segunda-feira, maio 31, 2010

Palavras em vão

Seu coração martelou uma vez, duro, espremendo duas lágrimas quentes de seus olhos...
Saiu da frente do computador e pôs-se a pensar. Onde iria chegar escrevendo frases pomposas e sem sentido como essas. Onde estava a pureza de sentimentos. A fúria destrutiva dos épicos ou o passo lento dos dias contemporâneos. Quando olhava a tela do computador e lembrava de todos os escritores que admirava, sentia vergonha de tudo que escrevia. Hemingway, Bukowski e Maupassant ririam na sua cara. Chamariam-no de medíocre e fracassado. Sabino, Márcio de Souza e Quintana por educação diriam que era melhor estudar um pouco mais. Waltari com seus hábitos frios de nativo do norte ofereceria sua indiferença.
Mesmo assim continuava escrevendo. Por que? Que angústia é essa que faz com que preencha páginas e páginas de palavras que talvez ninguém vá ler. Que prazer doentio tem em perguntar-se sobre a qualidade daquilo que criava. Seria a vontade de escrever uma forma de se igualar a deus? Uma busca pela comunicação que não consegue estabelecer com as pessoas ao seu redor? Ou simplesmente um desvario em busca da fama? De qualquer forma não conseguia chegar a uma resposta satisfatória e seguia escrevendo diariamente. Talvez a prática constante um dia o livra-se da pusilanimidade. Por mais que os amigos dissessem que havia alguma qualidade naquilo que produzia, uma voz interior fazia questão de fixar-lhe os pés no chão e mostrar que nada daquilo tinha algum brilho ou valor.
Apesar do conhecimento de que sua luta é inútil, mesmo assim segue em frente. A escrita é maior que sua vontade, exige voz, exige vez. Ele cavalo de uma entidade que não pode ser dominada segue digitando coisas que não acha dignas. Retorna à máquina, abre novo documento e digita:
Era uma vez...

Texto escrito a partir do blogue Once upon time e seu desafio:

Frase: "Seu coração martelou uma vez, duro, espremendo duas lágrimas quentes de seus olhos..."
Escreva uma história, um conto ou até mesmo uma fábula (nada de textos argumentativos) que contém a frase acima.


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sexta-feira, maio 28, 2010

Construir e cantar

Segue cantando como um passarinho,
Cantando mesmo na adversidade;
Mesmo que a força de uma tempestade
Lhe venha destruir todo o teu ninho.

Segue cantando com espontaneidade;
Não retrocede nesse teu caminho.
Se lhe machuca o mais cruel espinho,
Repara as flores com serenidade.

Cantando e construindo segue em frente,
Jamais perdendo a luz da confiança,
Construindo e cantando alegremente.

Segue cantando com perseverança,
De forma natural e persistente,
Nas asas da oração e da esperança.



Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.


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terça-feira, maio 25, 2010

Carta, família e caneta

- Então garoto pra quem é a carta?
- É pra minha mãe. Escreve aí moço, mãe eu até queria escrever bonito...
...
Sozinha na penumbra da cozinha ela apertava a carta contra o peito. As lágrimas surgiam lentas e discretas. Depois de um certo tempo elas ficam mais escassas e talvez por isso mesmo mais valiosas. Entre um soluço e outro enxugava as gotas com as costas da mão. Estava sentada há muito tempo. Tanto tempo que o jantar já deveria estar pronto e a mesa posta a espera do filho, mas nada tinha sido feito ainda. Não que a refeição houvesse diminuído de importância, o que ocorria é que sua mente agora ocupava-se unicamente com duas coisas:
Saulo seu filho e dinheiro. Tanto dinheiro que ela não via meios de obtê-lo.
Não ouviu os passos no quintal e só voltou ao mundo real quando a luz foi acesa.
- Ô  mãe! Chorando no escuro de novo. - largou a sacola numa cadeira e foi abraçar a mãe. As respostas e as perguntas podiam esperar. Aconchegou a cabeça dela sobre o peito e afagou-lhe os cabelos brancos. Quando se acalmou sentaram-se frente-a-frente de mãos dadas. - São notícias do Saulo mãe? O que aconteceu?
Ela tentava falar, mas a voz perdia-se em algum lugar e tudo que pode fazer foi entregar a carta toda amassada e borrada de lágrimas.
"Mãe eu até queria saber escrever bonito e dar boas notícias de mim. Mas não foi iço que Deus quis pra mim.
Estou preso no presídio... desde o dia... Acho que a sinhora já tá sabendo diço.Porque me me prenderam na rua confundido com um ladrão de bicicleta.
Mãe não tenho mais ninguem nesse mundo pra mi acudi nessa hora. Por iço escrevi essa carta pra sinhora.
Quando eu era pequeno a sinhora sempre me dizia que a vida da gente não tem preço. Mas aqui dentro tem. e o preço da minha é 500 real. Se eu não pagar até domingo o dono da cela disse que ia mandar me matar.
Mãe não me deixa morrer aqui. Faz o que puder mais arranja esse dinheiro pra mim.
Mãe se te fiz sofrer peço seu perdão.
Com saudades Saulo."
- Então o que a senhora vai fazer?
- Eu não sei meu filho. Não tenho esse dinheiro todo. Você tem que me ajudar.
- Nem que eu tivesse essa grana eu te dava.
- Ele é seu irmão. Você não pode abandonar ele.
- Eu? Quem fugiu de casa foi ele. E quer saber, lugar de maconheiro é na cadeia mesmo.
- Não diga essas coisa de Saulo que ele não merece.
- Lá vai a senhora de novo defender aquele vagabundo. Se o moleque tá lá é porque fez por onde, agora ele que se vire. Se é que o que ele escreveu é verdade. Mãe isso é só mais um golpe dele pra arrancar teu dinheiro de novo. Abre os olhos!
- Meu Deus! E eu rezo tanto, toda noite pra Deus abrir teus olhos filho. Pra que tanto ódio nesse coração. O que foi que teu irmão te fez pra merecer isso?
- Quem disse que odeio meu irmão? So acho que  cada um colhe o que planta. Ele roubou, merece cadeia.
- Então você prefere ver o seu irmão morto do que lhe dar dinheiro.
- Chega disso.  O tempo todo defendendo aquele safado. Tô de saco cheio. quer saber, é melhor que ele morra mesmo, quem sabe assim ele deixa a gente em paz. - saiu para o seu quarto e trancou-se batendo a porta.
Ela queria chorar, mas seu olhos estavam cansados.
...
Tarde da noite. Muitos dormiam, alguns fingiam, ele continuava acordado. Tempo demais sem dormir. Os olhos pesados. As imagens embaçam. Esfrega os olhos. Bate no rosto. A cabeça inclina-se lentamente . Cai. Acorda. Ergue de novo. De costas pra parede fria observa atento qualquer movimento, barulho ou atividade dentro da cela. Duas noites sem dormir. Até quando iria aguentar? Não sabia e agora tinha quase certeza de que o dinheiro não viria.Tudo bem, não que estivesse realmente bem, mas depois de tudo que fizera sua mãe sofrer era querer demais que ela aparecesse com todo aquele dinheiro pra salvar a sua vida. Mesmo assim não iria desistir. Ia lutar até o fim. Não ia se entregar. Ia conseg...
Uma coisa no rosto! As mãos presas no chão. Pernas imobilizadas. Quis gritar. Ninguém ouviu. Debatendo-se Ia se soltar. Dor. Uma porrada na barriga. Não conseguia fugir. Medo. Apoiaram alguma coisa em seu peito. Ar. Dor. Peito ferido. Dor. Ar. Ar. Ar...
Rostos assustados, sombrios, indiferentes, satisfeitos. A escuridão acolheu a todos. Até mesmo àquele inerte sobre a poça de sangue.
Na manhã seguinte nada se sabe sobre o crime. Apesar da caneta cravada no peito ninguém quis assinar a obra.
...
Ao repórter que lhe perguntava sobre a morte do filho respondeu:
- Veja só seu moço Ontem tentei visitar meu filho. Não deixaram. Hoje me dizem que já posso enterrar o corpo.

Texto escrito a partir do blogue Once upon time e seu desafio:
Frase: "pra quem é a carta?"
Escreva uma história, um conto ou até mesmo uma fábula (nada de textos argumentativos) que contém a frase acima.

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sexta-feira, maio 21, 2010

Liderança

Um líder tem princípios e valores;
É um verdadeiro referencial;
Seus atos sempre são inspiradores;
E sua atitude é motivacional.

Os líderes são bons transformadores;
Têm sempre um rumo certo, um ideal;
Nunca se julgam ser superiores...
Têm senso de justiça e de moral.

Um líder tem paixão. É entusiasmado;
Exemplo de humildade e confiança;
Ele é provocador determinado.

Um líder é um extrator das coisas belas.
Desperta cada um para a mudança,
Mostrando as forças que estão dentro delas.


Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.



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quinta-feira, maio 20, 2010

Prêmio Dardos

Este selinho recebemos da Thaisy do blogue Bagagem de moça e da Quimera do blog Cartas de quimera. Obrigado moças. Ficamos felizes por terem se lembrado de nós. Abaixo o selo e a descrição dele.

O que é Prêmio Dardos?




O Prêmio Dardos é um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Prêmio Dardos.jpg



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quarta-feira, maio 19, 2010

Entrevista nº 01: Laura Vieira

A partir deste post, estreamos uma nova categoria que é a entrevista. A ideia foi do L.S. Alves, inspirada nas entrevistas realizadas pela Bárbara, do blogue Devaneios & Loucuras. Como sou formada em jornalismo, ganhei uma agradável tarefa. Entrevistar é uma forma de conhecer mais ainda o (a) blogueiro (a) por trás do seu blogue. A primeira entrevistada é a Laura Vieira, do Réstias de Sol. Ela foi uma das primeiras pessoas a visitar o Máquina de Letras, quando o L.S. Alves escrevia sozinho.

Aos 58 anos de idade, Laura é uma mulher que cativa os leitores com suas poesias, canções e histórias. Escreveu dois livros: Réstias de Sol, o mesmo nome do seu blogue, e Sons de Amor. Se você tiver interesse em adquirir os livros da Laura, é só clicar nos respectivos nomes que os linques te levam a loja virtual.

Portuguesa nascida em Valença do Minho, dentro da fortaleza medieval, Laura morou 12 anos em Luanda, capital de Angola. Hoje vive em Braga, de Portugal, e nota-se entre seus textos no blogue que ela declara o seu amor e a saudade pelo período vivido em Luanda. Feitas as apresentações iniciais, vamos conhecer um pouco mais a história e os pensamentos da Laura.

Máquina de Letras: Quem é Laura Vieira?
Laura Vieira: Um grão de areia no Universo.

MDL: Como surgiu a vontade de ter um blog?
LV: Não foi vontade, foi presente de um querido amigo (já nos encontramos) que foi meu vizinho de bairro em Luanda nos meus tempos de menina e jovem, embora tivéssemos trilhado os mesmos caminhos e ruas vizinhas, não nos lembrávamos bem um do outro. Encontrei-o aqui no blogue da Pascoalita e conversa puxa conversa, encontramo-nos, como eu escrevia poesias ele sentiu que me ajudaria, já que eu tinha muito para escrever e nem se enganou! (palavras dele quando me mandou o site e disse para clicar; Laura, vê se gostas, se sim, tudo bem, não gostas, apagas. Essa foto do blogue foi a que enviei para ver se ele me reconhecia, ao fundo a nossa Ilha de Luanda). Assim, emudeci quando abri o meu blogue e chorei de emoção, gratidão! Logo... Saí a ganhar! Posso dizer; Obrigada Marius o guerreiro Romano!
A foto que a Laura enviou para o Marius é a que está neste texto e também a que ilustra o blogue dela.

MDL: O nome do seu blog é o mesmo de um de seus livros. Por que escolheu esse nome?
LV: Foi pela poesia que fiz num dia de sofrimento intenso, As minhas réstias de sol, foi como uma oração querendo juntar meus amigos por necessitar da presença deles no meu lar naqueles precisos momentos, a dita poesia está nos começos do blogue em 2006!
Clique aqui para ler a poesia.

MDL: Um dos temas que você mais escreve é sobre o amor. Amor de mãe, de amigos, de marido, de namorado... O que é o amor para você?
LV: Amor? É algo que tenho entranhado, é o Universo, a vida Maior e por onde se consegue chegar a todos e a cada um...

MDL: Eu e você temos pontos em comum como gostar de ler e escrever, possuir o mesmo sobrenome e ter deficiência auditiva. Como descobriu essa deficiência?
LV: Aos 6 anos, obrigando o resto do pessoal a falar mais alto, sem me aperceber de que a deficiência estava em mim! Quanto aos sobrenomes, é giro termos iguais... Até a minha mãe tem o sobrenome do Alves, é a familia se juntando após milênios de separação! Viu!

MDL: Você descobriu o que causou a deficiência auditiva?
LV: Foi a gripe asiática em 1957.

MDL: Sofreu preconceito por ter a deficiência auditiva? Como foi a sua educação na escola?
LV: Preconceito as próprias crianças se encarregam de nos mostrar isso... E na 4ª classe não pude fazer meu exame e era bem inteligente... Motivo? Surdez! Ainda hoje me dói que três professoras que iam fazer o exame, nenhuma delas tivesse um pouco de compaixão por uma menina de 9 anos que sabia toda a matéria! Hoje carrego comigo essa dor apesar de ser autodidacta, ando a ver se encontro minha professora para ter uma conversa sobre isso, não para lhe gritar ou censurar, apenas para perguntar porquê! Se ela me tratava tão bem na escola! Mas, nem sei onde ela está, continuo procurando... A educação foi normal como qualquer criança ouvinte.

MDL: Como é ser mãe? O que eles pensam do seu blogue?
LV: Ser mãe o melhor papel que desempenho no mundo, eles são o máximo, e o amor faz com que aconteça amor! Eles costumam ver meu blogue, não comentam, apenas lá vão uma ou outra vez... Costumam recomendá-lo aos amigos... Acham que é bom e me ajuda a passar o tempo, a preencher momentos, realizar sonhos, com os amigos. Tenho tido uns belos momentos com eles, seja em passeio, almoços, enfim, foi o que melhor aconteceu neste mundo virtual que se transformou em pessoas reais...

MDL: Quais sonhos você tem para realizar?
LV: Publicar mais livros, ter a minha casinha no meio da beleza da natureza, com flores muitas flores que eu plantarei, e depois receber crianças dos orfanatos, umas de vez a vez, e junto com minhas amigas, darmos o que eles não têm, amor, carinho, diversão aos fins de semana... Lá chegarei! É uma visão e será uma realidade! Aprender pintura, já pinto, mas nunca aprendi.

MDL: Se a blogosfera não existisse, o que você imagina que estaria fazendo?
LV: Ehhh, boa, estaria criando a blogosfera nem tenha dúvidas! Prá frente é o caminho!

MDL: Você vive mais no mundo virtual ou no real?
LV: Embora pise o chão ao de leve, adoro viajar pelo País do sonho, é gratificante e ajuda a mente a funcionar e descortinar novos caminhos!

MDL: Teve problemas com outros blogueiros ou leitores? Por exemplo, receber comentários que ofenderam você?
LV: Claro, quem não tem? Mas boto spray neles, foram-se!

MDL: Qual fato da sua vida que mais gosta de contar?
LV: Tenho imensos.

MDL: Ah, cite um?
LV: Melhor momento ou recordação o nascimento dos meus filhos Nuno e Neide...

MDL: Sei que é difícil escolher um, então vou pedir que conte um fato ocorrido neste mês que te deixou muito feliz.
LV: Este mês? Não há datas para a felicidade, ser feliz para mim nos dias de hoje é ter o pão de cada dia e a paz de espírito que prezo imensamente...

MDL: O que Portugal não tem e que Luanda tem?
LV: África, que amei e amo... Sol que tanto bem me fez, e alegria me deu... Mar, o mar que guardou até agora os meus desejos, sonhos e segredos de amor... A minha perdição de toda uma vida, olhar o mar serenamente e com confiança no futuro...e Lua a lua das minhas noites de ternura e solidão, desde menina que sinto a solidão, aquela falta do amor que ainda não apareceu...inigualáveis, o cheiro da terra, o cacimbo, a sanzala, a terra vermelha, o queimado das queimadas, os animais selvagens pertinho, ah, o céu de cores queimadas...só África!...

MDL: Qual o melhor conselho que recebeu e deseja dizer para nós?
LV: Ser autêntica como até aqui! Tenho-o seguido à letra! É a minha personalidade, não há como mudar, nem quero!

Obs.: Entrevista realizada por email.

Lu Vieira

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segunda-feira, maio 17, 2010

Ouça o que eu digo não veja o que eu faço

Amiga 1- Já estou cheia de aventuras. Quero alguém fixo que me aceite como sou, jovem, estudante, trabalhadora e mãe também. Não quero mais esses caras que ficam comigo só pra dar umazinha e depois desaparecem. Quero um homem que esteja a fim de construir uma vida ao meu lado. Não peço muito. Só que seja trabalhador, beba pouco, não seja mulherengo e que saiba respeitar minha filha. Será que estou pedindo muito?


Amiga 2- E o que aconteceu com aquele rapaz que foi pedir pra sua mãe pra namorar contigo e disse que assumiria sua filha sem problema algum?


Amiga 1- Dispensei. Ele arrumou emprego de garçom numa danceteria e foi morar com o irmão.


Amiga 2- E daí?


Amiga 1- Primeiro o irmão dele é um galinha, segundo se ele trabalha a noite então quem é que vai me levar pra balada?


Amiga 2- ...


Texto escrito a partir do blogue Once upon time e seu desafio:




Frase: "Já estou cheia de aventuras"


Escreva uma história, um conto ou até mesmo uma fábula (nada de textos argumentativos) que contém a frase acima.




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sexta-feira, maio 14, 2010

Afirmativas

Para alcançar a justa riqueza,
E o sucesso poder construir,
Basta afirmar, com toda a franqueza:
“_ Eu quero, eu posso, eu vou conseguir!...”

Tem que querer com toda a certeza.
Lutar, agir, saber persistir.
Dizer, com força e toda a firmeza:
“_ Eu quero, eu posso, eu vou conseguir!...”

Bom que conheça cada fraqueza.
Aprenda sempre quando cair,
Mostrando garra, expondo nobreza.

Para crescer, transpor, progredir,
De sol a sol, bradar com grandeza:
“_ Eu quero, eu posso, eu vou conseguir!...”


Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.



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quarta-feira, maio 12, 2010

Desejo secreto


Joana sempre gostou de crianças. Mesmo com dois irmãos, desejava ter mais. Na rua onde morava, todos os vizinhos tinham crianças em seu lar. Apesar de havê-las na sua idade, Joana brincava mais com as menorzinhas. Para as mamães vizinhas, a garota era uma excelente distração para os seus rebentos. Estudava com dedicação, lia vorazmente livros, jornais e revistas, freqüentava as aulas de balé, cursava inglês e espanhol, e no tempo livre, adivinhe o que ela fazia? Sim, brincava com os pequeninos. Muita gente achava que ela ia ser professora, casar cedo e ter muitos filhos. O destino mostrou que não foi bem assim.

Quando terminou o ensino médio, Joana conseguiu ser aprovada na melhor universidade do seu estado. Foi morar na capital para cursar Administração. Viveu em uma república com cinco garotas. Conseguiu o primeiro emprego em uma loja de artigos esportivos. Teve o seu primeiro namorado, Sérgio, estudante de Direito na mesma universidade. No último ano da faculdade, Joana conseguiu estágio numa grande e conceituada tecelagem. Colou grau em Administração com louvor, sendo considerada a melhor aluna do curso. Como prêmio por sua dedicação aos estudos, a tecelagem a promoveu para ser uma de seus administradores. Não demorou muito para Joana se tornar uma dos principais executivos da empresa. Seus pais, irmãos, parentes, amigos e moradores de sua cidade natal tinham muito orgulho de sua menina. Afinal, foi graças a ela que a cidade ganhou uma filial da tecelagem, gerando oportunidades de emprego.

Após cinco anos de empresa e nove de namoro, Joana casou com o seu primeiro namorado. Sérgio havia concluído a faculdade um ano antes de Joana e iniciado a carreira num escritório de advocacia. Após aprovação em concurso público, assumiu o cargo de promotor. Ambos desejavam filhos. Não tinham pressa. A carreira de ambos ia muito bem e cada um guardava suas economias. Joana tinha um sonho secreto. Somente Sérgio sabia.

Com o passar dos anos, o filho não vinha. Era para vir, mas Joana sofreu dois abortos espontâneos. Depois a mulher recebeu o diagnóstico de câncer no seio esquerdo. Foi muito sofrimento para o casal. Forte e otimista, Joana encarou todos os procedimentos médicos recomendados até ouvir a feliz notícia de que estava curada. Não havia mais sinal do câncer. Apenas precisava ter acompanhamento médico.

Após esses sofrimentos, a relação de Joana e de Sérgio já não era mais a mesma. Sérgio queria muito um filho. Joana também. Ela não podia mais gerar um bebê. O câncer matou a chance de uma gravidez. A mulher enxergava outra saída para tê-lo. Era a hora de realizar o seu sonho. Não conseguiu gerar filhos dentro do seu ventre. Mas... Eis o seu desejo secreto: adotar uma criança.

Apesar de apoiar o sonho da esposa, Sérgio não queria adotar uma criança sem ter um filho seu. Imaginava ver alguma característica física ou jeito de ser seu ou da esposa na criança. A separação foi a conseqüência. Com respeito e harmonia, cada um seguiu seu caminho. Joana não perdeu tempo para colocar seu desejo em prática. Mais que um sonho, era uma meta a ser atingida.

Desde o tratamento contra o câncer, ela havia deixado de ser executiva da tecelagem a fim de diminuir o ritmo intenso do trabalho. Recebeu o cargo de administradora da área de recursos humanos. Sérgio e Joana venderam as propriedades que possuíam. Com os lucros das vendas e das economias guardadas, Joana comprou um pequeno apartamento de dois quartos na capital e começou a construir uma imensa casa em sua cidade natal. Quando a casa ficou pronta, ela já possuía a meta realizada: Gustavo, de 4 anos de idade, filho de pais mortos na guerra do tráfico de drogas, fazia parte de sua vida.

Com Gustavo, ela voltou a morar em sua terra natal na grande casa que construiu. Como havia uma filial da tecelagem, Joana pediu transferência. Em apenas três anos, ela aumentou o número de filhos do seu coração, como prefere dizer em vez de “filhos adotivos”. Nenhum deles era bebê quando apareceu Joana. Não são loiros e nem possuem pele branca. Joana quis fugir do comum. Acolher crianças que dificilmente seriam adotadas. Com cinco sob a sua responsabilidade, Joana quer vencer mais um desafio: adotar uma criança com alguma deficiência. Já está se preparando. E também para se unir ao novo amor de sua vida: Carlos.

Muitos perguntaram o motivo de Joana não ter revelado o seu desejo quando criança. Ela respondeu: “Não era o momento certo para contar. Não queria ficar falando isso por aí. Precisava crescer e amadurecer a ideia. Se contasse antes, muitos iriam dizer que era um sonho maluco, difícil de ser realizado, fazendo com que eu desistisse”. A sua família, parentes, amigos e moradores de sua cidade sentiam ainda mais orgulhosos de Joana, uma esguia e bela mulher negra de cabelos encarolados e profundos olhos verdes.

OBS.: A ilustração é de minha cunhada Nina.

Lu Vieira

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sexta-feira, maio 07, 2010

Consultor interno

Buscando otimizar os meus valores
E melhorar meu relacionamento,
Eu preciso avaliar alguns fatores
E conquistar alguns conhecimentos.

Meus resultados são indicadores
Que mostram todo o meu planejamento
E buscam fatos mais inovadores,
Um forte e objetivo alinhamento.

Só posso sugerir e dar conselhos
Se eu mesmo for exemplo de excelência;
Se a ética e a moral forem espelhos.

O cérebro é quem toma a decisão.
No entanto, pra atestar a sapiência,
Preciso consultar o coração.


Conforme eu prometi ai acima está um dos sonetos do Hélio Cabral. Com o tempo postarei outros.



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quarta-feira, maio 05, 2010

Fumaça irritante

É comum na região onde vivo haver queimadas de alguma coisa nas residências. Geralmente, acontecem mais no fim do dia. Queimar é proibido. O povo não obedece e a natureza ganha mais golpes para a sua destruição. Quando há queimada perto de casa, fico muito irritada. Não suporto o cheiro. Eu me sinto sufocada e fico com dor de cabeça. A minha mãe tem o hábito de não deixar no fim da tarde as roupas secando no varal do quintal de casa para evitar que a fumaça entre nas roupas. Friso que não é cheiro de fumaça de restaurante. Tem gente que ainda queima o seu lixo com fogo, apesar de existir o caminhão que recolhe o lixo três vezes por semana.

O cheiro de fumaça, imagino eu, deve ter efeito semelhante de quem cheira alguma droga como a cocaína. Para mim, a fumaça me deixa desnorteada. Creio que sou muito sensível e tenho saúde frágil. Se um dia houver incêndio no local onde eu estiver, acho que vou ser primeira a morrer. Não de queimadura, mas da inalação do cheiro do fogo. Talvez seja um exagero de minha parte pensar dessa forma.

Sim, acertou em cheio quem pensou que detesto o cigarro. Respeito a opção das pessoas por fumar, mas devem acender o cigarro longe de mim. É horrível ver pessoas com papel enroladinho na boca. Não é um acessório bonito. De qualquer forma, não vou deixar de gostar das pessoas que fumam.

Lu Vieira

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segunda-feira, maio 03, 2010

Cinco hipóteses e apenas um suspeito

- Oi amor. Como foi o seu dia?
- Divertido eu diria. Hoje chegou um cara com um protetor de pescoço e virou assunto pro dia inteiro.
- Como assim?
- Ele é gerente e ninguém suporta o infeliz. Aí a gente passou o dia tentando adivinhar como ele tinha se machucado.
- E o que que deu?
- Estavamos tomando café, ele passou e começamos:
Segundo o Pedro ele se machucou carregando um negão nas costas durante o carnaval.
A minha teoria é que no momento do ato o negão se empolgou, socou com tanta força que o rapaz bateu a cabeça na cabeceira da cama.
O japonês disse que o machucado ocorreu quando ele tava de quatro e virou o rosto pra trás numa tentativa frustrada de beijar o negão.
O Carlos veio com uma variante da minha teoria. Segundo ele quando o negão atochou com muita vontade a cabeça do rapaz ficou presa nas grades da cabeceira.
E foi assim que passamos o dia. Discutindo as várias hipóteses sobre o pescoço da criatura. Engraçado que todos tem dúvida sobre como foi exatamente que ocorreu, mas todos concordam com a participação do afrodescendente bem dotado.
- É mas vocês esqueceram uma possibilidade.
- Qual?
- O gerente tava lá de joelhos pagando um bola gato e o negão segurando ele pelos cabelos. Na hora da empolgação o negão deu um puxão pro lado e machucou o pescoço do garoto.
- Muito boa amor! Realmente ninguém tinha pensado nessa hipótese.


Texto escrito a partir do blogue Once upon time e seu desafio:

Frase: "Ninguém tinha pensado nessa hipótese..."
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