Abandonada entre diversos objetos que deixaram de ser utilizados na minha vida cotidiana, encontrei a minha agenda amarela com o “Snoopy” na capa que usei em 1993 e 1994. Folheando as páginas, emoções tomaram conta de mim. Nela estão registrados os meus compromissos, os pensamentos, as mensagens ou os recadinhos que recebi de minhas amigas, os meus “grandes” feitos tais como a primeira vez que assinei um cheque, a primeira vez que fiz vestibular... Coisas que não seria capaz de lembrar nos dias de hoje. Graças às anotações na agenda, estou tendo a oportunidade de relembrá-las. E lá também está uma poesia de minha autoria. Logo eu que sou ruim nessa área. Bom mesmo em poesia é o Hélio Cabral, um dos colaboradores deste blog. Registrei a poesia no dia 7 de julho de 1993 na agenda. Mas não foi nesse dia e ano que eu a criei. Não lembro exatamente quando isso aconteceu. Apenas que ela foi criada para o trabalho da disciplina de Português no colégio onde estudei boa parte da minha vida. Bem, chega de “blá, blá, blá”, vamos à leitura da poesia e espero que gostem:
De repente,Deixo as bonecas no chão,
Deixo de brincar de casinha,
Deixo aquela vontade de brincar à toa.
O que será que houve comigo?
De repente,
Muda alguma coisa no meu corpo.
Parece que estou no corpo errado!
O que será que houve comigo?
De repente,
Começo a notar que meus amiguinhos são bonitinhos.
Parece que eu estava precisando usar óculos!
O que será que houve comigo?
De repente,
Dá aquela vontade de comprar uma agenda ou até um diário.
Nunca gostei de escrever numa agenda.
O que será que houve comigo?
De repente,
O beijo na boca que sempre via dos meus pais se torna emocionante.
Não vejo a hora de sentir essa emoção!
Espere! Nunca estive ansiosa por esse beijo.
O que será que houve comigo?
De repente,
Falo apenas dos meninos com as minhas amigas.
O que será que houve comigo?
De repente,
Coloco batom,
Compro roupas e sapatos que estão na moda.
Eu sempre comprava doces!
E não ligava muito para o mundo da moda!
Nem era tão vaidosa!
O que será que houve comigo?
De repente,
Dançar, ir ao cinema e tomar lanche com os meus amigos
Estão se tornando meus passatempos prediletos.
O que será que houve comigo?
De repente,
Ficar com papai e mamãe já era.
Agora, é a hora da independência.
O que será que houve comigo?
Mãe, está me entendendo?
Pai, está me entendendo?
O quê?
Não estou mais vivendo na infância?
Já fiquei adulta?
Entrei direto na velhice?
Não! Não! Não!
Lu Vieira
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Nossa, o poema expressa bem esse período conturbado...eu lembro que fiquei zuretinha nessa época....quando a barbie já dava beijinhos no Ken e eles dormiam juntos e abraçados na cama.....hauahuahuahuahua
ResponderExcluirbeijos!
Acho que não estavas nem lá nem cá. Perdida no meio do caminho naquele lugar que ninguém sabe explicar. Hoje até fica bonito ter saudades daquele tempo, mas na época era uma luta diária pra encontrar o seu lugar e a atitude correta. Como fazer pra não parecer criança no dia a dia, mas ainda ganhar brinquedo no natal.
ResponderExcluirVida de adolescente não é muito diferente da vida de adulto. Só que nenhum dos dois tem coragem de admitir isso.
Um abraço moça.
Carla, a Barbie era uma das minhas bonecas prediletas, hehe. Eu não tinha o Ken, mas ela tinha um namorado ou um marido imaginário, rsrsrs. Beijinhos!
ResponderExcluirBoa observação, amigo Alves. Eu lembro bem que foi uma fase difícil e muito confusa. É engraçado que hoje me deu saudades daquele tempo. Lembro também que queria fugir ou sair da adolescência o mais rápido possível. Uma coisa eu sei: prefiro a minha vida atual de adulta do que a minha vida de "aborrecente". Abraço para você também moço.
ResponderExcluirLu, achei lindo! Eu guardo da minha filha primogênita também. A mais nova, começou a escrever mais tarde e me surpreendeu maravilhosamente. A mais velha, fazia por obrigação escolar, mas eram lindos. Hoje, não mais escreve a não ser petições rsrs. E este poema descreve toda esta fase de transição, dúvidas e questionamentos. De certa forma, um poema didático que nas escolas seria de boa valia e introdução. Sou apenas apreciadora de poesia, nada entendo, mas me passou a idéia. E fez bem em guardá-lo porque no futuro voce usará com filhos, também rsrs. Adorei! Obrigada por partilhar estes " adoráveis segredinhos de adolescente"
ResponderExcluirCarinhoso beijo, Lu!
Voltei rrs. Voce estava lá e eu aqui...Agora surpresaaaaaaaaaaaaaa!!! Sábado meu marido trouxe, pela descrição, estas mesmas rosas que você viu!!! E fiquei olhando as bordas vermelhas... Pensei : acho que colocaram algo nelas e não vão durar muito ( e aqui é calor). Mas não! Está resistindo e lindas! Rsrsrs Veja, a coincidência! Beijo
ResponderExcluirAdorei ler a poesia escrita à mão... Muito bom guardar essas coisas e ler depois de um tempo, relembrar alguns sentimentos, e constatar que a vida vai passando, e continuamos a nos deparar com essa pergunta: "o que será que houve comigo?"
ResponderExcluirenlouCresceu.
ResponderExcluirquem disse não tem jeito?
tem e muito.mutio bom mesmo.
beijos imensos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSam, que bom que você gostou de conhecer um pouco sobre os meus "adoráveis segredinhos de adolescente", hehe. Legal você guardar o que a sua filha mais velha escreveu. Daqui uns anos, ela pode te agradecer pelo seu gesto. Concordo com você que o poema didático seria uma ótima introdução nas escolas. Penso que todos deveriam tentar escrever uma poesia. Às vezes, pode se surpreender com o resultado. É evidente que não será na primeira vez que o resultado vai ser bom. Assim como qualquer redação, a gente gasta folhas e folhas para escrever alguma coisa. Ou vamos digitando e apagando no computador.
ResponderExcluirQue coincidência mesmo! Ah, continue apreciando as rosas que o seu marido trouxe. A rosa que vejo no quintal da casa do meu vizinho está lindona. Acho que logo vão cair as pétalas, snif. Beijos e obrigada pela visita!
Lídia, de fato, não é só na época da adolescência que se pergunta: "O que será que houve comigo?" Hoje ainda fazemos essa pergunta diante de novas fases da vida. Abraço e obrigada pela visita!
ResponderExcluirLuna, enlouCRESCI mesmo, hehe. Ah, mas preciso melhorar o meu jeito de escrever poesia. Beijo grande!
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