afinal, elas também contam a sua história, principalmente da época em que foram erguidas. Além do encanto de ver inúmeras arquiteturas antigas, notei que elas não ficam numa área específica. Explico melhor: Porto Alegre possui edificações históricas em todos os seus cantos. No centro e nos bairros. Das grandes cidades que conheço, as construções antigas estão numa área específica, geralmente denominada de “centro histórico”.
Muitas edificações antigas do centro de Porto Alegre precisam de reforma e pintura com cores mais alegres e vivas. A maioria é na cor branca, cinza ou sem cor. Já nos bairros da cidade a situação é melhor. Estão conservadas e me surpreendi em ver que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está restaurando os seus prédios antigos como os da Faculdade de Medicina, da de Direito e da de Engenharia.
Gosto muito de observar as construções históricas. Afinal, elas também contam a sua história, principalmente da época em que foram erguidas. Além do encanto de ver inúmeras arquiteturas antigas, notei que elas não ficam numa área específica. Explico melhor: Porto Alegre possui edificações históricas em todos os seus cantos. No centro e nos bairros. Das grandes cidades que conheço, as construções antigas estão numa área específica, geralmente denominada de “centro histórico”.
Muitas edificações antigas do centro de Porto Alegre precisam de reforma e pintura com cores mais alegres e vivas. A maioria é na cor branca, cinza ou sem cor. Já nos bairros da cidade a situação é melhor. Estão conservadas e me surpreendi em ver que a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) está restaurando os seus prédios antigos como os da Faculdade de Medicina, da de Direito e da de Engenharia.
Fiquei com a boa impressão de que Porto Alegre valoriza as suas edificações. Em vez de demolir, restaura. Meus aplausos para a capital gaúcha. Restaurar e cuidar da arquitetura antiga são formas de contar a história da cidade sem apagar a imagem.
Além dos prédios da UFRGS, eu me encantei com a sede do Departamento Municipal de Águas e Esgoto (DMAE). Possui traços semelhantes com o Palácio de Versalhes, da França. Comentei com a minha amiga Léo que gostaria de ser figurante de um filme tendo como ambiente os tempos antigos. Usar uma roupa diferente e se comportar de acordo com a época retratada devem ser uma boa aula de história.
O Mercado Público da cidade é fascinante. Está instalado num prédio histórico que chegou a ser cogitado para a demolição e dar lugar a uma avenida. O povo gaúcho disse “não”, lutou e conseguiu deixar o Mercado Público onde está até hoje. Pude sentir o bom cheiro dos peixes e fiquei com água na boca. Havia muitos produtos alimentícios caseiros. Também artesanato, lojas de roupas (até tinha um grande brechó), peças antigas como máquinas fotográficas, fotografias, jogos de louças e jóias.
Comecei dizendo no primeiro parágrafo deste texto que o ano novo já chegou. Quero compartilhar a lição que tive em Porto Alegre. É bom lembrar a nossa história de vida, mesmo os momentos tristes e difíceis. Em vez de demolir a parte triste ou difícil de sua história, tente aprender com os erros e as dificuldades. Creio que sempre há uma lição a ser aprendida. Quando se consegue aprender e entender, pode haver uma restauração no seu ser. Conserve o que tem de melhor em você. Então, desejo a cada leitor deste blogue uma boa construção de sua história de vida.
Lu Vieira
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Além dos prédios da UFRGS, eu me encantei com a sede do Departamento Municipal de Águas e Esgoto (DMAE). Possui traços semelhantes com o Palácio de Versalhes, da França. Comentei com a minha amiga Léo que gostaria de ser figurante de um filme tendo como ambiente os tempos antigos. Usar uma roupa diferente e se comportar de acordo com a época retratada devem ser uma boa aula de história.
O Mercado Público da cidade é fascinante. Está instalado num prédio histórico que chegou a ser cogitado para a demolição e dar lugar a uma avenida. O povo gaúcho disse “não”, lutou e conseguiu deixar o Mercado Público onde está até hoje. Pude sentir o bom cheiro dos peixes e fiquei com água na boca. Havia muitos produtos alimentícios caseiros. Também artesanato, lojas de roupas (até tinha um grande brechó), peças antigas como máquinas fotográficas, fotografias, jogos de louças e jóias.
Comecei dizendo no primeiro parágrafo deste texto que o ano novo já chegou. Quero compartilhar a lição que tive em Porto Alegre. É bom lembrar a nossa história de vida, mesmo os momentos tristes e difíceis. Em vez de demolir a parte triste ou difícil de sua história, tente aprender com os erros e as dificuldades. Creio que sempre há uma lição a ser aprendida. Quando se consegue aprender e entender, pode haver uma restauração no seu ser. Conserve o que tem de melhor em você. Então, desejo a cada leitor deste blogue uma boa construção de sua história de vida.
Lu Vieira
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terça-feira, janeiro 11, 2011
Via Satélite
Pra variar andei lendo mais um livro escrito por um correspondente internacional. Assim como o César Tralli o que se nota é que as crônicas ficam muito melhores que as reportagens apresentadas nas Tvs. Hermano Henning, descente de alemães, vindo do interior paulista e criado dentro dentro rádio usa esse livro pra mostrar um pouco da sua vida como repórter.
O livro de Henning é mais focado na construção de sua carreira e no histórico do jornalismo, rádio, jornal e TV que ele acompanhou desde o início da década de 60.
Com várias histórias do tempo do rádio e da revista veja ele mostra o que era trabalhar com jornalismo em São Paulo dos anos da ditadura. O Joelma e Herzog são capítulos importantes do livro. Há também capítulos dedicados a Londres e Colonia e como os alemães faziam jornal usando técnicas e ferramentas de cinema para conseguir sempre uma qualidade superior. Mas o livro fica quente mesmo quando são contadas as histórias sobre o Aconcágua e a Antártica. Presente na primeira expedição brasileira a cruzar o circulo polar antártico. A viagem do Barão de Teffé em 82/83 foi uma travessia que por si já valeria um livro. Dentro de um navio velho os expedicionários brasileiros enfrentaram tudo o que é necessário para transformar uma viagem numa grande aventura. Problemas nos geradores, intrigas entre os militares, atrito com os argentinos, tempestades em alto mar e a quebra do motor que levou o navio a derivar no Mar de Weddel por 18 horas seguidas.
Talvez aí esteja o único pecado da obra. O autor esteve três vezes no continente gelado, dedicou 62 páginas, 04 crônicas, a ele. Extraiu de lá as melhores partes do livro. Deveria ter ido mais fundo e dedicado o livro todo a Antártida e as histórias dos brasileiros por lá..
Vale a pena ler o livro, se não ele todo, pelo menos as quatro crônicas finais e aquela que fala do Aconcágua.
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O livro de Henning é mais focado na construção de sua carreira e no histórico do jornalismo, rádio, jornal e TV que ele acompanhou desde o início da década de 60.
Com várias histórias do tempo do rádio e da revista veja ele mostra o que era trabalhar com jornalismo em São Paulo dos anos da ditadura. O Joelma e Herzog são capítulos importantes do livro. Há também capítulos dedicados a Londres e Colonia e como os alemães faziam jornal usando técnicas e ferramentas de cinema para conseguir sempre uma qualidade superior. Mas o livro fica quente mesmo quando são contadas as histórias sobre o Aconcágua e a Antártica. Presente na primeira expedição brasileira a cruzar o circulo polar antártico. A viagem do Barão de Teffé em 82/83 foi uma travessia que por si já valeria um livro. Dentro de um navio velho os expedicionários brasileiros enfrentaram tudo o que é necessário para transformar uma viagem numa grande aventura. Problemas nos geradores, intrigas entre os militares, atrito com os argentinos, tempestades em alto mar e a quebra do motor que levou o navio a derivar no Mar de Weddel por 18 horas seguidas.
Talvez aí esteja o único pecado da obra. O autor esteve três vezes no continente gelado, dedicou 62 páginas, 04 crônicas, a ele. Extraiu de lá as melhores partes do livro. Deveria ter ido mais fundo e dedicado o livro todo a Antártida e as histórias dos brasileiros por lá..
Vale a pena ler o livro, se não ele todo, pelo menos as quatro crônicas finais e aquela que fala do Aconcágua.
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segunda-feira, janeiro 10, 2011
Quem tem medo do Leão?
Amanhã será o "dia".
Começarei doando sangue, porque de vez em quando é bom fazer algo por alguém que não seja eu mesmo. Para aqueles que duvidam eu juro que ainda tem um coração aqui, em algum lugar, não me lembro bem, mas sei que tem.
Depois é partir pra luta. Dizem que no Brasil a gente tem que matar um leão por dia. Se eu conseguir matar o de amanhã já poderei me considerar um verdadeiro herói. Mas no meu caminho há pelo menos duas pedras. Como Sansão eu agora já não tenho mais cabelos compridos. Segundo o leão do dia é nada mais nada menos que o Leão da Receita Federal. Devo ter feito uma declaração muito boa mesmo, pois eles gostaram tanto que decidiram guardá-la até agora. E como não tenho a mínima ideia de qual furo eles pegaram, acreditem a minha declaração é muito semelhante a um queijo suíço, vou comparecer no escritório deles e perguntar que parte do negócio eles não entenderam. Se tudo der certo espero resolver isso ainda essa semana, caso contrário... prefiro nem pensar.
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sexta-feira, janeiro 07, 2011
A vida é um baile
Há muito tempo no reino de Saiedi o rei decidiu promover um baile para anunciar a todos as boas coisas que ele tinha feito pelo reino e seu habitantes. Todas as pessoas ricas do país foram convidadas para aquela que seria a mais bela e luxuosa de todas as festas.
O salão de bailes do palácio estava ricamente decorado e milhares de velas iluminavam o lugar. As damas passavam de um lado para outro exibindo seus vestidos com rendas e pedrarias. Cada um que chegava fazia questão de aparecer mais que os outros.
Quando o rei adentrou o salão trazia consigo uma jovem alta, muito bonita e simpática. Com sua roupa elegante e um jeito doce de falar ela conquistava os convivas. No meio do baile ela já era a moça mais desejada de toda a festa. Angariando sorrisos e gentilezas por onde passasse.
Mas o padre que não gostava muito das atitudes do rei e detestava a vaidade do monarca resolveu comparecer e trouxe consigo uma velha baixinha, mau vestida e com cara de poucos amigos. Quando a velha avistou a companheira do rei soltou um grito bárbaro sacou um machado de guerra e avançou contra ela. Assustada a jovem partiu em disparada, sem olhar bem pra onde ia esbarrava nas pessoas, tropeçava nas cadeiras. E a velha chegava mais perto sacudido o seu machado. Tentou esconder-se atrás do rei, mas na última hora ele saiu da reta dizendo que a responsabilidade pela defesa dela era do primeiro ministro. Sozinha e desamparada ficou à mercê da anciã assassina. Sem piedade ela levantou o machado com as duas mãos e de um só golpe rachou a cabeça da garota diante dos olhares atônitos de todos os convidados. Não contente com o primeiro golpe continuou atacando o corpo caído e já sem vida. Golpeou até não poder mais. Só parou quando sua respiração ficou difícil e o suor pingava de seu rosto. Um sorriso aflorou. Estava contente com o trabalho realizado. Olhou para o padre e percebeu um ar orgulhoso de superioridade que ele fazia questão de mostrar ao rei. Incomodado com a morte de sua companheira e o ar zombeteiro do sacerdote o monarca abandonou o salão.
A velhinha já se preparava para partir quando um filosofo fez uma entrada triunfal acompanhado de um ser andrógino que logo afastou-se dele. A criatura percorreu o salão sussurrando de ouvido em ouvido e depois correu para a velha do machado. Abraçou e sacudiu-a tão violentamente que a idosa ficou tonta e com dificuldades para ficar em pé. Enquanto ela tentava se recuperar o andrógino passeava pelo baile sussurrando no ouvido das pessoas.
E toda vez que a Verdade recuperava o equilíbrio a Dúvida corria a sacudi-la. Enquanto isso o baile seguia e a Mentira apodrecia caída no meio do salão.
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O salão de bailes do palácio estava ricamente decorado e milhares de velas iluminavam o lugar. As damas passavam de um lado para outro exibindo seus vestidos com rendas e pedrarias. Cada um que chegava fazia questão de aparecer mais que os outros.
Quando o rei adentrou o salão trazia consigo uma jovem alta, muito bonita e simpática. Com sua roupa elegante e um jeito doce de falar ela conquistava os convivas. No meio do baile ela já era a moça mais desejada de toda a festa. Angariando sorrisos e gentilezas por onde passasse.
Mas o padre que não gostava muito das atitudes do rei e detestava a vaidade do monarca resolveu comparecer e trouxe consigo uma velha baixinha, mau vestida e com cara de poucos amigos. Quando a velha avistou a companheira do rei soltou um grito bárbaro sacou um machado de guerra e avançou contra ela. Assustada a jovem partiu em disparada, sem olhar bem pra onde ia esbarrava nas pessoas, tropeçava nas cadeiras. E a velha chegava mais perto sacudido o seu machado. Tentou esconder-se atrás do rei, mas na última hora ele saiu da reta dizendo que a responsabilidade pela defesa dela era do primeiro ministro. Sozinha e desamparada ficou à mercê da anciã assassina. Sem piedade ela levantou o machado com as duas mãos e de um só golpe rachou a cabeça da garota diante dos olhares atônitos de todos os convidados. Não contente com o primeiro golpe continuou atacando o corpo caído e já sem vida. Golpeou até não poder mais. Só parou quando sua respiração ficou difícil e o suor pingava de seu rosto. Um sorriso aflorou. Estava contente com o trabalho realizado. Olhou para o padre e percebeu um ar orgulhoso de superioridade que ele fazia questão de mostrar ao rei. Incomodado com a morte de sua companheira e o ar zombeteiro do sacerdote o monarca abandonou o salão.
A velhinha já se preparava para partir quando um filosofo fez uma entrada triunfal acompanhado de um ser andrógino que logo afastou-se dele. A criatura percorreu o salão sussurrando de ouvido em ouvido e depois correu para a velha do machado. Abraçou e sacudiu-a tão violentamente que a idosa ficou tonta e com dificuldades para ficar em pé. Enquanto ela tentava se recuperar o andrógino passeava pelo baile sussurrando no ouvido das pessoas.
E toda vez que a Verdade recuperava o equilíbrio a Dúvida corria a sacudi-la. Enquanto isso o baile seguia e a Mentira apodrecia caída no meio do salão.
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sábado, janeiro 01, 2011
Discuss Finances
If anyone thinks Discuss the Relationship is the ultimate stress that can arise between a couple is because he is too young or too inexperienced. DR is insignificant close to Discuss Finance. After a time nobody wants to discuss jealousy, affection, lack of attention. What really matters is the bills os the week and tennis that began to tear. His salary is not enough and her too. No money for this and for that. You put the cash and expenses on paper and will discuss things with greater rationality possible. Until comes the time to cut her facial cream. Then go to hell the rationality and if you do not move fast you goes along. No use to explain the future benefits of a modern economy. According to the logic of:
"Why I had to save that money now? When I am old I will have to spend it with medicine." not worth anything to join. The business is now and the future...
But the most important thing to know is that no matter what you do or what you say in the end all DF will slip into a DR and then ... the dead are raised, the ex-girlfriends too. Offenses from past century come as having been uttered seconds and any failure, any error serves to be thrown in the face.
And after all what you get are two people who are still indebted, but now has the mood to add to their problems.
"Why I had to save that money now? When I am old I will have to spend it with medicine." not worth anything to join. The business is now and the future...
But the most important thing to know is that no matter what you do or what you say in the end all DF will slip into a DR and then ... the dead are raised, the ex-girlfriends too. Offenses from past century come as having been uttered seconds and any failure, any error serves to be thrown in the face.
And after all what you get are two people who are still indebted, but now has the mood to add to their problems.
DR X DF Discutir a Relação X Discutir Finanças
Se alguém acha que Discutir a Relação é o cúmulo do estresse que pode surgir entre um casal é porque é muito novo ou muito inexperiente. Nenhuma D.R. chega aos pés de uma Discutir Finanças. Depois de um certo tempo ninguém mais quer discutir o ciúme, carinho, falta de atenção. O que importa mesmo são as contas vencendo no final do mês e o tênis que começou a rasgar. O seu salário não é suficiente e o dela também. Falta dinheiro pra isso e pra aquilo. Vocês colocam as receitas e as despesas no papel e vão discutindo as coisas com a maior racionalidade possível. Até que chega a hora de cortar o creme facial dela. Aí a racionalidade vai pra puta que o pariu e se você não se mover rápido vai junto. Não adianta explicar os benefícios futuros de uma economia atual. Segundo a lógica do:
"Pra que guardar dinheiro se quando eu for velho vou ter que gastar tudo com remédio." não vale a pena juntar nada. O negócio é aproveitar agora e o futuro que se vire.
Mas o mais importante a saber é que não importa o que você faça ou o que você diga, no fim toda D.F. vai descambar para uma D.R. e aí... os mortos ressuscitam, os Ex também. Ofensas do século passado ecoam como se tivessem sido pronunciadas há segundos e qualquer falha, qualquer erro serve pra ser jogado na cara.
E no fim de tudo o que se consegue são duas pessoas que continuam endividadas, mas que agora tem o mau humor pra juntar aos seus problemas.
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