Houve um tempo em que o desespero foi tão grande que eu comecei um diário. Um caderninho rosa no qual eu escrevia diariamente, diretamente para Deus, na esperança de que de algum modo eu fosse acolhida e encontrasse compreensão. Também veio o blog e eu escrevia incansavelmente. Aí vieram inúmeros arquivos .doc em subsubsubsub pastas nos meus arquivos pessoais... E aí veio a sabedoria do silêncio. Isso tudo foi resultado de um longo processo de conhecimento. Tive que aprender a engolir coisas que não podiam ser ditas, então eu escrevia. Eu implodia emocionalmente e explodia nas palavras. Foi a maior arma encontrada por mim mesma para minha auto sobrevivência. Porque a vida é assim, a gente sobrevive às circunstancias e faz um arsenal de armas pra isso. Cada um do seu jeito, esse foi o meu.
“Já parou para pensar em como seria mais fácil se as pessoas aprendessem só observando? Se olhar, opinar e julgar fosse o suficiente...? Não é. Continuamos, claro, opinando, julgando, avaliando, falando de todos ao nosso redor, mas não aprendemos. A gente acha que esse nosso olho grande na vida dos outros é suficiente, até que tudo aquilo de curioso que acontece na vida do vizinho começa a crescer na nossa grama.
Anos de dedicação construindo nosso teto até descobrirmos que ele é de vidro. Como o de todo mundo. Que uma pedrinha boba é capaz de rachá-lo, que uma segunda pedrinha boba pode derrubá-lo. Mas a pior parte é saber que o vidro quebrado não pode ser emendado. Que se emendar, ele quebra de novo, mas agora nem precisa de pedra, qualquer vento é capaz de derrubar tudo. É nessa hora que a gente tem que pensar no vidro novo. É complicado olhar pra cima e entender que um vidro novo significa coisa nova.
Significa reconstruir um teto, significa zerar o placar, significa tanta coisa...
Somos tão acostumados com nossa vida que tantas vezes nós mesmos vendamos nossos olhos só para não termos que encarar tudo que a vida pode nos dar. Passamos séculos vivendo mais ou menos pelo medo de buscar o mais. Até que inevitavelmente alguém nos empurra para fora da zona de conforto. E agora?
(...)”
Toda história precisa de um final. Toda. E não existe só um final. Existem vários finais, inúmeros, incontáveis, infinitos... Finais. Desde o final de um filme que durou duas horas que você acabou de assistir, passando pelo final do dia, o final do mês, o final do curso, o final do prazo, o final do ciclo, ao final da vida...
Nossa história não acaba em qualquer final. Nossa história é feita propositalmente de várias histórias. Acredito que Deus fez isso na intenção de que em uma única vida possamos ter muitas histórias, em vez de nos prendermos a um único e longo romance. Nossa vida é feita mesmo de crônicas. É um livro bem grande, cheio de crônicas. Cada uma das crônicas carrega sua própria moral e vamos nos descobrindo... Vamos nos conhecendo, acertando, errando, consertando ou simplesmente seguindo. Mas o mais importante é que tenhamos a capacidade de enxergar o livro todo e nunca nos prendermos a uma única história, mesmo que ela queira muito ser mais importante que todas as outras. Porque o que importa, no fim das contas, é o livro todo, porque nossa vida não pode ser contada em uma única história.
Escrito e gentilmente cedido por: Raíssa Biolcati
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