terça-feira, maio 31, 2011

Casa da Cultura Mário Quintana



Novamente dei o ar da minha graça em Porto Alegre no mês de maio. Melhor dizer que Porto Alegre deu o ar da graça dela. Fiquei quase uma semana na companhia da minha querida amiga Léo que vive lá. Conheci alguns shoppings e visitei novamente os lugares que gostei bastante nas outras ocasiões como o Brique da Redenção e o parcão (Parque Moinhos de Vento). Adorei conhecer a Casa da Cultura Mário Quintana. Que história maravilhosa que a casa contou e mostrou para mim!

Antes de se transformar em centro cultural, funcionou o Hotel Majestic nas décadas de 1920 a 1980. O nome faz jus ao que era. Agora é uma casa da cultura majestosa. Tudo é majestoso. História majestosa. Arquitetura majestosa. Arte majestosa. Pessoas majestosas como Mário Quintana, Érico Veríssimo e Elis Regina que têm os acervos históricos apresentados em seu espaço majestoso.

Quando o Hotel Majestic foi para a venda, a população pediu a preservação dos traços originais da edificação. Ela a via como patrimônio cultural. Aconteceu da mesma forma com o Mercado Público da cidade. Fiquei admirada com a atitude do povo em lutar para manter os edifícios históricos do jeito que estão e passar por cuidados como a restauração. Em julho de 1980 o Banrisul adquiriu o Hotel Majestic. O negócio foi realizado a fim de tornar possível o governo do Estado do Rio Grande do Sul comprar o imóvel posteriormente, pois não tinha verba suficiente em valor real na época. Nas mãos do governo em 1982, o prédio do Majestic ganhou valor histórico e virou um centro cultural. E recebeu o nome de Mário Quintana, em homenagem ao poeta e tradutor de língua francesa, gaúcho de Alegrete, que viveu no hotel entre os anos de 1968 a 1980.

No dia da visita vi tantas coisas. Faltou tempo para olhar com calma cada canto do local. Fotografias, livros, pinturas, gravuras, plantas, objetos que eram do Hotel Majestic... Sim, é mais um lugar que vale a pena visitá-lo várias vezes. Dá para tomar café, comprar lembrancinhas numa loja, ver cinema e teatro, observar o centro da cidade. Frequentar um dos cursos oferecidos. Ah, não sou moradora de Porto Alegre para ir as aulas. Eu me diverti em ver as plantas numa banheira. Duvidei da cadeira de papelão. Achava que não iria suportar o meu peso e eu ia cair no chão. Eu me enganei! Pude sentar nela e ver fotografias que passavam sucessivamente numa tela. Gostei muito de uma pintura retratando o Mário Quintana.

Para finalizar este texto, nada melhor que mostrar um poema de Mário Quintana. Trata-se de “O Mapa”. Com vocês, as palavras do Mário Quintana (1906-1994):

O mapa

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

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domingo, maio 29, 2011

Piquenique no Parque Ecológico Córrego Grande

Sim a vida é bela. Pelo menos às vezes. E hoje foi uma dessas vezes. Um glorioso dia de sol,  céu azul e tempo quente, especialmente para um dia de outono que é sempre uma estação que nos guia para o caminho da melancolia a fim de prepararnos para a tristeza que acompanha o inverno. Os 24ºC casaram perfeitamente com as nossas intenções de realizar um piquenique no Parque Ecológico do Córrego Grande. Chegamos as 10:30 e nesse momento o minusculo estacionamento já estava pra lá de lotado então tivemos que deixar o carro numa das vias laterais e ir andando até lá. Dentro da Ilha de Florianópolis o Parque é uma ilha de natureza no meio da selva de pedra. Aves, macacos, coelhos, tartarugas e plantas, muitas plantas. Um lugar para limpar os pulmões e descansar os olhos. Nos domingos tai-chi-chuan para as pessoas. As crianças podem se divertir correndo pelo lugar ou brincando no parquinho. 

As trilhas limpas e organizadas, os lagos e os animais proporcionam um agradável passeio capaz de fazer esquecer que estamos numa grande cidade. E em meio a esquecimento que bom é poder estender a toalha sobre a grama, num canto protegido sol e ali fazer uma refeição entre amigos.

Entre as tantas atrações do parque uma que me encantou, e as crianças também, foi esse xilofone em forma de espinha de peixe. Para cada espinha um pequeno sino que as crianças podiam badalar a vonttade. Não preciso explicar que esse foi um dia feliz e que essa é uma experiência que pretendo repetir. Afinal está na hora de viver um pouco mais fora de casa. A cada dia que passa as pessoas de nossa sociedade se trancam mais e mais. E queiramos ou não a vida está lá fora.

 
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sexta-feira, maio 27, 2011

Não me hospedo mais no Hotel Fazenda Boqueirão

Graças a um desses sites de compras coletivas consegui uma estadia num hotel fazenda de Lages a um preço bom numa época que considero muito adequada.O mês de maio é frio o bastante pra justificar um passeio no topo do planalto.

Saímos de Palhoça às 06:20 de 16/05 com 15ºC em direção a Tubarão. Lá saímos da BR-101 em direção a Serra do Rio do Rastro. A menor distância entre dois pontos pode até ser uma linha reta, mas não quer dizer que seja a mais divertida. A subida da serra foi tranqüila apesar chuva e da neblina. O que prejudicou bastante a vista das paisagens exuberante que o caminho tem.  A sensação que tínhamos era que estávamos a caminhos do céu numa estrada de nuvens.
Almoçamos no restaurante Snow Valley R$ 10,00 livre por pessoa. Comida caseira gostosa à beira da lareira e depois uma xícara de chocolate quente pra rebater.

O planalto é lindo com seus rios, fazendas, pedras, maçanzais e pinheiros. Os olhos não se cansam da paisagem. Aves e outros animais também ajudam a enriquecer a experiencia de quem se aventura pela região serrana.

O Hotel Fazenda Boqueirão apresenta uma bela estrutura e funcionários muito atenciosos. Passeios a cavalo, trilhas, pesca, quadra de tênis, futebol, piscina aquecida um bom salão de jogos e um passeio numa bandeirante transformada em micro ônibus. Num desses passeios pelo mato encontramos duas pinhas caídas. O nosso guia não perdeu a oportunidade e mostrou-nos como se faz uma sapecada de pinhão. Juntamos grimpas, galhos secos de araucária, debulhamos o pinhão. Joga o pinhão sobre a grimpa, cobre com mais grimpa e toca fogo. Deixa queimar, afasta as cinzas e come. Fica melhor que pinhão assado na chapa do fogão a lenha. Além de tudo ainda tínhamos ao nosso dispor a deliciosa culinária da região. Polenta, quirera, sopa campeira, entrevero, morcela escura, morcela branca, etc.


E tudo seria perfeito se o celular da minha esposa tivesse retornado conosco ao final da viagem no dia 18/05. Mas não foi o que aconteceu. Após fechar a conta fomos ao centro de Lages comprar pinhão para levar pra casa e abastecer o o carro. Nesse momento demos falta dos nossos celulares que ficaram um tanto esquecidos nessas férias. Encontrei o meu e comecei a ligar pro dela. Ele chamava, chamava e eu não conseguia ouví-lo nem nas malas ou em qualquer lugar do carro. Pensamento óbvio, ficou no hotel. Quando cheguei lá o celular já não chamava mais. Dizia que o telefone estava indisponível. Revirei o quarto e não encontrei o telefone. Expliquei o caso na recepção e fomos embora. Eu ainda acreditava que poderia estar dentro de uma das malas. Só no caminho me toquei que o celular estava chamando, mas quando chegamos no hotel ele estava desligado. Sendo que eu o carregara no dia anterior o desligamento não era por falta de bateria. Alguém o desligou. Ao chegar em casa liguei para o hotel expliquei novamente a situação e avisei que aguardava um retorno. Até o momento não ligaram nem mandaram e-mail. Se achassem eu gostaria de recebê-o de volta. Se não acharam um pedido de desculpas seria muito bem vindo.
Por essas e outras que digo não se hospedem no Hotel Fazenda Boqueirão.




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quinta-feira, maio 26, 2011

Lei obriga político a por filho em escola pública

Quem acompanha o Máquina de Letras sabe que não somos de falar muito de política, mas enfim apareceu uma proposta interessante. O senador Cristovam Buarque propôs um projeto de lei, clique aqui para vê-lo, que obrigaria todos os agentes públicos eleitos a matricularem os seus filhos em escolas públicas.
Considero a proposta ótima, pois assim aproximaria as pessoas, que podem decidir e que nos representam, de uma realidade que eles não tem a mínima ideia ou simplesmente ignoram.
Hoje mesmo mando um e-mail pros dois senadores de Santa Catarina cobrando uma posição sobre o assunto. Sei que isso não é muito, mas já é melhor do que não fazer nada. Para conseguir o endereço eletrônico dos dois é só clicar nos nomes deles que aparecem aí em baixo.

Paulo Bauer
Luiz Henrique da Silveira

Pessoal vamos espalhar a proposta, twitter, facebook, orkut e no boca-a-boca mesmo. Quem sabe se ela fizer muito barulho, talvez vá em frente. E não esqueça de cobrar dos senadores do seu estado.

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terça-feira, maio 24, 2011

Noturno I

E vem a noite, harmoniosa e densa.
A lua gorda pelo céu cintila.
Vaga um silêncio nessa noite imensa;
Vago poema na minha alma brilha.

Olho absorto a lua que condensa
A noite bela. Sobre mim desfila
Um rio de estrelas. Na penumbra intensa
Espelha a musa que respira e inspira...

A natureza divinal, perfeita,
Dorme no leito colossal do mundo.
Viúva, a noite, pelo céu se deita...

A lua passa sonolenta e calma.
E no meu peito canta um vagabundo,
E a noite passa a dormitar minh’alma...

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domingo, maio 15, 2011

Dia das Mães

Sim, eu sei. A data já passou. Mas nem por isso vamos deixar de homenagear as nossas mães por serem nossas mães. O primeiro texto que escrevi aqui foi sobre o Dia dos Pais em 2009 e fiz uma pequena e sincera homenagem ao meu pai. Destaquei o caráter dele. Agora é a vez da minha mãe ser homenageada neste espaço.

Assim como o meu pai, ela também possui um bom caráter. Observei muitas atitudes dela que me ajudaram a ser o que sou hoje. A vida dela não é nada fácil. Mãe de quatro filhos, sendo eu a primogênita com deficiência auditiva e a Débora, a caçula com Síndrome de Down. Ela abdicou de muitos sonhos para se dedicar integralmente aos filhos, enquanto o meu pai trabalhava duro. Afinal, ter quatro filhos não é moleza e eu e a Débora precisávamos de uma atenção e dedicação maior por parte deles. Poderia escrever muitas histórias dos dois, mas vou destacar apenas um fato envolvendo a minha mãe que me marcou muito.

Quando comecei a ir a escola e no primeiro dia de aula de cada ano, minha mãe falava sobre a minha deficiência auditiva para a professora. Esse gesto dela me deixava tranquila. “A professora sabe que eu tenho dificuldade, porque a minha mãe conversou com ela”, pensava. Quase sempre sentava na primeira fileira de carteiras. De preferência no canto da parede, pois eu era uma criança grandona. Adorava o primeiro dia de aula, principalmente por ver se eu teria novos coleguinhas ou se fulana ou fulano de tal iria ficar na minha classe. Mas eu ficava com medo de como seria a professora. Braba? Legal? Principalmente, fala baixo? Certo ano, minha mãe entrou na escola, deixou os meus irmãos em suas classes e me acompanhou para me levar onde seria a minha sala de aula. Identificada a sala, ela disse que era a hora de eu mesma falar com os professores sobre a minha deficiência. Afinal, agora eu tinha mais de um professor, ou seja, professor de cada disciplina. “Não, por favor, fala você. Não me deixe sozinha”, pedi e a segurei. Ela respondeu: “Você me viu fazer isso nos outros anos. Agora é a sua vez e precisa se virar sozinha”. E foi embora. Jamais esqueço essa cena. É como se tivesse perdido o meu colo e ela me pôs no chão para andar sozinha. Fiquei apavorada, desesperada e me sentindo um “bicho do mato”. Apesar de eu conhecer boa parte dos colegas, os professores quase sempre eram diferentes. E eles precisavam saber que eu tenho deficiência auditiva.

Pedi ajuda a Deus para vencer a minha timidez e me dar a coragem. Graças a Deus, eu consegui abrir a boca. Eu falei com cada professor antes ou depois da aula. Minha mãe me deu um belo pontapé a fim de eu assumir sozinha a minha vida. Nos anos seguintes, conseguia falar de mim aos novos professores. Para alguns, não precisei fazer isso, porque eram os mesmos do ano anterior. Se eram novos, alguns responderam: “Eu sei quem você é, porque os outros professores já me falaram da sua deficiência auditiva”. Ufa!

Obrigada, mãe, por me ajudar a combater a minha insegurança. Melhor dizer que eu estava ganhando mais segurança na minha vida. E também por outros muitos ensinamentos.

Lu Vieira

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sábado, maio 14, 2011

Alexandre Braga

“Ser criança é ser inquieto, dar piruetas no ar, pular corda, jogar pião, jogar bola, sem nada se preocupar”

Com essa frase, Alexandre Braga é o ganhador do livro “Uma história de Grande Porte”, de Roberta Fraga.

Agradecemos a participação de todos e pedimos perdão pelo atraso na divulgação do resultado do concurso. Gostamos de ler e refletir cada frase e foi difícil escolher a melhor. E pretendemos lançar mais concursos. Afinal, é uma boa maneira de haver interação, de conhecer o que pensa cada leitor e de estimular a criatividade de vocês que nos acompanham neste blogue.

Parabéns ao Alexandre e a todos que participaram da empreitada!

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quinta-feira, maio 05, 2011

A decisão de César - Steven Saylor


O autor é colaborador do canal de televisão History Channel, onde analisa questões sobre a política e a vida romanas.

Neste livro acompanhamos as aventuras de Gordiano, também chamado “O Descobridor”, no Egito do século I a.c. A personagem é um cidadão romano que atua como uma espécie de detetive particular, sendo o protagonista de uma série de nove livros, Roma Sub Rosa. Por isso ao longo da novela temos a impressão de que pegamos o bonde andando, o que não deixa de ser verdade. Mas isso não chega a atrapalhar a leitura, visto que, a história está completa em si. Mesmo com referência a fatos ocorridos em outros livros não há nada que comprometa o prazer desta leitura.

Gordiano, a esposa, um escravo forte e duas crianças escravas formam o núcleo familiar que sai de Roma para o Egito a fim de encontrar uma cura para a doença misteriosa que atinge Bethesda, a esposa do personagem principal.

Na mesma época chegam ao Egito, Pompeu e César. Generais romanos que disputam o controle do império. Nesse período o país encontra-se dividido em dois partidos. A turma do Ptolomeu e a turma da Cleópatra.

O destino faz com que o investigador seja envolvido nas disputas de poder dos reis e generais. Após presenciar o assassinato de Pompeu, Gordiano é acolhido na corte de Ptolomeu onde passa a acompanhar  a guerra travada entre os herdeiros do reino egípcio que se odeiam e ao mesmo tempo buscam desesperadamente o apoio de César e do seu exército. Além do poder no Egito os irmãos também disputam a pose do coração de César. Segundo o autor, o general gostava de meninos e meninas também.

Em meio a todas as intrigas palacianas ocorre um envenenamento e o principal suspeito é o filho adotivo de Gordiano, um jovem oficial que divide o leito com César e morre de ciúmes de Cleópatra. Quando as investigações levam o livro para uma solução óbvia, o autor arma uma reviravolta para nos prender até o final do volume. Apesar do final de novela das oito, o livro agrada pelo contexto histórico, apresentação de Alexandria e pelo mistério do assassinato.

Recomendo como leitura leve e prazerosa. Além de conhecer um pouco mais de história romana e também do caráter das multidões egípcias, tão evidentes nos eventos políticos nesse ano de 2011.



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